Tudo está a, e vai, mudar. Tudo? Sim, tudo!

Por Ricardo Florêncio

 

Vivemos num mundo em cada vez maior e mais rápida evolução. Com a tecnologia a marcar e a influenciar a nossa vida. É incontornável. A tecnologia está aí, a afectar todas as dimensões do nosso dia-a-dia, e também do trabalho e da vida nas empresas. Já não é uma promessa do futuro, é presente, mas ainda só conseguimos vislumbrar o início das suas potencialidades: aumento de produtividade, eliminação de tarefas repetitivas, novas formas de trabalhar, novas competências, novas organizações, novas estruturas.

Os dados, os gigas, teras, peta, exabytes de dados, são o elo mais forte desta equação. Mas… e as pessoas? Os afectos têm lugar entre as variáveis desta equação? Claro que têm, terão de ter, é obrigatório que tenham.

E logo essa insistência permanente nesta obrigatoriedade lança uma série de alertas.

Num mundo cada vez mais intolerante e impaciente, é óbvio que a atenção às pessoas, a empatia, vai marcar a diferença.

Mas num mundo também cada vez mais voltado para resultados, quase imediatos, onde fica a fronteira entre algoritmos e afectos? O equilíbrio é possível? Teremos de sacrificar uns pelos outros?

Esta pergunta não deveria ser feita, pois uma é parte complementar da outra. Mas no mundo imediato de hoje, faz-se! E várias vezes: Quem, e quanto, está pronto a abdicar de um lado da equação para dar mais ao outro?

Quando pensamos mais aprofundadamente nestes temas, apercebemo-nos de tudo o que está a mudar nas empresas e nas organizações. Mais depressa, ou mais devagar, tudo está a, e vai, mudar. Tudo? Sim, tudo. Até o tema dos afectos vai mudar.

Analise-se o caso das lideranças. Como vão ser? Como se vão comportar? Como fazem, elas próprias, o equilíbrio entre a pressa e a exigência de resultados, e o tempo para dedicar às pessoas? E de que tipo de pessoas vamos necessitar? E quando falamos de competências, quais aquelas que são, ou vão ser, mais valorizadas pelas empresas: as técnicas ou as humanas?

Assim, quando perguntam se vai mesmo tudo mudar, a resposta é clara: sim, vai mesmo tudo mudar.

Editorial publicado na revista Human Resources nº 178, de Outubro de 2025

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