«A educação, formação e requalificação terão de ser prioridades», defende Nuno Troni
Sobre os resultados do XXXIII Barómetro Human Resources, Nuno Troni, director da Randstad Professionals faz notar que «a educação, formação e requalificação terão de ser, forçosamente, prioridades, para que possamos inverter o actual cenário, cabendo esse papel tanto ao Governo como às empresas». Leia o seu testemunho.
«Os resultados desde XXXIII Barómetro Human Resources ilustram uma das principais preocupações do mercado de trabalho: mobilidade, reskilling e upskilling. A prioridade, no momento actual, é evidentemente a continuidade do negócio e a saúde dos trabalhadores, mas sabemos que as crises precipitam e aceleram mudanças estruturais. Antes da pandemia já discutíamos temas como a digitalização, automação e desintermediação, e as conclusões não são especialmente animadoras. Mesmo com a conjuntura actual, em que muitas empresas tiveram de se reinventar e transformar a forma como trabalham, só uma pequena minoria indica que estão a implementar mobilidades internas, indiciando que a sua força de trabalho poderá não ser suficientemente flexível ou, pura e simplesmente, com a transformação do negócio poderão não necessitar do mesmo número de pessoas (empresas que transitem do modelo de loja física para loja online será dos exemplos mais evidentes). Relativamente aos programas de upskilling e reskilling, menos de 20% das empresas indicam que a maioria dos seus trabalhadores está a beneficiar deste tipo de programa, sendo que a maioria ou não o faz ou abrange apenas uma minoria. Um dos principais receios que temos é o aumento do número de pessoas que não consegue ingressar no mercado de trabalho e, tendo em conta que o mercado de trabalho exigirá cada vez mais qualificações em detrimento de funções puramente operacionais, este receio pode tornar-se na dura realidade. A educação, formação e requalificação terão de ser, forçosamente, prioridades, para que possamos inverter este cenário, cabendo esse papel tanto ao Governo como às empresas.»
Este testemunho foi publicado na edição de Novembro (nº. 119) da Human Resources, no âmbito da XXXIII edição do seu Barómetro.