Valantic BT. Valorizar, antes de mais, quem está dentro de “casa”

Em 2023, passaram a ser valantic BT e inauguraram novas instalações em Matosinhos. O nome mudou, mas os valores permanecem os mesmos, entre eles, promover o bem-estar individual, que depois se reflectirá no colectivo. E isso faz-se com flexibilidade e capacitação.

 

Por Tânia Reis

 

O processo de integração da Abaco Consulting, empresa de consultoria digital e software, no grupo alemão valantic começou em 2021. A transição só aconteceu, formalmente, em Novembro passado, contudo Maria João Oliveira, directora de Recursos Humanos da valantic BT, assegura que «foi efectuada de forma gradual ao longo do tempo», permitindo a todos os colaboradores assimilarem «a cultura, através da concretização de acções, desde a comunicação externa e interna», passando por eventos em que toda a organização teve oportunidade de participar.

Ainda assim, a ligação emocional à Abaco é inevitável, «sobretudo nos colaboradores mais antigos, pois muitos acompanharam o nascimento, a infância e a adolescência da Abaco» salienta. «Dezanove anos marcam, naturalmente, uma identidade.» Identidade essa que, na sua essência, se mantém. «A forte cultura de valores da nossa origem permanece inalterável. E os colaboradores sabem e contribuem para isso», garante. Não obstante, e adaptando-se à dinâmica de mudança que o mundo cada vez mais exige, os colaboradores reconhecem «o valor que a integração no Grupo valantic traz para a organização, com o consequente impacto no crescimento e valorização de cada um, a nível individual».

O ano de 2023 fica também marcado pela inauguração de um novo escritório em Matosinhos, mais orientado para um modelo de trabalho colaborativo, e que espelha não só «a flexibilidade já existente na organização», mas também «a realidade actual, pós-pandemia, que veio alterar alguns paradigmas», reconhece a directora de Recursos Humanos. O modelo de trabalho remoto passou a «proporcionar o melhor de dois mundos aos colaboradores das áreas cujas actividades o permitem, sendo a consultoria informática uma delas».

Assente numa cultura que «sempre se baseou na criação de relações com todos os envolvidos na actividade», na valantic BT acreditam que o modelo híbrido é o que melhor se adequa à sua realidade, não só pelo impacto positivo que tem na vida das suas pessoas, como também pela própria natureza da actividade de consultoria, que requer modelos de trabalho em vários ambientes, seja no cliente, em casa ou no escritório. «Essa presença no escritório será, em muitos casos, mais produtiva se concretizada em momentos colaborativos», defende Maria João Oliveira. Daí terem concebido «vários espaços para trabalho em equipa e de lazer; zonas em openspace; e phone booths para realização de videochamadas 1:1». Nesse sentido, recomendam aos colaboradores que «venham trabalhar para o escritório duas vezes por semana, orientados pelos respectivos responsáveis».

Actualmente, dos 150 colaboradores em Portugal (mas que «podem trabalhar em qualquer dos escritórios valantic existentes no mundo»), 81% têm qualificação superior. Além do encontro de várias nacionalidades, verifica-se um equilíbrio de gerações responsável. «Temos quase tantas pessoas da geração X quanto de millennials, havendo ainda – e acreditamos que cada vez mais – uma menor percentagem da geração Z.» Tal permite-lhe uma fusão de divergências e convergências, que acredita trazer um valor acrescentado para toda a organização, a vários níveis.

Além da flexibilidade, que incentiva a conciliação da vida pessoal e profissional e é o factor mais valorizado pelos colaboradores, a valantic BT disponibiliza outros benefícios, como «um seguro de saúde, para que os colaboradores – e agregado familiar – possam ter cuidados de saúde quando deles necessitem, com melhores condições» e «até quatro dias “extra” de férias, com base na antiguidade e por altura da época natalícia». Promovem também eventos internos, que lhes permite «perceber, desde logo pela enorme adesão por parte dos colaboradores, que têm um impacto muito positivo no seu bem-estar individual, reflectindo-se depois no colectivo».

