Carla Marques, Intelcia Portugal: Encontrar um equilíbrio entre a automação e a abordagem humana é crucial
Carla Marques, CEO da Intelcia Portugal, defende que «é crucial encontrar um equilíbrio entre a automação e a abordagem humana, garantindo que a implementação da IA na Gestão de Pessoas seja transparente e focada no desenvolvimento, tanto dos colaboradores quanto da organização como um todo».
«É inegável que a inteligência artificial (IA) está a impactar a Gestão de Pessoas em todo o mundo, reflectindo-se na resposta de 92% dos inquiridos. A automação de processos e análise de dados está a revolucionar a forma como recrutamos, desenvolvemos e retemos os nossos colaboradores.
Para 75%, será particularmente eficaz na área/ função de recrutamento, e para 48% na formação e desenvolvimento do talento. Ao analisar grandes volumes de dados, a IA pode identificar padrões e tendências que suportam os gestores a tomar decisões, alocação de talentos, desenvolvimento de liderança e retenção, mas também na personalização de programas de formação, antevendo e reagindo a tendências de turnover.
Considero que a substituição completa das funções de Gestão de Pessoas pela IA é improvável, sendo também a opinião de mais de 80% dos inquiridos. A colaboração entre a tecnologia e os profissionais de Recursos Humanos (RH) pode resultar em estratégias mais eficazes, permitindo que as empresas enfrentem os desafios de maneira mais inteligente e eficiente.
Quando colocada a questão do impacto da IA sobre a Gestão de Pessoas daqui a cinco anos, a resposta foi unânime, e 100% responderam que sim. Embora tenha um papel crescente na automação de tarefas repetitivas e na análise de dados, há muitos aspectos da Gestão de Pessoas que envolvem competências interpessoais, tomada de decisões complexas, criatividade, ética e valores que não podem ser replicados apenas por máquinas.
Não é por isso surpresa o facto de apenas 2% dos inquiridos apontarem as hard skills como as competências que mais valorizam quando recrutam. As soft e human skills assumem uma relevância fulcral na atracção de talento, estando as empresas cada vez mais abertas a uma cultura que vá no sentido de humanizar a experiência dos colaboradores.
É crucial encontrar um equilíbrio entre a automação e a abordagem humana, garantindo que a implementação da IA na Gestão de Pessoas seja transparente e focada no desenvolvimento, tanto dos colaboradores quanto da organização como um todo.
Na minha opinião, será uma poderosa ferramenta complementar, auxiliando em tarefas específicas e libertando tempo para actividades que requerem inteligência emocional, competências de comunicação e tomada de decisões estratégicas, na verdade permitindo que os nossos gestores de Pessoas se concentrem em actividades de alto valor.»
Este testemunho foi publicado na edição de Agosto (nº.152) da Human Resources, no âmbito da XLVIII edição do seu Barómetro.
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