Entrevista a Joana Piteira, Alerta Emprego: «Queremos ajudar a superar a actual escassez de talento»

A primeira edição da feira de emprego Job Summit IT, promovida pelo Alerta Emprego, realiza-se a 18 de Maio, em formato 100% virtual. Com o evento pretende-se responder à actual escassez de talento no sector da tecnologia, como revelou em entrevista à Human Resources Joana Piteira, general manager do Alerta Emprego. 

Por Sandra M. Pinto

 

Focado agora neste sector, o Job Summit IT surge após o sucesso de edições anteriores dirigidas a outras áreas. Ligando milhares de profissionais da área a empresas, o evento vai permitir às organizações interagirem com os profissionais através de salas de chat, onde podem realizar entrevistas de emprego, stands virtuais, webinars, entre outros momentos e espaços de contacto.

 

O que é e quais são os objectivos do Alerta Emprego?

O Alerta Emprego é um portal online que reúne centenas de ofertas de emprego e ajuda empresas e candidatos no seu processo de recrutamento. Desta forma, tanto gratuitamente, como através de uma subscrição, empresas, dos diversos setores e que actuam em todo o território, podem partilhar com a nossa comunidade as suas vagas em aberto, para os mais diversos perfis e tipo de candidatos.
Desde a nossa fundação, em 2013, que os nossos objectivos são variados. Primeiramente, queremos ser cada vez mais a ponte entre profissionais e as empresas, facilitando a sua relação. No que respeita aos primeiros, pretendemos ajudá-los a encontrarem as melhores oportunidades profissionais, bem como a prepararem-se para se candidatarem e apresentarem-se ao mercado da melhor forma. Para isso, temos como base a constante partilha de informação que lhes seja relevante, nomeadamente, através do nosso blogue e redes sociais. Além disso, temos ainda um site destinado a que os candidatos possam desenvolver os seus currículos de forma gratuita, ajustando-os ao formato que as empresas hoje procuram.
No que respeita às empresas, ajudamo-las a encontrarem os melhores candidatos, facilitando o seu processo de recrutamento e de atração de profissionais. Nesse sentido, além da vertente de partilha de anúncios no nosso site, dinamizamos os Job Summit, feiras de emprego tanto generalistas como segmentadas a um determinado sector que ligam milhares de recrutadores e profissionais. Temos também o nosso serviço de Employer Branding para as empresas, em que realizamos material de vídeo para sua divulgação. A estes, junta-se ainda a “Finders”, serviço que as empresas podem contratar e em que tratamos de todo o seu processo de recrutamento, desde a análise de candidaturas às entrevistas aos profissionais.
Tendo em conta estes e outros serviços, temos como objectivo a médio e longo prazo continuar a crescer a nível de marca e também a inovar, sendo mais do que um portal com centenas de ofertas, mas sim indo ao encontro das diferentes necessidades do mercado e dos profissionais, através da criação de novas iniciativas. Para isso, acompanhamos constantemente o que as empresas procuram, que profissionais estão em falta nas organizações ou que tendências de recrutamento estão a surgir, entre muitos outros aspectos.
Por fim, queremos crescer cada vez mais no mercado nacional, chegando a mais candidatos e tendo no nosso portal mais empresas que estejam a recrutar, bem como aumentar o número de candidaturas diárias, nomeadamente retornando aos valores pré-pandemia.

 

Como surgiu a ideia de fazer o Job Summit IT?

O Job Summit IT surge precisamente ao identificarmos uma grande dificuldade das empresas em recrutarem os profissionais que mais precisam neste sector, sendo que decidimos criar este evento para as ajudar a contornar este desafio.
Assim, a primeira edição do Job Summit nasce para potenciar o contacto entre profissionais e empresas, como uma nova ferramenta de apoio ao seu processo de recrutamento, que é adaptada às suas necessidades. Assim, vemos no Job Summit uma oportunidade de as empresas inovarem a forma como recrutam os seus profissionais, tornando este processo mais fácil, ágil e rápido, sem perder um contacto próximo com o candidato. Desta forma, no evento as empresas terão a possibilidade de contactar com um número elevado de candidatos num só momento, permitindo acesso a um maior pool de talento nos seus processos de recrutamento, com perfis mais adaptados ao que procuram.
Além da pertinência que vimos que este evento poderia ter para as empresas, encontramos também uma necessidade nos próprios profissionais, o que potenciou à sua criação nos moldes que agora lançamos o evento. Assim, face à elevada competitividade no sector e aos recorrentes contactos que recebem por parte das empresas, vemos esta iniciativa como uma oportunidade para os candidatos terem, num mesmo local, acesso às diferentes carreiras profissionais disponíveis. A isto, alia-se a oportunidade de recolherem mais informações sobre as que mais lhes despertam interesse, bem como de falarem directamente com os recrutadores de cada empresa, o que lhes dá uma visão mais geral da sua actividade, missão e valores.

