Três factores-chave que (não parece mas) provam que o mundo do trabalho não está assim tão mal

O mundo está a ficar melhor ou pior? Dados relativos à educação e ao equilíbrio vida pessoal e profissional dão alguma esperança, avança a Euronews Next, que analisou o “Our World in Data”, uma publicação científica online da Universidade de Oxford focada na quantificação e análise de problemas globais.

 

A literacia aumentou

De acordo com dados da gestora francesa Sodexo, passamos em média cerca de 30% da nossa vida a trabalhar, o que equivale a 90 mil horas de vida no trabalho. Por desanimador que possa parecer, os trabalhadores têm, em 2022, mais poder e influência do que alguma vez tiveram.

Nos últimos dois séculos, a melhoria no acesso à educação deu às pessoas um poder especial: literacia. Definida pela UNESCO como a “capacidade de ler e escrever um pequeno texto sobre a sua própria vida”, é hoje competência obrigatória para conseguir um emprego e uma das ferramentas-chave para medir o nível de educação das populações. Pode parecer básico, porém até à Idade Média ser capaz de ler e escrever era um privilégio reservado apenas a uma minoria com poder.

 

As horas de trabalho diminuíram

Os dados realçam uma outra mudança positiva na forma como trabalhamos. O stress já faz parte do léxico diário e é comum a todos, mas se olharmos para o número de horas de trabalho e as compararmos com as gerações anteriores podemos ficar surpreendidos.

Em muitos países, as pessoas trabalham menos do que há 150 anos.

Em países com economias industrializadas como França, Bélgica, Reino Unido e Alemanha, as horas de trabalho diminuíram significativamente. Em 1870, trabalhadores destes países trabalhavam mais de 3 mil horas/ano, o que equivale a 60-70 horas por semana durante 50 semanas por ano, segundo consta no “Our World in Data”. Olhando para hoje, esta carga horária diminuiu para quase metade. Na Alemanha por exemplo, a carga anual desceu mais de 60%, de 3284 horas em 1870 para 1354 horas em 2017.

Nos países onde as cargas anuais não diminuíram tão substancialmente, surgiram outros benefícios como férias, baixa por doença, ou reforma antecipada, que reduziram as horas de trabalho.

 

Há mais mulheres na força de trabalho

Apesar de a situação ainda não ter alcançado o ponto de equilíbrio, as desigualdades económicas entre homens e mulheres diminuíram comparativamente a algumas décadas atrás.

Não esquecendo que o direito de voto para muitas mulheres surgiu na segunda metade do século XX (em Portugal, foi removida qualquer discriminação em função do sexo no direito de voto em 1968), o aumento da participação feminina na sociedade e especialmente na força de trabalho foi um dos maiores desenvolvimentos económicos do século passado.

Na maioria dos países, independentemente do nível de rendimento, a participação feminina do mercado de trabalho é superior hoje do que há algumas décadas. Curiosamente, o Our World in Data revela que a maior parte do crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho no último século se deve especificamente ao aumento da participação das mulheres casadas.

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