
Recrutamento em Portugal: que alterações veio a COVID-19 trazer e que tendências se perspectivam
A COVID-19 trouxe mudanças profundas também no que respeita ao recrutamento em Portugal, quer para candidatos, quer para os departamentos de recursos humanos das empresas, refere o site e-konomista.pt.
A adaptação a um novo modelo de trabalho, quase a contra relógio, e processos de recrutamento que passaram a ser feitos a distância, mudaram o panorama do emprego a nível global. Novos desafios, novas ferramentas digitais, métodos inovadores, processos mais céleres e uma nova exigência vieram para ficar.
Um estudo realizado pela agência de recrutamento Michael Page que contou com 442 entrevistados, entre Abril e Junho de 2020, analisou como os profissionais portugueses encaram a experiência do processo de recrutamento no actual estado de pandemia.
Confiança dos candidatos
De acordo com o referido estudo, o impacto da pandemia na transformação dos processos de recrutamento que passaram a ser feitos à distância, de forma virtual, não abalou a confiança dos candidatos.
Do total dos profissionais inquiridos, mais de metade (55%) refere sentir-se tão confortável nas entrevistas telefónicas quanto nas entrevistas presenciais. Este número aumenta para 60% em relação a entrevistas realizadas online.
Novas ferramentas
O acesso a novas ferramentas de recrutamento é também referido por uma elevada percentagem de candidatos portugueses, 75% dos inquiridos, referindo o vídeo, CVs e testes de personalidade como elementos importantes no processo.
Mais de metade (61%) admite já ter realizado testes de personalidade para analisar as suas competências.
Duração do processo
No que diz respeito à duração dos processos de recrutamento, os resultados são menos otimistas. Mais de metade (52%) considera que a duração dos processos de recrutamento é demasiado longa, sendo que 48% dos candidatos refere que o período de duração das entrevistas decorre entre 2 semanas e 1 mês e apenas 22% refere um prazo inferior a 2 semanas para terminar o processo.
Entrevistas
No que toca ao número de entrevistas varia um pouco. De acordo com 49% dos inquiridos, cada candidato a emprego é entrevistado 2 vezes, enquanto que 30% diz realizar 3 entrevistas.
É referido, ainda, que durante o processo de selecção, os candidatos chegam a ser entrevistados por 2 pessoas (34%), 32% por 3 pessoas e 26% refere que as entrevistas são, por vezes, realizadas por 4 ou mais pessoas.
Métodos utilizados
De acordo com os inquiridos, entre os métodos menos utilizados, destacam-se as entrevistas de cenários (roleplays, escape games, gaming e testes técnicos), sendo que menos de 4 em 10 profissionais referem ter sido entrevistados através destes métodos.
Entre os mais utilizados estão as entrevistas por videochamada, através de plataformas como o Zoom, o Skype ou o Microsoft Teams. Outro método muito utilizado, mesmo antes da pandemia, é a resposta a desafios que simulam a prática profissional, a fim de a entidade empregadora perceber as capacidades do candidato.
Imersão na cultura da empresa
Dos dados obtidos pela análise da Michael Page, destaca-se ainda a ambição da maioria dos candidatos (95%) em ter uma maior imersão na cultura da empresa durante o processo de recrutamento.
Ou seja, desde logo, há uma vontade de perceber e responder à forma de estar e de trabalhar da entidade a que se candidatam.
Um mercado de trabalho em transformação veio reposicionar a função de gestão de recursos humanos cuja complexidade aumentou consideravelmente. A gestão da saúde e da segurança no local de trabalho, a adaptação a um ambiente cada vez mais digital, a organização dos trabalhadores (incluindo a criação de turnos), o teletrabalho, e garantir a competitividade das equipas, são alguns dos desafios que os profissionais de RH enfrentam atualmente.
Segundo um estudo HR Realities research 2020 da Fosway, os responsáveis pela gestão de pessoas assumiram um papel mais relevante na tomada de decisões estratégicas nas organizações.
Alguns pontos que explicam esta alteração, abordados no estudo:
- Reposicionamento da gestão de RH
Se antes a gestão de Recursos Humanos era vista como uma função de back-office em muitas empresas, com a COVID-19 tudo mudou.
