TikTok vai abrir dois centros de dados na Europa. Estará Portugal entre os escolhidos?

O TikTok, plataforma de vídeos de curta duração, anunciou detalhes sobre o projecto Clover, que visa introduzir novas medidas para melhorar a protecção de dados, e vai abrir dois centros de dados europeus na Irlanda e Noruega.

 

A rede social, detida pela chinesa ByteDance, tem sido alvo de interdição da sua aplicação em dispositivos profissionais, quer nos Estados Unidos, quer na União Europeia (UE), por questões de segurança.

Hoje, a plataforma anunciou mais detalhes sobre o projecto Clover, através do qual «irá introduzir uma série de novas medidas para melhorar as actuais protecções de dados», refere em comunicado.

«Com base na abordagem de segurança de dados implementada nos Estados Unidos da América, o TikTok irá melhorar os controlos de acesso aos dados, com a introdução de portais de segurança que determinam o acesso dos colaboradores aos dados de utilizadores britânicos e europeus da plataforma, e transferências de dados de utilizadores europeus. Qualquer acesso aos dados não só cumprirá as leis de protecção de dados relevantes, como também terá de passar primeiro pelos referidos portais de segurança e verificações adicionais», adianta o TikTok.

Para ter uma supervisão e verificações independentes, «o TikTok anunciou também a escolha de um terceiro parceiro europeu para a segurança de dados, que supervisionará e auditará os controlos e protecção de dados, monitorizará os fluxos de dados, providenciará verificação independente e comunicará incidentes», acrescenta.

O Tiktok, que «irá ainda trabalhar com terceiros na incorporação das mais recentes tecnologias avançadas de melhoria da privacidade na sua abordagem», confirmou que, além do centro de dados europeu em Dublin, anunciado em 2022, vai abrir um segundo naquela capital e um terceiro na região de Hamar, Noruega.

«Este último será gerido a 100% com energia renovável», salienta o TikTok.

A rede social «começou já a armazenar dados europeus dos utilizadores na Irlanda e continuará este trabalho durante este ano de 2023 e até 2024», sendo que, «uma vez concluídos, os três centros de dados serão os locais padrão de armazenamento dos dados dos utilizadores europeus do TikTok, com um investimento total anual de 1,2 mil milhões de euros», indica a plataforma.

«Uma equipa interna tem estado dedicada a trabalhar no projecto Clover desde o ano passado e a implementação destas medidas inovadoras e líderes da indústria continuará ao longo deste ano e até 2024», lê-se no comunicado.

O projecto Clover «reforça o nosso compromisso de longa data com a segurança dos dados na Europa e irá garantir a protecção e segurança de dados líder na indústria da nossa comunidade europeia, que conta com 150 milhões de habitantes», afirma Theo Bertram, vice-presidente de políticas públicas e relações governamentais do TikTok, citado no comunicado.

«De certa forma, entendemos que o debate pode ser mais político» nos Estados Unidos, mas «aqui na Europa temos regras muito fortes» a um nível europeu e nacional «que respeitamos», afirmou Giacomo Lev Manheimer, head of government relations and public policy, southern europe (responsável pelas relações com o governo e políticas públicas para o sul da Europa) do TikTok em entrevista à Lusa.

«Por isso não vemos que [a suspensão pela Comissão Europeia] esteja nesse quadro de regras, acima de tudo vemos isso como uma decisão política que vai muito além das regras e respeito pelas regras» europeias, referiu o responsável.

Giacomo Lev Manheimer disse que o TikTok desconhece a «razão por trás da decisão» da Comissão Europeia, um processo que considera «estranho», mas está «confiante» de que tudo se irá resolver.

«Gostaria de enfatizar o quanto ficámos surpreendidos [com a decisão], foi completamente inesperado, tendo em conta que o nosso CEO [presidente executivo] esteve em Bruxelas apenas há algumas semanas [em Janeiro], reunindo-se com todos os comissários relevantes e ninguém levantou qualquer preocupação sobre a cibersegurança ou riscos de privacidade», afirmou.

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