Randstad: «Portugal tem hoje um lugar consolidado como destino de nearshore, baseado sobretudo na qualidade do talento»
Dois anos de pandemia e uma mudança profunda dos modelos de trabalho vieram reforçar o papel e a importância do outsourcing.
A Randstad Portugal trabalha há décadas na área de outsourcing e os resultados continuam a ser positivos. A escassez de talento é hoje um dos maiores desafios do sector, mas o outsourcing continua a apresentar vantagens, quer para as empresas, quer para os colaboradores, explicadas por Pedro Empis, executive business director, outsourcing da Randstad Portugal.
Qual o impacto das transformações do mercado de trabalho na área de outsourcing da Randstad?
A transformação dos modelos de trabalho impactou bastante a forma como entregamos o serviço aos nossos clientes. O local de trabalho dos nossos profissionais foi a face mais visível, já que passaram a dispor da possibilidade de trabalhar a partir de casa ou do escritório, tendo em conta as suas necessidades e as suas preferências.
A capacidade de reagir a picos de actividade também melhorou, porque tendo mais de 60% das pessoas em modelo remoto permite reagir mais rapidamente. Por outro lado, houve necessidade de adaptar os princípios de liderança, formando toda a estrutura para esta nova realidade. Os processos de recrutamento, formação e onboarding também foram amplamente remodelados para tirarmos o máximo partido do novo paradigma e toda a temática da cibersegurança foi também revista, adoptando-se novas soluções tecnológicas e novamente formação a toda a estrutura.
Quais os factores que actualmente tornam o outsourcing uma solução interessante para as empresas?
Os principais factores são o acesso a modelos comprovados e testados em realidades diversas, a tecnologia e rapidez/ eficiência da sua integração, bem como a flexibilidade e a visibilidade dos custos operacionais.
E quais as vantagens para os colaboradores?
Os nossos colaboradores têm a oportunidade de trabalhar em diversas áreas de actividade, ganhando experiência em realidades, culturas e modelos distintos, o que lhes aporta valor e lhes permite depois traduzir esse valor para os nossos clientes. Por outro lado, quando temos diminuição de procura num determinado sector, conseguimos transferir as nossas pessoas para outras contas com ciclos distintos. Isso foi muito evidente nos picos da pandemia.
Em que sectores de actividade o outsourcing é mais utilizado e por que razões?
Trabalhamos com quase todos os sectores de actividade, com especial enfoque na banca, seguros, telecomunicações, energia, aviação, saúde e FMCG.
Actualmente o outsourcing está em crescimento ou em decréscimo?
Está em crescimento. As áreas de experiência de cliente vêm a ganhar cada vez mais importância dentro das organizações, pois é já evidente a correlação entre uma experiência de qualidade superior e os resultados operacionais das empresas. Por outro lado, temos obtido enorme crescimento nas áreas de TI e de centros de serviços partilhados, já que Portugal continua a ser uma opção das grandes multinacionais para sediarem os seus centros de serviços partilhados e temos uma experiência muito alargada em qualquer destas áreas.
A Randstad tem muitos anos de experiência em outsourcing. De que forma esta experiência torna os seus serviços distintivos para as empresas face à concorrência?
O nosso portefólio de clientes e soluções permite-nos assegurar a experiência e confiança necessárias à boa execução dos projectos. Hoje somos conhecedores e implementadores de todas as tecnologias utilizadas no mercado da experiência de clientes e conseguimos aconselhar os nossos clientes sobre qual a melhor solução para cada situação ou fase de negócio. A nossa experiência e conhecimento do mercado de trabalho também nos permite desenhar soluções realistas e accionáveis.
Existem muitas empresas multinacionais que optam por Portugal para estabelecer os seus centros de contacto com colaboradores em regime de outsourcing. Quais são as razões que levam o nosso país a ser atractivo para esta actividade?
Portugal tem hoje um lugar consolidado como destino de nearshore, baseado sobretudo na qualidade do talento disponível, na excelência da infra-estrutura tecnológica, a localização estratégica e as condições para atracção de talento de outras geografias, como o clima, a segurança e o ambiente inovador. Tudo isto não é feito em modelo low-cost, mas com custos competitivos, que permitem defender uma relação saudável entre a entrega de um serviço de qualidade e a rentabilidade adequada e necessária para suportar os investimentos na capacidade instalada.
De que forma poderá o outsourcing evoluir a partir dos modelos híbridos de trabalho?
A adaptação das equipas a este modelo permite servir mais clientes com a mesma infra-estrutura e também atrair talento de outras geografias, o que vai potenciar crescimento adicional.
Quais os maiores desafios que se apresentam agora ao outsourcing?
A escassez de talento é o principal desafio. Cada vez mais temos solicitações e o dinamismo do mercado de trabalho obriga a novas abordagens, em que as academias de reskilling ou upskilling são parte da solução. Por outro lado, a integração de tecnologia com o ritmo necessário e o equilíbrio entre o investimento e a capacidade de o adaptar aos modelos existentes de forma sustentável. Quais os objectivos da Randstad para este ano em termos de outsourcing? Manter o crescimento nos serviços core e lançar novos serviços, tirando partido do know-how acumulado nas operações.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Outsourcing” publicado na edição de Abril (n.º 136) da Human Resources.
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