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Quando o contexto influencia o estado de espírito (até ao trabalho)
Da mesma forma que não podemos dissociar a vida profissional daquilo que somos, também as nossas vivências pessoais têm influência no nosso trabalho. Diz-se que as novas gerações são mais reivindicativas, algumas empresas começam a fazer “braço de ferro”, mas não estaremos todos menos tolerantes? Será também reflexo de uma saúde mental cada vez menos saudável?
Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho
Há uma nova forma de encarar o trabalho e já não é só percepção, há dados que o comprovam. De acordo com o Workmonitor da Randstad, deste ano, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional tornou-se a principal prioridade para os trabalhadores portugueses no momento de decidir onde trabalhar, ultrapassando, pela primeira vez em 22 anos (desde que o estudo é feito) a hegemonia do salário. Não só a possibilidade de trabalhar remoto, mas também a flexibilidade começam a ser não negociáveis, para os profissionais, que, num contexto de pleno emprego, têm mais poder negocial. Mas as empresas, por sua vez, parecem estar menos dispostas a “ceder”, e algumas estão mesmo a colocar regras mais apertadas aos modelos híbridos.
Por outro lado, o tempo e permanência nas empresas está a diminuir. Seja porque já não se valoriza tanto o “emprego para a vida”, mas mais a experiência e novos desafios. E já não toleram “chefias à antiga”. Também se vai ouvindo que os jovens são menos resilientes, que “viram costas” à primeira dificuldade, não têm o mesmo sentido de dever e de responsabilidade. A tolerância das empresas vai igualmente diminuindo.
Não se tratará de um tema de gerações e, provavelmente, nem só de um tema de trabalho. A verdade é que vivemos um contexto político-económico complexo a nível internacional, há mais receio e incerteza em relação ao futuro, e a diminuição da tolerância verifica nas mais diversas vertentes. E estende-se, obviamente, ao trabalho. Aumentam assim os desafios para os gestores de Pessoas.
Estiverem presentes no almoço do Conselho Editorial, no Hotel Vila Galé Ópera: Ana Gama Marques (MEO); Ana Rita Lopes (Delta Cafés | Grupo Nabeiro); Elsa Carvalho (WTW); Francisco Viana (CGD); Marco Serrão (Galp); Nuno Ferreira Morgado (PLMJ); Nuno Troni (Gi Group Holding); Pedro Henriques (Siemens); Pedro Ramos (Keeptalent); Pedro Ribeiro (Super Bock Group); Pedro Rocha e Silva (LHH | DBM); e Sara Silva (L’Oréal).
Almoço do Conselho Editorial da Human Resources, artigo publicado n.º 170, de Fevereiro de 2025