 

De que forma se insere ela na vossa estratégia?

O Job Summit inclui-se, precisamente, integrada na estratégia geral do próprio Alerta Emprego de criar iniciativas que respondam a novas necessidades de recrutamento. Desta forma, desde a nossa fundação que trabalhamos para ajudar candidatos e empresas a encontrarem-se, mas também a adaptarem-se às mudanças no mercado de trabalho. Quando inicialmente lançámos O Job Summit, que tem um caráter mais generalista e ocorre anualmente, em Outubro, sentimos que poderíamos realizar outras edições focadas em áreas específicas, consoante as necessidades das empresas. Foi assim que surgiu o Job Summit Turismo – devido à necessidade de recrutamento do sector – e que agora lançamos a edição focada em tecnologia.
Desta forma, para o futuro continuaremos a inovar e a pensar no que o mercado e os profissionais precisam, criando eventos que venham acrescentar valor a ambas as partes.

 

Quais os vossos objectivos para esta primeira edição?
Temos expectativas muito positivas para a primeira edição desta iniciativa, precisamente por acreditarmos que vem também contribuir para que as empresas da área tecnológica consigam superar a actual escassez de talento que se encontra em níveis máximos. No que respeita à adesão à iniciativa, o nosso objectivo inicial é contar com cerca de 1500 candidatos presentes, um número que consideramos já muito positivo, já que é a primeira feira que organizamos completamente dedicada à tecnologia. Do lado das empresas, estão já confirmadas mais de 20 entidades, mas esperamos muitas mais, sendo que é possível que outras se inscrevam até 16 de Maio.
Com a presença desta comunidade no evento, o que realmente esperamos é que o evento seja uma mais-valia, tanto para as empresas, ao conseguirem recrutar novos colaboradores, mas também que seja um apoio aos profissionais, que estejam à procura de emprego ou não. Temos ainda como objectivo promover a interacção online, mas em tempo real, permitindo que as organizações se apresentem e demonstrem a sua oferta diferenciadora e as vagas que têm em aberto aos candidatos.

 

Apenas no sector da tecnologia?
O sector tecnológico é, hoje, um dos que sente um maior crescimento, surgindo cada vez mais a necessidade de as empresas recrutarem profissionais com as competências para preencherem vagas nesta área. Acreditamos também que esta é uma área do presente e do futuro, sendo que se espera, face à crescente digitalização do mercado, que cada vez surjam mais funções e empregos tecnológicos, que precisam de ser preenchidos. É precisamente face às necessidades que este crescimento vem provocar que consideramos fazer sentido uma feira de emprego completamente dedicada aos profissionais e empresas do setor, que têm necessidades especificas face a outros. Além disso, acreditamos que as ofertas profissionais que estarão presentes no evento serão oportunidades de construir ou continuar uma carreira com grande potencial de crescimento para candidatos em diferentes momentos de carreira pelo que a iniciativa está adaptada aos mais diversos perfis.

 

Quando se realiza e por que optaram pelo formato 100% virtual?

A iniciativa realiza-se dia 18 de Maio, das 09h00 às 20h00. Quisemos alargar a todos, independentemente do sítio onde se encontram. Consideramos que o facto de se realizar em formato 100% online vai facilitar a adesão de cada vez mais interessados, já que podem participar a partir de qualquer lugar. Além disso, o formato online é o mais adaptável aos novos profissionais, pelo que esta é também uma oportunidade de as empresas terem contacto com o talento mais jovem.
Por este motivo, o nosso objectivo futuro é que, nas próximas edições, estejam presentes cada vez mais profissionais, de todas as áreas tecnológicas e com diferentes níveis de experiência.

 

De que forma se vai desenvolver o evento?

O Job Summit desenvolve-se maioritariamente em redor da interação online, em tempo real. Desta forma, as empresas poderão apresentar-se aos candidatos, darem a conhecer a sua oferta diferenciadora e as vagas disponíveis.
Este contacto será possível através do contacto com os profissionais em salas de chat, onde podem ocorrer entrevistas de emprego, stands virtuais, webinars, entre outros momentos e espaços de interação. Por sua vez, o evento tem também uma vertente de passagem de conhecimento das empresas para os profissionais, que será feita através de webinars sobre diversos temas. Após o término do evento, precisamente para que as empresas não percam a oportunidade de conhecer qualquer candidato, permitimos que continuem a aceder à base de dados dos candidatos. Assim, o contacto entre os recrutadores e os profissionais pode continuar, mesmo após o dia 18 de Maio.

