Reforço das competências e procura de trabalho temporário foram as prioridades durante o confinamento

Um estudo elaborado pela Michael Page sobre o comportamento do mercado de trabalho no período crítico da COVID-19, revelou que os candidatos priorizaram o reforço de competências e procura por trabalho temporário no período de confinamento imposto pela pandemia.

 

O período de confinamento afectou particularmente os profissionais dos sectores de Engenharia (cerca de 12,5% dos inquiridos), e do Turismo. Outro dos sectores mais afectados é a área de vendas, referida por cerca de 10,8% dos inquiridos.

O estudo indica também que algumas áreas viram-se impulsionadas pela adaptação à nova realidade, como as IT, com todo o apoio necessário para a passagem para o trabalho remoto, e-commerce e logística, além do crescimento exponencial das compras online.

Ainda assim, neste período especialmente crítico para o mercado de trabalho, cerca de 35% dos inquiridos referiu estar à procura de emprego desde um a três meses, enquanto 10% está à procura desde três a seis meses.

Neste sentido, mais de metade dos inquiridos (58,1%) afirma que consideraria aceitar uma proposta de contrato de trabalho flexível (contratos em regime Interim, temporários e de Outsourcing) no seu próximo projecto, destacando as principais vantagens do trabalho flexível, como a capacidade de enriquecer as suas competências e experiência (63,9), a oportunidade de trabalhar para diferentes empresas em novas funções (42,4%), e a oportunidade de passar de uma posição temporária para permanente (40,8%).

O estudo também averiguou quais os motivos de apreensão dos colaboradores em relação a projectos temporários, tendo concluído que a larga maioria aponta a falta de estabilidade financeira (75,4%) e o facto de considerarem que este tipo de projectos não desenvolve as suas competências (40,6%) como factores determinantes para não aceitar um trabalho deste tipo.

O estudo da Michael Page sobre o mercado de trabalho mostra ainda que que o confinamento impulsionou um aumento exponencial do trabalho remoto, com 57,5% dos inquiridos a afirmarem querer ter a hipótese de trabalhar remotamente, pelo menos vários dias por mês.

Este período também ficou caracterizado pela procura de novos talentos por parte de várias empresas. Neste sentido, torna-se cada vez mais importante que as empresas invistam no equilíbrio entre a vida pessoal e profissional dos colaboradores, factor apontado como muito importante por 97,3% dos inquiridos. Além disso, o acesso à formação (97,3%), o reconhecimento do trabalho (98,7%), as boas relações (98%) e a responsabilidade social (95,8%) também foram apontados como temas-chave a abordar com os novos talentos.

De acordo com os dados obtidos, o salário e a igualdade de género continuam a ser factores importantes para iniciar um novo projecto no pós-pandemia, apesar de já não serem os principais factores para atrair talento, como foram outrora. O interesse dos candidatos pela mobilidade internacional também tenha caído, obtendo 52% de respostas favoráveis.

«Mais do que um trabalho com um salário ao final do mês, o novo talento procura projectos com verdadeiro significado, que representem autênticas experiências de vida e que marquem de facto a diferença na sociedade ou no mundo corporativo», afirma Álvaro Fernández, director-geral da Michael Page Portugal.

Acrescenta ainda que «a noção de emprego para a vida está cada vez mais ultrapassada e o sentimento de pertença às empresas pode tornar-se mais frágil, agora que os profissionais da actualidade procuram projectos com resultados concretos e rápidos, exigindo feedback constante e imediato do seu trabalho».

Tendo em conta que a COVID-19 teve um impacto muito significativo na economia, sobretudo a partir do início do período de confinamento como tentativa de controlar o vírus, este estudo da Michael Page teve como objectivo esclarecer o estado do mercado de trabalho Europeu e Português nos últimos meses.

Este estudo contou com o contributo de 5075 inquiridos, de 13 países – Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal, Suécia, Suíça e Turquia – e os dados foram recolhidos entre 20 de Março e 20 de Maio de 2020.

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