Trabalho temporário está em recuperação em Portugal

A APESPE-RH – Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego e de Recursos Humanos – e o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, divulgaram os resultados do Barómetro do Trabalho Temporário relativos aos meses de Julho, Agosto e Setembro de 2021. Destaca-se a recuperação de 8% face ao trimestre anterior e de 27% em relação ao período homólogo em 2020.

 

Entre as principais conclusões do estudo destaca-se:

– Verifica-se um crescimento nas colocações de trabalho temporário no 3.º trimestre face aos mesmos meses de 2020, com mais 9800 pessoas em Julho (+42%); 7500 em Agosto (+30%) e 4300 em Setembro (+14%).

– No total, o aumento no número de colocações no 3.º trimestre de 2021 face ao mesmo período do ano anterior foi de +27% (78 880 em 2020 vs 100 480 em 2021). Existe também no 3.º trimestre uma melhoria de +5% e de +8% relativamente às colocações do 1.º trimestre (96 099) e 2.º trimestre (92 847) deste ano, respectivamente.

– O Índice do Trabalho Temporário (Índice TT – que se calcula através do rácio entre o número de pessoas colocadas num mês e no mesmo mês do ano anterior) diminuiu progressivamente no 3.º trimestre (1,42 em Julho; 1,30 em Agosto e 1,14 em Setembro). De realçar que o decréscimo observado a partir de Junho, após um crescimento progressivo desde Janeiro, coincide com os meses do ano passado nos quais se começou a verificar uma recuperação após o período de confinamento.

– Relativamente à caracterização dos trabalhadores temporários, verifica-se uma pequena descida da contratação de trabalhadoras do género feminino, de Julho (44,5%) para Agosto (43%), mas com uma recuperação em Setembro para 45%.

– Ao nível da distribuição etária, verifica-se que há um ligeiro aumento da idade média dos colocados em Julho (52,6%) face a Junho (+0,8 pontos percentuais). Este grupo também aumenta em Setembro, com 52,3% das pessoas acima dos 30 anos, após diminuir em Agosto (51,7%), quando se verificou mais contratação de jovens.

– O ensino básico mantêm o nível de escolaridade predominante nas colocações efectuadas (67,6% em Julho, 67% em Agosto e 67,2% em Setembro). Segue-se o ensino secundário (cerca de 25%) e a licenciatura (aproximadamente 6%).

– As empresas de “Fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis” continuam a ser as que mais recorreram ao trabalho temporário no 2.º trimestre de 2021, mas continuam a baixar em relação aos trimestres anteriores: 9,3% em Julho, 9,1% em Agosto e 8,6% em Setembro (2.º trimestre entre 13% e 10% e 1.º entre 16% a 14%). As empresas de “Fornecimento de refeições para eventos e outras actividades de serviço de refeições” assumem o 2.º lugar, com cerca de 7% (apesar de ligeira quebra em Agosto para 4%).

– Na distribuição do trabalho temporário por principais profissões, no 3.º semestre de 2021 destacam-se os “Empregados de aprovisionamento, armazém, de serviços de apoio à produção e transportes” (cerca de 21% em Julho e Agosto). Em Setembro, esta categoria foi ultrapassada por “Outras profissões elementares” (22,5%). Em terceiro lugar, estão os “Trabalhadores qualificados do fabrico de instrumentos de precisão, joalheiros, artesãos e similares” (entre 11%-12%).

Afonso Carvalho, presidente APESPE-RH), faz notar que «a contribuição do Trabalho Temporário para a contratação de trabalhadores com menor nível de qualificações académicas, nomeadamente o ensino básico, assim como trabalhadores de faixas etárias mais elevadas, continua a ser evidente no barómetro. É essencial a integração destes colaboradores no mercado de trabalho e a aposta, que é feita, na formação e qualificação.»

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