
Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde: «Uma organização que não cuide dos seus colaboradores está condenada ao fracasso»
«Uma organização que não cuide dos seus colaboradores, de forma permanente, personalizada, envolvente e colaborativa, está condenada ao fracasso».
Por Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde
«A área dos Recursos Humanos tem sido uma das áreas que mais se tem desenvolvido ao longo dos últimos anos. Quando, em 2000, comecei a trabalhar como estagiário numa Sociedade de Advogados, a direcção de Recursos Humanos (DRH) praticamente se limitava a processar os salários. Hoje, as DRH são muito mais amplas em termos de funções a desempenhar. Muitas delasgerem talento, têm áreas dedicadas ao recrutamento – onde se investem milhares de euros anualmente para aliciar e captar os melhores –, e inclusivamente existem HRBP (Human Resources Business Partners), que garantem, diariamente, que os colaboradores têm todas as condições para se dedicarem as suas tarefas diárias, com a máxima dedicação e tranquilidade.
Hoje, uma organização que não cuide verdadeiramente dos seus colaboradores de forma permanente, personalizada, envolvente e colaborativa, está condenada ao fracasso. Se não existirem colaboradores felizes, não teremos clientes felizes e, consequentemente, não teremos organização sustentável e capaz de criar valor efectivo para todos.
No início desta pandemia, tudo era novo e incerto, mas há uma coisa que tínhamos claro: a prioridade tinha de ser inicialmente com as nossas pessoas. E foi isso que fizemos, de forma a poder tratar melhor de quem nos procura, mas também das comunidades onde estamos inseridos.
O lema nos Lusíadas sempre foi primeiro “quem” e depois “o quê”. Sabíamos que tínhamos equipa para ultrapassar esta situação, só precisávamos de criar as condições para que pudessem trabalhar da melhor forma possível. Nesse sentido, definimos um conjunto de medidas que efectivamente eram, e são, importantes, para sermos bem-sucedidos, e que contribuíssem efectivamente para o bem-estar dos colaboradores:
- Segurança. Começámos por criar mecanismos que permitissem apoiar financeiramente os nossos colaboradores, com a criação de subsídios de risco, adiantamento de honorários e manutenção das condições remuneratórias. Também apostámos no teletrabalho, criando condições técnicas e boas práticas para a realização de trabalho a partir de casa, e, a título de exemplo, no espaço de uma semana, colocamos 90% dos colaboradores da área corporativa em casa. Criámos ainda soluções que permitissem reduzir o risco, através de aplicações para auto-monitorização clínica, apostámos na mobilidade entre equipas e funções e na criação de equipas espelho nas unidades de saúde. Com o fim do Estado de Emergência, criámos as condições necessárias para o regresso dos colaboradores aos seus locais de trabalho, com a criação de um guia prático “Prontos para vos receber em segurança” e um kit de retorno ao trabalho.
- Social / Bem-estar. A comunicação com os colaboradores foi, e continua a se,r um pilar fundamental, especialmente nesta fase, de forma a reduzir assimetrias de informação. Nesse sentido, criámos uma newsletter diária dedicada ao COVID-19, apostámos em mais e melhores comunicações internas e criámos um gabinete de crise diário e alargado.
- Estima. Sabíamos que esta fase seria difícil para os colaboradores e respectivas famílias e, como tal, logo numa fase inicial do Estado de Emergência, criámos uma linha de apoio psicológico a colaboradores e familiares, assim como mecanismos de apoio logístico para os profissionais que tinham sido infectados e estavam em casa. Mais recentemente, criámos com o apoio de artistas de arte urbana, um mural de homenagem aos profissionais de saúde portugueses no Hospital Lusíadas Lisboa e que está a ser replicado em todas as unidades Lusíadas.
- Autorrealização. Sabíamos que as pessoas continuavam a precisar de se desenvolver e crescer e, como tal, apostámos em leadership foruns online, num plano de formação intenso para os nossos profissionais de saúde através do nosso recente Lusiadas Knowlege Center e uma aposta no processo de onboarding. Adicionalmente, e porque sabíamos que este seria um desafio exigente, criámos um programa de coaching para as primeiras linhas da organização.
Existe um grau de incerteza grande em relação ao futuro, mas considero que estamos a fazer um bom caminho. Sinal disso, foi a recente classificação no ranking da Randstad, que nos coloca como a empresa mais atractiva para trabalhar em Portugal no sector da prestação de cuidados de Saúde. Sentimo-nos muito felizes e orgulhosos deste resultado, mas o mesmo coloca-nos também uma enorme responsabilidade para continuar a cuidar de quem cuida.
O bom passa e o mau também. Vamos seguramente ultrapassar esta situação. Da minha parte, apesar da incerteza do momento, estou satisfeito e motivado por poder contribuir activamente para a construção do futuro, com a consciência que tenho a equipa certa para o fazer.
Este artigo faz parte do tema de capa da edição de Julho (n.º 115) da Human Resources.