
Portugal volta a descer no ranking mundial de talento e tem pior resultado em quatro anos
De acordo com os resultados do ranking de Talento Mundial do IMD World Competitiveness Center, divulgados hoje, Portugal regista uma descida da 23.ª para a 26.ª posição, registando o pior resultado dos últimos quatros anos.
Os resultados deste ano são acentuados pela descida significativa do país no que respeita aos factores de “Investimento e Desenvolvimento” e “Atractividade”, que o colocam ainda mais longe de países como a Suíça, Luxemburgo e Suécia, as três economias mais competitivas em talento a nível mundial, no total de 63 analisadas.
Desde 2018, ano em que alcançou o melhor resultado, com o 17º lugar – Portugal tem vindo a perder posições no que respeita ao seu talento.
Apesar da descida mais acentuada ter ocorrido de 2018 para 2019, onde regrediu para o 23º lugar, este ano o país voltou a mostrar estar a perder competitividade, sobretudo na categoria “Investimento e Desenvolvimento”, onde perdeu nove posições face a 2019, da 13ª para a 22ª. Segundo este indicador, a principal fraqueza do país concentra-se na formação de colaboradores, uma tendência que as empresas nacionais não estão a conseguir acompanhar, uma vez que este investimento continua a não ser suficiente.
Já como principal destaque surge a forte percentagem que o país apresenta ao nível da força de trabalho do sexo feminino (49,3%), relativamente à sua força laboral total.
Apesar de também ter descido no indicador de “Atractividade”, do 32º para o 33º lugar, muito devido à baixa classificação nos critérios de “justiça”, “motivação dos colaboradores” e “saída de pessoas com boa formação e qualificação” (brain drain), Portugal subiu três posições no indicador de “Preparação”.
Esta subida, que o coloca na 24ª posição, foi motivada pela boa pontuação do país em “Management Education” e “Competências Linguísticas”, o que demonstra que a população ativa portuguesa tem cada vez mais as competências necessárias para corresponder adequadamente às necessidades e exigências actuais das empresas.
Países europeus na ribalta de talento mundial
O ranking deste ano revela que oito das economias a liderar o Top 10 pertencem ao continente europeu, o que é motivado pela “excelente educação” e “boa mobilidade” que os países apresentam. A reforçar estas características dos países europeus está o top 3 deste ano, que é composto pela Suíça (1º), Dinamarca (2º) e Luxemburgo (3º).
A Suíça continua a liderar o ranking pelo quarto ano consecutivo, distinguindo-se com o seu sistema de educação de alta qualidade e com a elevada qualificação dos seus jovens aquando da entrada na Universidade ou para a realização de um estágio. Graças à sua qualidade de vida e à remuneração elevada que oferece aos trabalhadores, o país continua a ser muito atrativo para a mão-de-obra estrangeira.
Já a Dinamarca, que se mantém no segundo lugar, destaca-se pelo seu bom desempenho geral, mas a novidade reside no Luxemburgo, que ocupa agora o terceiro lugar do ranking – que, em 2019, foi ocupado pela Suécia. Este resultado está alinhado com o progresso consistente do país ao longo dos últimos cinco anos, que tem apresentado resultados significativos ao nível de investimento e desenvolvimento de talento, em comparação com outras economias.
No entanto, as alterações políticas no quadro global e a crise pandémica começam a deixar marcas nas diferentes economias. Este ano, o Reino Unido desceu até ao 23º lugar, ficando atrás de países como a Alemanha (11º), a Bélgica (16º) ou a Irlanda (18º). Esta descida é fortemente apontada como uma consequência das incertezas trazidas pelo Brexit, que tem prejudicado a competitividade do país a nível de atração de talento.
Por outro lado, a pandemia parece estar a afetar fortemente os países que baseiam a sua competitividade geral na economia de talentos, a qual se apoia fortemente na atração de talento estrangeiro. Este é o caso de países como Singapura, Austrália, Estados Unidos da América e, novamente, o Reino Unido, que atraem muitos jovens vindos de diferentes partes do mundo, principalmente estudantes internacionais.
A Porto Business School é, pelo quinto ano consecutivo, parceira exclusiva do IMD para Portugal na elaboração deste ranking.