Lutar por um mundo de trabalho que reflicta o talento das mulheres

Por Mariana Figueiredo Salvaterra, CEO da Zühlke em Portugal

 

Celebra-se este sábado o Dia Internacional da Mulher, data que relembra as conquistas das mulheres, mas também a urgência de assegurar a igualdade de género em todas as áreas da vida. No que toca ao mundo do trabalho, e principalmente no ramo da tecnologia, este parece ser ainda um caminho com alguns obstáculos: segundo um estudo recente da Harvard Business School, as mulheres estão a adoptar a tecnologia de IA generativa a um ritmo significativamente inferior ao dos homens, sendo que os seus cargos são os mais vulneráveis de serem substituídos pela automatização, segundo um estudo da Code First Girls.

Face a este cenário, além de ser necessário reflectir, é ainda mais importante agir para que consigamos promover um mundo mais justo para as mulheres em tecnologia, garantindo que não ficam para trás e que acompanham a evolução.

Actualmente, a falta de representatividade das mulheres em tecnologia é ainda um desafio real, que tem evoluído muito lentamente, sendo um factor que desincentiva – mesmo que de forma inconsciente – muitas mulheres a seguir um percurso no sector, dificultando o processo de evolução e progressão das profissionais neste tipo de carreiras. Na mesma linha, também a falta de representatividade nos cargos de liderança surge como um obstáculo para que mais mulheres consigam evoluir numa carreira em tecnologia: o facto de existirem, hoje, ainda poucas líderes no sector pode reduzir a motivação de mulheres recém-chegadas ao mercado de trabalho, pelo que é fundamental desenvolver e aplicar estratégias neste sentido.

Promover a igualdade de género no sector tecnológico exige, por isso, uma revisão de processos, logo no recrutamento. Recorrer a ferramentas de Inteligência Artificial pode ser uma boa estratégia, pois são capazes de adaptar os anúncios de emprego, a linguagem utilizada e a filtragem de currículos para um recrutamento mais justo e menos enviesado. Por outro lado, é também fundamental formar e consciencializar as equipas sobre esta realidade, para que saibam reconhecer e combater atitudes discriminatórias. Promover modelos de trabalho flexíveis, que ajudem mulheres e homens a equilibrar as responsabilidades profissionais e pessoais, permite também aumentar a igualdade e o bem-estar, enquanto fomenta o crescimento profissional. Uma medida importante para garantir este equilíbrio pode passar pela implementação de uma licença parental partilhada​​, permitindo que ambos os pais assumam responsabilidades como consultas médicas ou reuniões escolares.

O Dia Internacional da Mulher traz consigo uma reflexão absolutamente necessária para um mundo mais justo e inclusivo. Chegou a hora de garantir que as mulheres têm as mesmas oportunidades no mundo do trabalho, que reflecte as suas capacidades e talento. O nosso papel é, sem dúvida, conduzir esta mudança, que certamente trará benefícios não só para as mulheres, mas também para a sociedade e para o mercado de trabalho, que se tornará mais inovador e produtivo.

Ler Mais