
O estado da arte do propósito organizacional em Portugal. Conheça também as empresas que se distinguem
Os números não mentem. E os resultados do estudo realizado pelo Purpose Lab, obtidos em 2024, confirmam e reforçam os do primeiro estudo, realizado em 2023: é evidente a importância para as organizações da existência de uma cultura de propósito. O vencedores desta edição foram Staples, Ares do Pinhal, Club 7, Abreu Advogados, Baquelite Liz, Faro Boats, Miligrama, RRJ Arquitectos, Semear e Tux & Gil.
Por Georg Dutschke, partner Purpose Lab
Uma organização que não tenha um propósito e não contribua para o bem-estar da sociedade terá menos acesso a talento (-38%), mais absentismo (+50%), menos produtividade (-9%), menos consumidores (-87%) e menor margem de venda dos seus produtos/serviços (-13%). Será uma organização menos sustentável, com menor potencial de criação de valor e com menos valor para os accionistas. Estas são algumas das conclusões dos estudos realizados pelo Purpose Lab, em Portugal, no ano 2024, com a participação de aproximadamente 14 225 profissionais e quatro mil consumidores.
Diferentes autores têm procurado definir o Propósito Organizacional. Hurth et al. (2018) referem-no como sendo a razão significativa e duradoura para a existência de uma organização, alinhada com os resultados financeiros de longo prazo, que permite um contexto claro para a tomada de decisões do dia-a-dia e proporciona uma verdadeira empatia entre os stakeholders relevantes. Rey et al. (2019) consideram que o propósito organizacional expressa o impacto positivo e o legado que uma empresa pretende deixar neste mundo. O cumprimento do propósito pessoal dentro do propósito organizacional é a essência das organizações verdadeiramente orientadas para o propósito.
Para medir o nível de propósito nas organizações, o Purpose Lab utiliza um modelo próprio, com base no trabalho desenvolvido por Lerer (2022), complementado com perguntas que medem o impacto na rentabilidade e outras que pretendem aferir a percepção sobre propósito. O modelo considera três dimensões e 98 variáveis de análise, que permitem avaliar a existência de um Propósito na Organização, um Propósito na Função desempenhada e o seu alinhamento com o Propósito Pessoal. A escala de resposta varia entre um (não existe propósito) e cinco.
Sendo possível definir e medir (com fundamento científico) o propósito organizacional, o Purpose Lab realiza anualmente um estudo sobre este tema em Portugal e identifica as organizações que mais se destacam na promoção do propósito junto dos seus colaboradores. Partilhamos as principais conclusões.
Evolução em Portugal
Os respondentes consideram que, na maioria das organizações, existe um propósito organizacional (4,2), que a organização tem um propósito (4,1), que a função realizada tem um propósito (4,2) que está alinhado com o propósito pessoal (4,2). É relevante notar a evolução do reconhecimento da existência de um propósito de 2023/2024, podendo significar um maior cuidado das organizações com este conceito e o reconhecimento da sua importância como ferramenta de gestão e para a sociedade. O propósito organizacional é fruto de um pensamento estratégico e deve ser vivenciado no dia-a-dia das organizações.
Da análise às respostas sobre a existência de um Propósito na Organização, é claro que os profissionais que o reconhecem consideram a organização mais inovadora, estão mais envolvidos e não pretendem sair. Ou seja, que a organização é mais sustentável e contribui para a sustentabilidade dos colaboradores. Os resultados permitem relacionar o reconhecimento da existência de uma cultura de propósito organizacional e a vontade de sair da organização. O gráfico 2 demonstra essa relação.
Quanto menor é o nível de propósito, maior é vontade de sair. Nas organizações onde o nível é de 1 (não existência de uma cultura de propósito), 71% dos profissionais referem ter vontade de sair. Pelo contrário, quando o nível é 5 (existe uma cultura de propósito), apenas 10% dos colaboradores referem a vontade de mudar de organização.
Leia o artigo na íntegra na edição de Fevereiro (nº. 170) da Human Resources, nas bancas.
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