
A “batota” no local de trabalho está a aumentar. E para as novas gerações isso é perfeitamente aceitável (como as “férias silenciosas”)
Enveredar por “esquemas” no trabalho não é propriamente um conceito novo, mas a tecnologia e os horários híbridos introduziram algumas novidades nesta área, avança a Moneywise.
Numa publicação no Reddit, um utilizador admite usar inteligência artificial (IA) no trabalho e procura “validação” junto de outros profissionais. «Só queria saber quantos de vocês usam secretamente o ChatGPT no trabalho e para que é que o usam?» e explica que o seu empregador parece estar entusiasmado com os resultados. «Deixo que pensem que sou um génio no trabalho, mas o assunto do ChatGPT nunca surgiu em conversa, lol.»
Centenas de comentários de administradores de sistemas confirmaram que também utilizam o ChatGPT no trabalho para gerar código, bem como ideias sobre como corrigir outros problemas. Aparentemente, esta é apenas uma das muitas formas através das quais os colaboradores da Geração Z e da geração Y estão a “fazer batota” no trabalho.
Quebrar todos as regras
De acordo com um inquérito realizado pela PapersOwl, 95% dos inquiridos norte-americanos entre os 18 e os 34 anos disseram que utilizar software da empresa para uso pessoal, sair mais cedo e dormir no trabalho eram completamente aceitáveis no ambiente de trabalho actual.
Os tipos mais comuns de violação de regras por parte dos colaboradores foram sair mais cedo do trabalho (34%), mentir sobre estar doente (27%), chegar atrasado (18%), “quiet quitting” (16%) e utilizar IA no trabalho (14%).
Mais de metade dos inquiridos também admitiu ter tirado “férias silenciosas” — tirar uma folga sem avisar o chefe — pelo menos três vezes no ano passado. Os motivos para estas folgas não autorizadas deveram-se principalmente ao burnout ou à disponibilidade limitada de baixas médicas pagas, revelou a PapersOwl.
Adicionalmente, quase um terço dos inquiridos admitiram que fizeram “career catfishing” no ano passado, o que significa que foram trabalhar um dia e depois desapareceram sem dizer nada ao empregador. Um em cada cinco reconhece tê-lo feito pelo desafio.
Há também o fenómeno crescente dos coffee badgers: colaboradores que aparecem no escritório apenas para para registar a sua presença nesse dia e depois saem mais cedo. Mais de um terço dos inquiridos (36%) afirmou que usou essa táctica até 10 vezes no ano passado.
Com os novos modelos de trabalho, tornou-se muito mais fácil quebrar as regras no trabalho. Mas a popularidade destas tácticas entre os profissionais Millennials e da geração Z é alarmante e pode ter um custo.
De acordo com o PapersOwl, 95% dos inquiridos das gerações Y e Z consideram a batota aceitável no local de trabalho. Muitos entrevistados referiram a saúde mental como o motivo das transgressões, mas os factores podem variar. Interessante é a forma como a investigação da PapersOwl destaca uma mudança nas expectativas do local de trabalho e no equilíbrio entre a vida pessoal e profissional nos actuais arranjos híbridos de trabalho a partir de casa.
O estigma em torno da “batota” no local de trabalho parece estar a diminuir, mas isso não significa que os jovens trabalhadores não devam ter cuidado. Perder o emprego porque a empresa está descontente com o seu comportamento será provavelmente muito pior para a sua saúde mental do que simplesmente chegar a horas.
Por isso, os jovens trabalhadores devem ser cautelosos. Por exemplo, se quiser utilizar a IA no trabalho, tente desenvolver com o seu gestor um protocolo de boas práticas de utilização da IA para determinar em que momentos e situações empresa se sentirá confortável com a utilização da ferramenta. Fazer isto criará transparência com a chefia e poderá ajudá-lo a evitar a ansiedade de se preocupar em fazer algo errado.
Em vez de fazer “catfishing” ou “coffee badging”, tente manter-se no seu emprego actual até encontrar um outro que ofereça o tipo de flexibilidade que procura. As técnicas atrás descritas não são uma boa forma de expressar a sua insatisfação com a flexibilidade da empresa.
Da mesma forma, umas “férias silenciosas” são certamente uma boa forma de ser notado na próxima ronda de despedimentos da empresa. Em vez disso, comece a procurar um local de trabalho que ofereça melhores benefícios ou menos carga de trabalho, para que não esteja a enganar o seu chefe.