A formação interna compensa

O saldo migratório não consegue corresponder às necessidades das empresas, pois a mão-de-obra que entra em Portugal não tem as qualificações “certas”. A inexistência de um ensino profissionalizante, actualizado e bem estruturado, também não ajuda. O que fazer? A solução pode estar nas academias corporativas.

Por Tânia Reis | Fotos Nuno Carrancho

 

Os últimos dados estatísticos dão nota de que, em Portugal, a população empregada atingiu perto de cinco milhões, e, para uma sociedade cada vez mais envelhecida, são dados positivos para a economia nacional. Curiosamente, no mesmo conjunto de dados, apercebemo-nos de que 400 mil pessoas permanecem desempregados e a taxa de desemprego jovem atinge os 23,9%. Num País em que um dos maiores desafios apontados pelos empregadores é precisamente a escassez de talento e mão-de-obra, em que estamos a falhar? Que razões estão por trás deste contrassenso?

Primeiramente, convém olhar para o saldo negativo nas qualificações que exportamos e importamos. O nível de conhecimento e formação de profissionais que optam por sair do País é francamente superior aos que escolhem Portugal para construir um futuro. Ainda que seja uma realidade verificada noutros países, europeus e não só, a verdade é que os profissionais actualmente disponíveis não dispõem das skills necessárias para as funções existentes.

Igualmente, é inegável que o País não dispõe de um ensino profissionalizante bem estruturado e actualizado face às necessidades do mercado e do tecido empresarial. Para contornar esse desafio, são várias as empresas que estão a criar as suas próprias academias internas para formar e qualificar os profissionais e assim conseguir colmatar a escassez de talento.

Outro factor que não pode ser deixado de lado é a remuneração, sendo incontestável que a capacidade de atrair e manter talento passa, em grande parte, por um aumento nos salários praticados em Portugal e por ajustes na legislação laboral.

O almoço contou com a presença dos conselheiros: Ana Gama Marques (Altice), Catarina Tendeiro (Hovione), Elsa Carvalho (WTW), Isabel Borgas (NOS), Joana Pita Negrão (Nova SBE), Marco Serrão (Galp), Maria João Martins (My Change), Nuno Ferreira Morgado (PLMJ), Nuno Troni (Randstad), Pedro Fontes Falcão (Iscte Executive Education), Pedro Henriques (Siemens), Pedro Ribeiro (Super Bock Group) e Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida HR Consulting).

Almoço do Conselho Editorial da Human Resources, artigo publicado n.º 162, de Junho de 2024

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