As muitas mudanças impostas ao mercado de trabalho, incluindo nova legislação, os responsáveis por Recursos Humanos assumiram um papel estratégico determinante para garantir o funcionamento normal de qualquer empresa. Mesmo nas organizações onde já antes existia um ambiente de trabalho digital, têm tido um grande peso junto da direcção na tomada de decisões.
Deste reforço da função dos Recursos Humanos resulta uma poupança significativa de custos associada a uma melhoria na produtividade da empresa, mesmo em contextos de incerteza como o que vivemos.
- Digitalização
A atualidade mostra que é inevitável a digitalização de processos. Já não vale a pena ter múltiplos sistemas de informação e arquivos em papel. É imprescindível poder aceder a uma única plataforma, com todos os dados relativos aos trabalhadores e que forneça as informações exatas em tempo real a quem tenha acesso.
Dessa forma, é mais simples e rápida a consulta de informações e a tomada de decisões importantes.
O estudo do grupo Fosway afirma que “os departamentos de Recursos Humanos que estavam mais avançados em termos de transformação digital, e que já tinham adquirido as plataformas HR Cloud, conseguiram responder com mais facilidade à chegada da crise”.
- Resposta a mudanças
De acordo com o estudo, a função Recursos Humanos não é vista como uma função ágil. Porém, com a digitalização, está a conseguir aumentar o seu impacto e otimizar os processos.
Num momento tão complexo, em constante mudança, como o actual, ser ágil, dinâmico e responder rapidamente são factores cruciais para mitigar os efeitos da crise.
A função Recursos Humanos deve avaliar como reagir a certas situações e responder às necessidades de curto e longo prazo. Um dos maiores desafios passa por garantir a segurança física e mental dos colaboradores.
Para o efeito, os canais de comunicação direta são vitais para informar sobre novidades da organização, nomeadamente alterações aos processos de trabalho e novas necessidades. Este é um factor com toda a importância para os trabalhadores, perante um cenário de pandemia.
Os novos desafios colocados pelo surto de COVID-19 têm “obrigado” os Recursos Humanos a fazer diferente e a reinventar o futuro da função.
Reforçando o valor humano e aliando-o, eficazmente, à tecnologia é a receita que promete ajudar as empresas a adaptarem-se às mudanças e necessidades actuais e futuras.
Há alguns aspectos a ter em conta para se destacar entre os demais candidatos a uma oferta de emprego, considerando as tendências actuais do recrutamento em Portugal.
- Teletrabalho: presente e futuro
O teletrabalho é a grande tendência do mercado atual. Pelas circunstâncias que aconselham o distanciamento social, todas as empresas cuja ação permite este regime aderiu ao trabalho remoto ou ao regime misto, com algumas idas à empresa. Assim, logo no momento em que se candidata a uma oferta de emprego, deve ter em conta as especificações das funções. Caso seja para trabalhar à distância, é importante que tenha a certeza de que reúne as condições necessárias entes de responder. - Domínio de ferramentas digitais
O domínio de ferramentas digitais é cada vez mais importante. Não ter quaisquer conhecimentos de informática atualmente coloca qualquer candidato imediatamente “fora de jogo”.
Mais importante ainda é estar familiarizado com o software especifico necessário às funções a que se candidata. A maioria das empresas indicam na oferta os programas utilizados. Destaque essas competências no CV. Mesmo que no momento ainda não esteja dentro do assunto, procure tutoriais e aprenda a mexer nas ferramentas. Será uma mais valia quer para si que terá menos dificuldade em integrar-se, quer para a empresa que poupará em tempo de formação.
O domínio de ferramentas digitais essenciais à área de trabalho é uma maneira de “ganhar pontos” e aumentar as probabilidades de ser selecionado para o lugar. - Apresentação de competências
Para a entrevista por vídeochamada, pode e deve preparar uma apresentação onde mostre , por exemplo, alguns dos trabalhos já realizados e o que fez em cada um deles. Esta é uma forma interessante de evidenciar, com clareza, os seus conhecimentos e competências.