Isabel Borgas, NOS: Onde fica o escritório depois do hiper hype do remoto?
Isabel Borgas, directora de Pessoas e Organização da NOS, faz notar que «47% das empresas preveem alterações às necessidades de espaço nos próximos três anos, sendo que as principais mudanças passam por dar prioridade a espaços colaborativos, de lazer e hot desking. O escritório assume-se, assim, como âncora social, como escola no learning on the job e como hub para colaboração não estruturada». Leia a sua análise aos resultados do XXXVII Barómetro Human Resources.
«Apenas uma minoria das empresas em Portugal está preparada para liderar num contexto laboral que inclui trabalho remoto. Dizem os resultados do barómetro e o inquérito mais recente da Manpower Group, onde se revela que 74% dos empregadores portugueses admitem privilegiar o modelo presencial durante os próximos seis a 12 meses – representando um aumento face aos 40% registados no trimestre anterior. Apesar disso, a única verdade que podemos tomar como boa é que nada será como dantes. A maioria das empresas vai apostar em modelos híbridos, seja porque acreditam que estes modelos trazem melhores resultados, seja porque, embora não acreditem que tragam vantagens, os seus colaboradores assim o exigem, e será um factor incontornável de atracção e retenção de talento, como revelam os resultados do barómetro. A pandemia veio alterar, definitivamente, as expectativas dos executivos das empresas. Para a esmagadora maioria, o modelo híbrido será cada vez mais comum – estimando que os seus colaboradores estejam no escritório entre 21% a 80% do tempo, ou seja, entre um e quatro dias da semana, diz a McKinsey, num estudo publicado em Maio deste ano. Importa, então, reflectir sobre o papel do escritório na estratégia das empresas. Segundo estudo da PWC, para os colaboradores, o propósito do escritório deve associar-se ao cultivo de relações entre colegas, colaboração e celebração de sucessos. Já as empresas consideram que devem promover a cultura organizacional e colaboração eficiente. Resultados corroborados pela visão dos inquiridos do barómetro. E 47% das empresas prevêem alterações às necessidades de espaço nos próximos três anos, sendo que as principais mudanças passam por dar prioridade a espaços colaborativos, de lazer e hot desking. O escritório assume-se, assim, como âncora social, como escola no learning on the job e como hub para colaboração não estruturada. Nesta medida, devem ser geridos para encorajar ligações. Ser pensados e desenhados para human moments, num equilíbrio entre espaços privados e abertos, que permitam interacções sociais nos seus mais diversos tipos, de modo a criar o sentido de comunidade. E personalizados pela tecnologia, que não só ajuda a perceber melhor como operamos socialmente, mas também porque permite definir a utilização de espaços sociais mais eficientemente, e ajuda a conectar os colaboradores presenciais e remotos.»
Este testemunho foi publicado na edição de Agosto (nº. 128) da Human Resources, no âmbito da XXXVII edição do seu Barómetro.