 

O talento nacional
Entre os perfis especializados, com competências de SAP, e a língua inglesa obrigatória, a valantic BT continua a reforçar a sua equipa, até porque há «efectivamente muito talento em Portugal», afirma Maria João Oliveira. No entanto, «a “guerra do talento” – que não é de agora – tem sido uma realidade também para a área tecnológica». E aponta «a atractividade da oferta salarial financeira, sobretudo das empresas multinacionais que se instalam no nosso país» como um dos principais motivos.

Para contornar esse obstáculo, valorizam o que têm “dentro de casa”, «tentando tornar a experiência de cada colaborador a melhor possível, sabendo, de antemão, que a satisfação “universal” de toda a organização nunca se concretizará; nem da mesma forma nem na mesma proporção para cada um, atendendo à individualidade, características e necessidades próprias de cada pessoa».

Não obstante, Maria João Oliveira defende que a Gestão de Pessoas deve começar por «algo que nos liga a todos»: o objectivo da empresa, e, «a partir desta necessidade colectiva, adaptar-se o melhor possível às necessidades individuais e à arte de saber-se lidar uns com os outros em prol de algo comum que representa o sucesso de todos».

Além de um programa de referenciação interna, a valantic BT está a criar centros de excelência para o desenvolvimento de competências digitais, os quais permitirão potenciar o trabalho em ambiente internacional, «mas também desenvolver competências mais raras no nosso país, que podemos aplicar no mercado português, e assim proporcionar uma oferta diferenciada na nossa esfera nacional». A «elevada competência em muitas áreas, nomeadamente a tecnológica », e universidades «consideradas das melhores a nível europeu e até mundial» colocam Portugal «num patamar altamente atractivo para a criação de nearshores, atendendo igualmente ao facto de o nosso custo ser inferior ao praticado na Europa central».

 

Os grandes desafios
«Conseguir que as pessoas trabalhem verdadeira e consistentemente em equipa » é o grande desafio na área da gestão de Recursos Humanos, identifica Maria João Oliveira. «Para tal, é necessário que os papéis sejam bem desempenhados: o do líder e o do liderado», daí defender que o desenvolvimento e a capacitação dos líderes devem ser trabalhados continuamente em qualquer organização. Mas identifica outros desafios, como a capacitação de talento interno da organização, que promover o desenvolvimento dos colaboradores e «desbloqueia lacunas de competências», o que contribuindo para «combater a dificuldade na aquisição externa de talento».

«A inteligência artificial e a panóplia de temas que surgem a partir daqui é algo que as organizações estão já a explorar», ainda que devam ser cautelosa e sensatamente utilizadas, alerta. Também, «e sempre com o fito de um caminho digno para a humanidade», os temas da sustentabilidade continuarão a prevalecer, «não só pela sua necessidade universal emergente, como também pela valorização real que as últimas gerações têm vindo a demonstrar pelo tema. Empresas sustentáveis chamam a atenção, sobretudo de jovens com visão de futuro», acredita a directora de Recursos Humanos.

Não menos importante é a sensibilidade para a saúde mental, que deve acompanhar a vida das organizações, «numa era em que a pandemia veio incrementar em larga escala fragilidades humanas que, inevitavelmente, se reflectem em todas as esferas». Por isso, «cabe também cada vez mais às empresas este papel de, primeiramente, desmistificar o tema, e de estarem atentas e apoiar quando necessário».

A confiança dos próprios profissionais de Recursos Humanos, que «deve ser elevada ao seu expoente máximo», é outro desafio apontado por Maria João Oliveira. «Estamos no centro das atenções, por todas as alterações e novos paradigmas que a pandemia acelerou e pela consequente delegação de “comando”, que muitas organizações passaram a conferir aos seus profissionais de RH.» Como tal, está convicta de que esta «área deve apostar em ferramentas adequadas ao seu nível de exigência e contributo estratégico, no sentido de potenciar o sucesso da organização».

Para o futuro próximo, com os rápidos avanços tecnológicos, a responsável prevê que «a automação e a inteligência artificial, as ferramentas de analytics, o e-commerce » e a dispersão dos locais de trabalho pelo mundo, com o trabalho remoto e horários fluídos», serão algumas das principais áreas que terão um grande impacto nos processos, modelos e visão do trabalho.

 

Este artigo foi publicado na edição de Fevereiro (nº. 158) da Human Resources, nas bancas. 

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