Turismo em Portugal já tem mais de 11 mil empregos exclusivamente para refugiados ucranianos. Mas a oferta pode ascender a 50 mil

O turismo quer ser uma das principais vias de acesso ao emprego para os refugiados ucranianos que cheguem a Portugal fugidos da guerra no Leste Europeu. O problema da falta de mão-de-obra no sector tem vindo a escalar no pós-pandemia e as necessidades vão aumentar, o que se pode traduzir num alargado leque de oportunidades laborais para ucranianos que venham a residir em Portugal, destaca o Dinheiro Vivo.

 

«Neste momento, temos uma carência, no sector do turismo, de 40 a 50 mil postos de trabalho», refere a secretária de Estado do Turismo em declarações ao Dinheiro Vivo. Rita Marques quer que estas vagas possam estar inteiramente disponíveis para os cidadãos ucranianos que procurem emprego no país.

As empresas começaram já a inserir as ofertas de trabalho na nova plataforma criada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), uma bolsa de emprego dirigida exclusivamente aos refugiados. Lançada há cinco dias, soma já 11 503 ofertas de trabalho.

«Existe uma enorme diversidade de profissões pretendidas, sendo que os principais sectores com ofertas de emprego colocadas são tecnologias de informação, transportes (motoristas), restauração e hotelaria, sector social e construção civil», explica o Ministério do Trabalho ao Dinheiro Vivo.

Rita Marques garante que está a ser feito um trabalho de sensibilização junto das empresas para que acedam à plataforma e migrem as vagas, que já existiam, para este local.

«Muitas já estavam nas bases de dados do IEFP. Agora, o que se impõe é verificar se essas vagas podem estar também abertas a cidadãos estrangeiros, neste caso, ucranianos», indica. Uma semana após o início do conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, e numa altura em que a Organização das Nações Unidas (ONU) estima já a fuga de um milhão de refugiados da Ucrânia para outros países da Europa, o governo português apressou-se a aprovar um programa de apoio que visa facilitar a integração dos refugiados no país. O Conselho de Ministros extraordinário, reunido no passado dia 1 de Março, aprovou uma resolução que concede proteção temporária a pessoas deslocadas da Ucrânia permitindo-lhes o acesso aos números de identificação fiscal (NIF), de Segurança Social (NISS) e número de utente do Serviço Nacional de Saúde.

No início da semana, o executivo referiu ter, para já, capacidade para acolher 1245 pessoas, número que, entretanto, já admitiu rever.

De acordo com a publicação, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) mostra-se de porta aberta para «agilizar a absorção e o enquadramento socioprofissional destes refugiados». «A disponibilidade [para receber ucranianos] é total. A preocupação não é a mão-de-obra em si, é acolher pessoas que vêm nessa situação tão frágil. Estamos completamente disponíveis para poder acolhê-las e, designadamente, com esta situação do emprego, podendo oferecer-lhes as condições para trabalhar na hotelaria», explica Cristina Siza Vieira.

A vice-presidente executiva da AHP recorda que «as necessidades da hotelaria não têm sido satisfeitas» e, por isso mesmo, «haverá uma disponibilidade grande a imensos níveis de trabalho». A lista de funções em aberto é extensa. «Desde a parte mais tecnológica – como são exemplo as profissões de revenue manager, técnicos de manutenção ou de marketing. Também o trabalho mais administrativo e trabalho indiferenciado como o housekeeping, empregados de mesa e de copa ou apoio na cozinha. Há falta a todos os níveis», enquadra.

A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) está igualmente a incentivar os seus associados a procederem ao registo das ofertas de trabalho na plataforma do IEFP e acredita que estes trabalhadores serão uma mais-valia para o sector.

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