Todos devemos voltar a um lugar onde fomos felizes

Por Vera Vicente, directora de Recrutamento e Outsourcing da Wondercom

A velocidade com a qual o nosso mercado de trabalho tem evoluído é enorme. Quer pelo surgimento de novas empresas e pela vinda de grandes multinacionais para o nosso país, quer pela democratização que o trabalho remoto trouxe, em oportunidades que antes só estavam acessíveis fora de fronteiras.

Todos os dias somos surpreendidos com mais uma nova empresa, com mais um projecto interessante ou com um novo sector de actividade que não existia antes.

Esta dinâmica tem aumentado a rotatividade entre empresas e tem desconstruído aos poucos a ideia de um emprego para a vida, dando maior relevância a conceitos como felicidade e realização no trabalho.

O espírito das gerações mais jovens que entraram no mercado de trabalho e que têm um conceito de maior desprendimento face ao emprego, conjuntamente com a estabilidade actual do mercado de trabalho e com o consequente facto de existir uma elevada oferta de trabalho, têm sido os principais factores a contribuir para esta rotatividade.

Com toda esta nova dinâmica, temos também assistido a um novo fenómeno, os colaboradores boomerang. Este fenómeno prende-se com o regresso às empresas das quais saíram após um período, nem sempre longo noutra empresa.

Neste cenário, é importante reflectir sobre o que nos leva a regressar a uma empresa. Ao pensarmos neste ponto, não poderemos deixar de reflectir, em primeira instância, no que motivou a nossa saída.

Desde um convite inesperado para uma oportunidade interessante, a uma oportunidade de crescimento profissional, quando na empresa actual prevemos alguma estagnação, estes são alguns dos motivos que, mesmo estando numa organização que nos reconhece e onde nos sentimos bem, nos podem motivar a sair.

Contudo, cada vez mais é importante reflectir sobre essa saída e garantir que, mesmo em momentos como o de saída, a atitude profissional está presente sempre.

O processo de tomada de decisão de regresso a uma empresa onde já trabalhámos deve envolver uma reflexão sobre o que nos motiva a regressar, de modo a garantir que regressamos com motivação e interesse renovados.

Enquanto empresa, este novo comportamento deve ser visto como uma oportunidade. Por diversos motivos a retenção de colaboradores tem os seus desafios e é impossível garantir a retenção de todos, ou pode até não ser estratégico, em dado momento.

Por esse motivo, a existência deste comportamento favorece as empresas em determinadas circunstâncias. As empresas devem fazer um acompanhamento do colaborador pós-saída para que, quando oportuno e positivo para ambas as partes, possa acontecer o regresso.

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