 

Haverá oportunidade de aceder a entrevistas de emprego?

Sem dúvida. O objectivo é que nas salas de chat ocorram entrevistas de emprego, como normalmente acontece em formato online. Esperamos ainda que estas entrevistas levem mesmo a contratações, sendo claro esse o objectivo final do evento.

 

Quantas entidades/empresas vão participar?

Até ao momento, podemos dizer que temos já confirmada a participação de mais de 20 entidades nacionais e internacionais. No entanto, o esperado é que este número cresça, já que as inscrições continuam abertas. No leque de empresas confirmadas fazem parte organizações de várias áreas e sectores, mas que têm interesse ou oportunidades de recrutamento para perfis IT.

 

Pode dar exemplos?

Actualmente, fazem parte da lista de empresas que já confirmou presença organizações como a EDP, o Grupo Generix, a Prime IT e a Anya Consultancy, entre outras.

 

A feira está aberta a todos ou os participantes têm de ser especificamente da área/sector?

O Job Summit IT é um evento aberto a todos os profissionais IT, ou mesmo aqueles que estão agora a integrar a área. Desta forma, a experiência, formação ou área de actuação dentro da tecnologia não são critérios de selecção dos participantes.

 

Como podem eles participar?

As inscrições para o Job Summit IT já estão abertas, sendo já possível a todos os profissionais interessados que confirmem a sua presença, de forma totalmente gratuita e online. Assim, os interessados podem inscrever-se através do nosso site, na área destinada a este efeito. A par disto, através da página do Alerta Emprego, é também possível, profissionais e empresas, manterem-se a par de todas as novidades que vão sendo conhecidas sobre a iniciativa.

 

Acha que o recrutamento digital que veio com a pandemia, veio para ficar? Está ele hoje mais fácil e ágil?

Acredito que sim, já que o online veio em muito facilitar o processo de recrutamento, tanto do ponto de vista das empresas como dos candidatos. Assim, com um processo mais digital, as organizações podem aumentar as suas pools de talento, considerando profissionais provenientes de qualquer localização, sem que tenham de ficar restringidos ao seu local de actividade, algo que vem impactar positivamente o seu combate à escassez de talento. Considero ainda que a vertente humana não fica prejudicada por um processo de recrutamento digital, uma vez que esta dimensão é também possível no online. Acredito que apenas em algumas funções, que tenham de ser realizadas em regime presencial, seja significativamente benéfico que o recrutador e o entrevistador tenham contacto presencial.

 

De que forma olham para o futuro ao nível das tendências de recrutamento?

Na mesma linha, vemos o futuro do recrutamento cada vez mais digital, nos vários momentos do processo. No momento de procura de candidatos, por parte das empresas, estas utilizarão cada vez mais plataformas digitais para encontrarem os perfis que mais se identifiquem com o que procuram, sendo também os profissionais cada vez mais passivos na busca de emprego. Aliás, acredito que o futuro passará por cada vez mais serem as empresas a procurarem os candidatos, não o contrário.
Por outro lado, serão utilizadas cada vez mais as redes sociais e as plataformas de emprego online, como é o exemplo do Alerta Emprego, nomeadamente na procura de oportunidades de carreira por parte dos profissionais.
Por último, vejo ainda que cada vez mais serão utilizadas novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, Machine Learning ou Big Data, nomeadamente, durante a análise de currículos, triagem de CVS, entre outros momentos dos processos.

 

E quais os maiores desafios, tanto do lado das empresas como dos profissionais?

Actualmente, assistimos à tendência denominada “The Great Resignation”, em que milhares de profissionais abandonam, por vontade própria, as organizações onde trabalham. O certo é que esta e outras tendências vêm impactar em muito a actividade das empresas.
Assim, as organizações enfrentam desafios crescentes no que toca à captação de novos profissionais e retenção dos seus colaboradores, sendo necessário que estas criem propostas de valor adaptadas às suas prioridades. Neste sentido, têm que acompanhar aquilo que é privilegiado pelos profissionais, criando benefícios e medidas que promovam o seu bem-estar e pertença na organização, o que vai hoje muito além do salário.
Do lado dos profissionais, é-lhes difícil hoje identificarem-se a 100% com uma organização, e, consequentemente, sentirem-se motivados. É precisamente por isso que cada vez mais migram de organização em organização, tendo como principal desafio descobrirem o que realmente os motiva e que os faz permanecer numa organização, de forma a poderem comunicá-lo às entidades empregadoras.

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