Randstad: Aprender a mudar

Nos últimos anos, a Randstad tem-se focado em três pilares, com vista a tornar-se «verdadeiramente digital: impulsionar os resultados de negócio; aprender a mudar e fortalecer as fundações digitais. A estratégia “tech&touch” está na base desta transformação.

 

Bernardo Bello, product manager – Digital, na Randstad Portugal, partilha como estão a promover a transformação digital que, muito mais do que adoptar tecnologias, implica uma uma mudança cultural.

 

Qual o impacto da transformação digital na vida interna da Randstad e, em particular, dos colaboradores?

A tecnologia é fácil, a mudança é o mais difícil, no sentido de que a tecnologia acabará sempre por vir, mas é a gestão da mudança que é fundamental para obter benefícios.

Aprendemos a mudar com sucesso na Randstad ao investirmos continuamente em formação e muitas iniciativas para apoiar a nova maneira de trabalhar. Definimos recentemente uma abordagem integrada baseada em lean startup, design thinking e agile, criámos uma rede de especialistas global que treina colaboradores localmente para difundir esta nova abordagem e desenvolvemos programas personalizados de liderança transformacional, tornando a nossa estratégia “tech&touch” multifuncional.

 

De que forma esta transformação digital é transversal e afecta os colaboradores em regime de outsourcing?

O nosso objectivo é oferecer aos nossos colaboradores um óptimo lugar para trabalhar e ajudar a sociedade, tocando a vida de 500 milhões de pessoas até 2030. Isso só é possível se a Randstad continuar a ser uma consultora confiável para as várias etapas da vida profissional de todos os nossos colaboradores sem excepção.

 

Para o sector da consultoria em Recursos Humanos, quais os riscos de ficar para trás no que diz respeito à transformação digital?

Em cinco anos, o sector de serviços de Recursos Humanos será muito diferente de hoje. Tanto a Randstad como as consultoras de Recursos Humanos têm muito a perder se não puderem competir num mercado digital, que vê as expectativas dos clientes a continuar a aumentar, e os grandes players do mundo das Tecnologias de Informação (TI) a entrar neste mercado. Todos nós corremos o risco de desintermediação.

É por isso que a Randstad definiu a sua estratégia “tech & touch”, pois acreditamos que estamos numa posição única para estabelecer um novo padrão para o serviço de Recursos Humanos.

 

O que muda com a transformação digital em matéria de recrutamento na Randstad?

Por meio de uma combinação de iniciativas de marketing digital, programas de satisfação do cliente e melhoria do nosso website e app para dispositivos móveis, acreditamos que nos encontramos sempre no momento e canal certo para os nossos candidatos. Iremos continuar a investir em ferramentas de matching e conversação para nos conectarmos com os talentos em cada fase da sua vida profissional e permitir que os consultores encontrem a carreira certa para esses talentos.

 

Que mudanças concretas estão a promover e de que forma estão a ser implementadas?

Internamente, temos vindo a criar as condições necessárias para o sucesso nesta transformação digital, através da criação do departamento DISI – Direcção de Inovação e Sistemas de Informação – que trabalha muito próximo de todas as áreas de negócio, com uma equipa específica ligada à experimentação de novos produtos.

Transversalmente, a Randstad tem vindo a criar o cenário ideal, promovendo a criação de equipas multidisciplinares com foco na experiência do cliente, no aconselhamento das ferramentas digitais e monitorização dos benefícios desta transformação, e no acompanhamento desta nova forma de trabalhar.

 

As vossas pessoas estão a aderir bem a estas mudanças?

Sabemos que a mudança é difícil mas, na Randstad, o digital já é parte estrutural dos nossos processos. Acreditamos que sempre aderiram bem pois desde cedo criámos uma “razão para acreditar”, impulsionámos uma cultura de transparência e construímos o ambiente certo, onde colaboradores podem expor os seus receios e criar o seu próprio cenário de testes, de forma a habituarem-se às novas tecnologias.

 

Quais os resultados já visíveis da aposta na transformação digital?

O youplan, uma solução de auto-planeamento para os nossos clientes, em que a Randstad oferece um conjunto validado de candidatos para responder a qualquer serviço pontual ou a longo prazo, é uma das nossas apostas mais claras no mercado.

Para além dos inúmeros projectos que trouxeram benefícios de negócio, vemos hoje uma organização muito mais pronta para este mundo VUCA [volátil, incerto, complexo e ambíguio), que se baseia em dados para extrair insights e não em gut-feeling. Somos verdadeiramente data-driven e mais rápidos a actuar e a reagir à mudança.

 

De que forma todo este conjunto de mudanças afecta a própria cultura da empresa?

Do recrutamento à retenção, queremos criar uma cultura na qual as pessoas acreditam que o digital é essencial, mas que a intervenção e sensibilidade humana é o que determina o sucesso. Para apoiar todas essas mudanças, fortalecemos as nossas fundações digitais e aumentámos as nossas actividades de suporte para que possamos capturar as melhores práticas e melhorar os nossos processos core.

 

Sendo a Randstad uma empresa internacional, de que forma a questão da transformação digital é tratada do ponto de vista das diversas regiões? Existe troca de conhecimento e experiências ou importação de soluções?

“Tech & touch” é um esforço de equipa entre a área de inovação de cada país, Randstad Innovation Fund (RIF) e a Fábrica Digital. O RIF analisa o mercado e identifica possíveis vencedores, a Digital Factory dimensiona as melhores ideias internas e externas e estimula uma nova maneira de trabalhar, e cada país desenvolve tanto inovações locais como implementa soluções globais.

 

Quais os próximos passos da Randstad em termos de transformação digital na área dos Recursos Humanos?

A nossa estratégia “tech&touch” continuará a entregar resultados de negócio enquanto melhora cada vez mais as nossas fundações digitais. Vamos concentrar-nos especialmente na experiência do candidato, combinando várias soluções para nos conectarmos a com eles de forma a combiná-los com as melhores carreiras possíveis. Continuaremos também a orientar os nossos consultores com base em big data, de forma a facilitar os seus processos de matching.

 

Este artigo foi publicado na edição de Julho/Agosto da Human Resources.

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