Vão ser estas as prioridades dos líderes este ano (e são diferentes entre os mais sénior e os mais jovens)

Um em cada cinco líderes tem como principal prioridade para 2023 uma liderança mais humanista, um maior foco no bem-estar, a promoção de um ambiente de trabalho mais justo e transparente, potenciando o desenvolvimento das competências profissionais de cada colaborador. Esta é a principal conclusão revelada na primeira edição do Boyden Leadership Trends, um estudo conduzido à escala global e coordenado pelo Centro de Excelência da Boyden, sobre tendências de liderança.

 

O estudo destaca sete tendências de liderança para 2023, surgindo em primeiro lugar da tabela como a principal prioridade dos inquiridos, a tendência “Human-Centered Leadership”. Quase metade dos inquiridos identificou esta como a sua principal prioridade para este ano. São os líderes mais jovens e em empresas de pequena e média dimensão (50,1%), quem dá mais importância ao investimento em práticas de liderança mais humanistas, quando comparado com líderes em grandes organizações (34,4%).

Para alcançar esta meta, os líderes referem que será importante investir em processos mais personalizados de desenvolvimento, como o coaching e a mentoria; no desenvolvimento de uma liderança mais empática e autêntica, e no reforço das relações interpessoais e redes de colaboração; e, ainda, na criação de um ambiente psicologicamente seguro dentro da organização.

A tendência “Freedom-Centric Culture” destaca-se na segunda posição em termos de prioridade para 2023. Neste tópico, pressupõe-se a aposta numa liderança que inspire e encoraje a implementação de formas de trabalho que se adequem aos diferentes estilos de vida e expetativas profissionais e que contribuam para o sucesso de cada colaborador.

Quase 70% dos líderes inquiridos no estudo consideram que a estratégia mais eficaz para conseguir implementar e desenvolver uma cultura de liberdade de escolha, passa por ter líderes que promovam uma cultura de responsabilidade individual; e que invistam em ferramentas e processos que promovam a colaboração, a comunicação e o trabalho remoto.

Em terceiro lugar, os inquiridos apontam a tendência “Beyond Resillience”, ou seja, a capacidade de aproveitar os desafios para se diferenciar da concorrência, através de uma maior agilidade e capacidade de adaptação. Cerca de 70% dos líderes refere que é importante melhorar a comunicação e a colaboração, promover equipas autónomas e descentralizar as decisões (56,9%); criar um modelo organizacional e de gestão que promova agilidade (42,5%) e, ainda, promover uma cultura de tolerância ao erro (31,7%).

A maioria dos líderes acredita que as organizações já dispõem de ferramentas e práticas de liderança que apoiem a implementação destas medidas, sendo que neste caso, os mais optimistas são os líderes de regiões como a China e Singapura.

Cerca de 10% dos inquiridos identificou a aprendizagem de alto impacto e valor acrescentado como a sua principal prioridade, aparecendo a tendência “Impact Learning” como a quarta tendência de liderança para 2023. O desenvolvimento de programas de coaching e mentoria personalizados e o reforço de competências técnicas e relacionais, são algumas das soluções apontadas pelos líderes para obter maior valor acrescentado e impacto dos investimentos efectuados na área do desenvolvimento.

A quinta tendência de liderança “People-Technology Link”, surge como um objectivo transversal às lideranças, e essencial para assegurar a competitividade e o sucesso dos negócios numa era de transformação digital. De acordo com o estudo, as estratégias que mais contribuem para a fluência digital são: o acesso e incentivo de ferramentas de comunicação e colaboração digitais, o treino e capacitação em competências tecnológicas e a atracção e desenvolvimento de líderes com competências digitais.

Em sexto e sétimo lugares, surgem duas tendências relacionadas com políticas de ESG e DEI – “Responsible Businesses” e “Diverse Leadership Bench”, respectivamente. Segundo o estudo, os líderes acreditam na importância de assumir posições de responsabilidade perante um vasto leque de stakeholders, promover a transparência e o propósito com um grande foco na sustentabilidade social, ambiental e financeira, bem como a promoção de uma liderança mais inclusiva.

Um número significativo de inquiridos considera prioritário desenvolver negócios de forma responsável e com um impacto positivo na sociedade e no mundo. Neste caso, são os líderes seniores, provenientes de empresas de grande dimensão da Europa e América do Norte, quem dá mais importância a estas práticas de liderança.

Entre as estratégias que mais contribuem para a sustentabilidade e responsabilidade dos negócios está a capacidade de envolver os colaboradores no propósito da organização, e capacitá-los para comportamentos e práticas éticas e de responsabilidade social.

O estudo mostra ainda que 9,4% dos inquiridos, em particular líderes mais seniores, assinalou como sua principal prioridade para o próximo ano a promoção da diversidade e de uma cultura mais inclusiva, vendo estas políticas como basilares para o sucesso do seu negócio.

No entanto, mais de 60% dos inquiridos refere que há uma escassez de urgência e de promoção destas políticas por parte da liderança de topo, e, ainda, pouco entendimento sobre os benefícios destas práticas, uma fraca aposta na formação sobre as mesmas, e um desajuste das métricas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).

O relatório Boyden Leadership Trends foi conduzido durante o primeiro semestre de 2022, e contou com um total de 463 contributos de líderes em funções de CEO, Conselhos de Administração, Talento e RH por todo o Mundo, dos quais 42,7% da América do Norte, 30% da Europa e 17,1% da China e Singapura. Deste grupo, 56% homens, 42,9% mulheres e 1,1% que preferiu não se identificar.

Em termos de sectores, as respostas recolhidas somam 16,2% do sector das telecomunicações, 14,9% de serviços profissionais e 12,7% dos sectores da energia, recursos e indústria, e os restantes cerca de 56,2%, do sector do consumo, serviços financeiros, cuidados de saúde e ciências da vida, Governo e serviço públicos, educação, desporto, artes, cultura e entretenimento.

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