Stress no trabalho: Quando se torna um problema de saúde?

A fronteira entre um ritmo normal de trabalho e um problema de stress no local de trabalho é ténue e depende dos recursos de cada colaborador. O que acontece quando deixa de ser um problema exclusivamente profissional e passa a ser um problema de saúde?

Por Paulo Mendonça

 

Em ambiente de trabalho, é muito comum falar-se de exigências muito altas ou baixas em relação às competências, falta de clareza na definição das funções e responsabilidades, falta de participação na tomada de decisões e falta de controlo sobre a forma como se executa o trabalho.

Quatro em cada 10 trabalhadores na Europa sente que o stress não é um tema devidamente abordado nos seus locais de trabalho, e acredita que aquilo que o provoca não é tão linear como se julga. O stress relacionado com o trabalho é mesmo o segundo problema de saúde mais referido pelos europeus, segundo o inquérito EU-OSHA, e, por isso, a Associação Portuguesa de Segurança (APSEI) levou este tema a discussão na conferência Proteger 2018, com a Mesa Redonda “Riscos e Tendências Emergentes no Trabalho do séc. XXI”, que se realizou Novembro passado.

Para perceber melhor as implicações deste problema nos colaboradores das empresas, a Human Resources Portugal falou com António Gomes da Silva, director técnico da APSEI.

 

Onde se traça a fronteira entre um normal ritmo acelerado e um problema de stress no local de trabalho?

Existem uma série de modelos que procuram descrever quais os factores que conduzem a stress no local de trabalho e quais os factores que contribuem para a estimulação, bem-estar e saúde. A fronteira entre um ritmo normal de trabalho e um problema de stress no local de trabalho é ténue e depende dos recursos de cada colaborador. Ou seja, quando o indivíduo percepciona equilíbrio entre os recursos que possui e as exigências a que está sujeito, então há um ritmo equilibrado, pois consegue dar resposta aos desafios apresentados. Por outro lado, quando o indivíduo percepciona que os seus recursos pessoais não são suficientes para lidar com as exigências apresentadas, o indivíduo começa a sentir stress relacionado com o trabalho. É importante notar-se que a percepção de falta de recursos poderá não ser real e ser apenas o reflexo de falta de confiança por parte do colaborador, e ainda que o stress poderá surgir quando os recursos são muito superiores às exigências.

É preciso entender que diferentes áreas ou profissões também revelam diferentes níveis de stress ocupacional, isto é, têm um carácter mais stressante e é necessário ter maiores recursos de forma a conseguir lidar com as exigências apresentadas para evitar o mesmo.

 

Quais são os factores que tipicamente contribuem para um problema grave de stress no local de trabalho?

São várias as causas do stress no local de trabalho, maioritariamente as más condições físicas de trabalho, sobrecarga e pressão de tempo elevada, ambiguidade de trabalho e conflito de papéis, desenvolvimento da carreira, falta de segurança no trabalho e falta de consistência nas promoções de carreira, relações com as chefias ou colegas e maltrato por parte de terceiros. Obviamente que a estrutura e clima da própria organização, incluindo o envolvimento no processo de tomada de decisão e políticas organizacionais, têm também uma grande influência.

Leia a entrevista na íntegra na edição de Dezembro da Human Resources, nas bancas.

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