Atenção, a fadiga digital pode estar a prejudicá-lo (também no trabalho). Reconhece alguns destes sinais? Saiba o que fazer

Alguns hábitos do dia-a-dia vão lentamente causando prejuízos na saúde física e mental. Um deles, que passa despercebido, é a fadiga digital, que vai abrindo caminho para o declínio da produtividade e do espírito de equipa, avança a Forbes.

 

Um estudo publicado no Journal of Business Research destaca que muito tempo em frente a um ecrã pode, na verdade, remodelar a arquitectura do cérebro.

Identificar estes cinco sinais de alerta neurológicos pode ser a chave para preservar o percurso da sua carreira, antes que surjam danos reais.

 

Loop digital

O sinal: Aquele agarrar inconsciente do telemóvel durante o jantar ou a vibração fantasma que jura ter sentido no bolso. Não é apenas um mau hábito. É o seu cérebro preso num loop digital de resposta.

 

A ciência por trás: investigadores da Frontiers in Psychology descobriram que este comportamento indica uma resposta hiperactiva da amígdala a estímulos digitais, semelhante ao que se verifica nos padrões de ansiedade. O cérebro criou, basicamente, um sistema intensificado de resposta a ameaças à volta da falta de informação digital.

 

Reset prático: agende uma auditoria aos valores de carreira. Passe 30 minutos a escrever o que realmente importa no seu trabalho sem olhar para nenhum dispositivo. Ao reflectir profundamente sobre o seu propósito profissional, mudará naturalmente a actividade do seu cérebro da amígdala reactiva para o córtex pré-frontal, focado no planeamento. É como um sistema de navegação que pode utilizar trimestralmente para garantir que as suas acções diárias estão alinhadas com a sua estrela-guia profissional, em vez de serem guiadas por impulsos digitais.

 

Acumulação digital

O sinal: Um ambiente de trabalho que se tornou um caos digital, com capturas de ecrã, downloads, ficheiros aleatórios e uma pasta “A organizar depois” que nunca é organizada.

 

A ciência por trás: isto não é apenas confusão — é o que os investigadores do MDPI chamam de “manifestação de fadiga de decisão”. Quando o córtex pré-frontal é sobrecarregado pelo constante processamento digital, até as pequenas decisões organizacionais se tornam cognitivamente desgastantes.

 

Reset prático: crie um mapa de projectos prioritários para identificar os três mais importantes e organize os ficheiros apenas relacionados com eles. Isso pode reduzir a sobrecarga de decisões e, ao mesmo tempo, criar uma sensação de controlo sobre o seu trabalho de maior impacto. Considere cada pasta organizada como um sinal de foco intencional para ajudar a esclarecer e revelar que projectos realmente merecem a sua energia e quais são apenas ruído disfarçados de prioridades.

 

Fragmentação da atenção

O sinal: os separadores do navegador tomaram conta do seu ecrã ou está a alternar entre quatro aplicações diferentes sem concluir nada. Estes são talvez sintomas de uma incapacidade de se concentrar numa tarefa digital sem se sentir atraído por outras.

 

A ciência por trás: estudos do Hospital McLean mostram que este comportamento reflecte uma deterioração nas redes de atenção do cérebro. A constante troca de contexto sobrecarrega os caminhos neurais.

 

Reset prático: implemente blocos de trabalho focados nas competências. Escolha uma competência profissional para desenvolver e dedique-lhe 45 minutos com todas as notificações desactivadas. Isso pode ser particularmente valioso para os profissionais que procuram dominar a sua função e skills de liderança. Combina a autoconsciência e a atenção focada com o desenvolvimento profissional, e também obtém o benefício adicional de reforçar caminhos neurais positivos, enquanto quebra hábitos multitarefa.

 

Afastamento social digital

O sinal: desligar a câmara com mais frequência durante as reuniões, preferir mensagens de texto em vez de videochamadas ou responder com o mínimo de esforço em chats de equipa. A energia para a interacção social digital exige mais esforço do que antes.

 

A ciência por trás: uma investigação da Universidade de Stanford mostra que os cérebros processam as interacções sociais digitais de forma diferente das presenciais, exigindo mais recursos cognitivos. Quando estas redes de processamento social ficam sobrecarregadas, minimizamos naturalmente o engagement.

 

Reset prático: agende tempo para se conectar com um mentor. Conversas profissionais significativas activam caminhos neurais diferentes das interacções digitais de rotina, ajudando a actualizar a sua capacidade de envolvimento social. Investir nas relações é uma boa jogada se procura uma vantagem competitiva num ambiente de trabalho cada vez mais digital.

 

Stress digital antecipado

O sinal: Passar as noites de domingo a ensaiar mentalmente a ofensiva digital de segunda-feira ou sentir-se ansioso com as videochamadas e e-mails da próxima semana antes mesmo de acontecerem.

 

A ciência por trás: de acordo com uma investigação publicada no Journal of Business, o stress por antecipação em ambientes de trabalho remotos desencadeia respostas mais intensas de cortisol que podem ser mais prejudiciais do que o stress da carga de trabalho, criando um ciclo de ansiedade digital que afecta o desempenho e o bem-estar.

 

Reset prático: considere criar um diário de carreira para documentar três vitórias profissionais da semana passada, por mais pequenas que sejam. Esta prática ajuda a mudar naturalmente o foco do seu cérebro da antecipação de ameaças para o reconhecimento de conquistas, reduzindo momentos de stress e reforçando a identidade profissional positiva. Pode utilizar cada anotação para se lembrar da sua capacidade de enfrentar desafios e desenvolver resiliência.

 

Lembre-se, o segredo não é eliminar a interacção digital, mas sim reconhecer os sinais de alerta precoces e responder com soluções focadas na saúde e na carreira.

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