Nuno Cardoso Filipe, BPI: Para lá da aparente igual produtividade

Nuno Cardoso Filipe, director de Pessoas e Organização do Banco BPI, constata que «são muitas as empresas que estão a solicitar o regresso dos seus colaboradores ao local de trabalho. Como mostrar a estes colaboradores que é importante a sua presença física, para lá da aparente produtividade igual, é um desafio». Leia a sua análise aos resultados do XXXVII Barómetro Human Resources.

 

«Os resultados deste barómetro confirmam a realidade que vimos nascer ao longo deste ano e meio de pandemia. Começaria por destacar a reflexão sobre o modelo híbrido. No BPI, deparamo-nos com a realidade dos colaboradores dos serviços centrais, a quem o modelo é mais facilmente aplicável; e a dos colaboradores da rede comercial, para quem o modelo é menos viável, uma vez que a natureza do seu trabalho está assente na relação directa com o cliente.

O que vier a ser definido, deverá ter em conta esta diversidade, terá de ser muito bem explicado e terá sempre de ter em conta a perspectiva da empresa e a dos colaboradores. Trabalhar o espírito de uma só equipa, reconhecendo as diferenças entre as diversas funções, é crítico e essencial.

Ainda ao nível do modelo híbrido, vamos encontrar também colaboradores que, depois desta experiência de trabalho à distância, entendem que a sua função poderá ser desenvolvida exclusivamente em teletrabalho. Mas, como assinala, e bem, o barómetro, há temas de cultura de empresa, de compromisso e de espírito de equipa, que são desafios extremamente complexos de endereçar sem a presença física.

Também por estes motivos, são muitas as empresas que estão a solicitar o regresso dos seus colaboradores ao local de trabalho. Como mostrar a estes colaboradores que é importante a sua presença física, para lá da aparente produtividade igual, é também um desafio.

Uma última nota sobre a liderança, com 55% dos inquiridos a considerarem que apenas uma minoria dos líderes está preparada para liderar em contexto de trabalho remoto. Será, por isso, fundamental dotar os líderes de ferramentas que os ajudem a melhor liderar as suas equipas neste novo contexto. A aceleração neste ano e meio de pandemia foi uma realidade, mas foi algo feito sobretudo como reação, da liderança e da empresa. Teremos, agora, de trabalhar o tema de uma forma mais sistémica e sustentável no tempo.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Agosto (nº. 128) da Human Resources, no âmbito da XXXVII edição do seu Barómetro.

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