Banco de Portugal mantém previsão de desemprego nos 10,1% e prevê quebra de 4,5% do emprego este ano

O Banco de Portugal (BdP) prevê que a taxa de desemprego seja de 10,1% em 2020, diminuindo para 8,9% em 2021 e 7,6% em 2022, e aponta para uma quebra de 4,5% do emprego este ano.

 

O Boletim Económico conhecido hoje aponta que, devido à contracção da actividade decorrente da COVID-19, «o emprego deverá registar uma queda significativa em 2020 e a taxa de desemprego um aumento para cerca de 10%», depois de 6,5% em 2019.

O valor de 10,1% da taxa de desemprego para 2020 , acima da previsão de 9,6% do Governo, já tinha sido adiantado em Março no cenário base previsto no Boletim Económico, enquanto o cenário adverso apontava para os 11,7%.

«O impacto da crise sobre o mercado de trabalho tenderá a ser atenuado ou desfasado pela existência de políticas que visam preservar o emprego e a liquidez das empresas», aponta o banco central, sustentando que «o perfil temporal das variáveis do mercado de trabalho dependerá do impacto e duração dessas políticas».

Apesar da diferença considerável dos indicadores face aos valores registados em 2019, o Banco de Portugal refere que «o impacto da contracção da actividade no emprego deverá ser mitigado e ligeiramente desfasado tendo em conta as medidas adoptadas, como o lay-off simplificado».

«Para 2021-22 antecipa-se uma recuperação do emprego, que não será no entanto suficiente para retomar o nível de 2019″, segundo o BdP, que faz os cálculos «num cenário em que a população activa deverá permanecer relativamente inalterada em média no horizonte de projecção», antecipando uma taxa de desemprego de 7,5% em 2022.

Segundo o documento, a evolução do desemprego «depende criticamente do impacto das medidas de apoio às empresas e famílias e da sua duração, que são determinantes na mitigação da destruição de capacidade instalada na economia associada à pandemia».

«O prolongamento destas medidas deverá facilitar a manutenção da actividade e do emprego em empresas consideradas viáveis, mas em alguns casos poderá conduzir a um adiamento do processo de saída do mercado por parte de empresas sem capacidade competitiva, condicionando assim uma dinâmica endógena ao funcionamento da actividade económica», explicam o documento, elaborado pelo Departamento de Estudos Económicos do BdP.

A instituição refere também que «as medidas de apoio existentes são necessariamente temporárias e a margem de ajustamento que concedem às empresas não altera o enquadramento institucional que rege o funcionamento do mercado de trabalho português».

A taxa de desemprego prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal, em 2020, é de 13,9%, a da Comissão Europeia é de 9,7%, a do Conselho das Finanças Públicas é de 11%, a do Governo é de 9,6% e a da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é de 11,6%.

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