Colaboradores felizes falam, mas será que o seu Employer Branding está a ouvir?

Por Rita Oliveira, fundadora e CEO da Shift

 

O Employer Branding tornou-se uma prioridade para muitas empresas. Quando se aborda este conceito, fala-se de cultura organizacional, benefícios atractivos e ambiente de trabalho inspirador. Mas há um fator essencial que raramente entra nesta equação: como aproveitar o que os colaboradores dizem sobre a empresa quando não estão a ler um guião corporativo, ou a materializar uma ideia da equipa de marketing.

É precisamente isto que vou tentar explorar neste artigo, procurando dar também algumas sugestões sobre como podem as empresas colocar o marketing de influência dos colaboradores ao serviço do Employer Branding. Pois vejamos, se os colaboradores não se tornam naturalmente embaixadores da empresa, será que o Employer Branding está realmente a funcionar?

Não é novidade para ninguém que o que os colaboradores contam acerca do seu dia-a-dia de trabalho e a forma como o fazem influencia a percepção da marca no mercado. Por isso, aos benefícios e estratégias de recrutamento, acresce um outro KPI essencial que o Employer Branding deve passar a considerar que está relacionado com o marketing de influência dos colaboradores. Isto porque o Empoyer Branding não se constrói apenas com benefícios corporativos, mas, acima de tudo, com pessoas que se orgulham do que fazem e que querem partilhar isso com o mundo à sua maneira. Assim, como podem as empresas transformar os seus colaboradores em verdadeiros embaixadores da marca, sem nada forçar ou que soe a guião de publicidade?

Nas empresas, o erro mais comum é pensar que os colaboradores só podem falar da empresa se estiverem “autorizados”. No entanto, o marketing de influência dos colaboradores não deve ser um guião corporativo; tem de ser algo natural, voluntário e baseado no que cada pessoa já faz bem.

Neste sentido, o ponto de partida será identificar os colaboradores que já falam sobre o sector nas redes sociais. Há sempre alguém que comenta tendências no LinkedIn ou que partilha insights sobre a profissão. Dê-lhes espaço e incentivo.

Embora ainda seja visto como um canal institucional, o LinkedIn funciona sempre melhor quando são as pessoas e não as empresas a fazerem publicações e a interagirem.

Por outro lado, é fundamental não forçar mensagens formatadas. Convide alguns colaboradores para uma pausa para café e pergunte-lhes o que diriam a um amigo se tivessem de lhe explicar por que razão gostam de trabalhar na empresa. As respostas podem revelar-se óptimos conteúdos para redes sociais.

Os consumidores e parceiros confiam mais em histórias reais do que em campanhas. As marcas que conseguem transformar as experiências dos seus colaboradores em storytelling ganham credibilidade de forma natural. Assim, em vez de publicar um conteúdo genérico sobre como a empresa é inovadora, dê liberdade a um colaborador para partilhar algo como “Hoje implementei uma solução que poupou três horas de trabalho à minha equipa. Pequenos ajustes, grandes impactos. E é por isso que adoro trabalhar aqui!”. Para isso, questione os seus colaboradores sobre qual foi a última coisa que fez no seu trabalho que lhe deu orgulho e ajude-os a transformar essa resposta num conteúdo.

Ao longo deste processo, é importante testar sem complicar. Por exemplo, a criação de um desafio interno que premeia o colaborador responsável pela autoria da publicação que gerou mais interacções, com um dia extra de férias ou um jantar para duas pessoas é algo simples de executar, mas com significado para os colaboradores e pode apresentar bons resultados.

Dar formação rápida sobre redes sociais para que até quem nunca postou no LinkedIn se sinta confortável é uma medida simples e muito eficaz. Se tiver outras redes sociais, como o Instagram, ou o TikTok por exemplo, faça o mesmo.

Desenvolver um “banco de ideias” com sugestões de conteúdos que podem servir de inspiração aos menos experientes é, também, outra das iniciativas a ter em conta.

São incentivos tão simples como estes que podem gerar bons resultados. Acreditar no marketing de influência interno não significa transformar os colaboradores em “máquinas de conteúdo”, mas motivam e facilitam a sua participação.

O futuro do Employer Branding não está apenas nas campanhas pagas. Está nas pequenas interacções diárias, na forma como os colaboradores falam da empresa, na autenticidade com que partilham as suas experiências.

As empresas não precisam de grandes orçamentos para transformar os seus colaboradores em embaixadores. Precisam apenas de criar um ambiente onde as pessoas se sintam confortáveis para partilhar, interagir e influenciar.

E se houver receio de que um colaborador se torne demasiado visível e seja recrutado pela concorrência? Melhor um talento reconhecido que fica porque gosta da empresa do que um talento invisível que sai porque nunca foi valorizado.

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