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A recuperação económica pós-COVID vai depender destes factores
Com a implementação de medidas para lidar com a nova realidade pós confinamento, era previsível a quebra na actividade económica. A Savills salienta que, de acordo com as estimativas mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a maioria das economias vão ser afectadas, no entanto, tudo irá depender de factores como a duração dos bloqueios em cada país e a rapidez e eficiência dos apoios.
De acordo com Banco de Portugal, calcula-se que o impacto económico da pandemia seja relativamente limitado, o que irá depender das medidas tomadas pelas autoridades económicas de modo a conter os danos na economia. Num cenário contrário, existiria maior interrupção nas cadeias produtivas globalmente com um clima de incerteza e maior turbulência no mercado financeiro.
Os dados do Banco de Portugal mostram ainda que num cenário mais optimista, a percentagem de exportações de 2020 seria -12.1% e no cenário mais adverso seria -19.1%. Relativamente ao consumo privado, em 2020 no cenário optimista seria -2.8% e no cenário mais adverso seria de -4.8%. Já a a taxa de desemprego num cenário optimista seria 10,1 e num cenário adverso, 11,7.
Com o aparecimento da COVID-19 em Portugal no mês de Março, as taxas de juro das obrigações a 10 anos começaram a subir. Antes da Organização Mundial de Saúde ter declarado o estado de pandemia mundial, as taxas estavam a rondar os 0,2% e em Fevereiro haviam descido para um mínimo de 0,15%. No entanto, a trajectória em Março foi descendente, com uma subida acentuada para quase 1,6%.
A Savills relembra que a época do impacto da COVID-19, a economia portuguesa estava numa fase de crescimento económico estável e sustentado e acredita que Portugal está em terreno vantajoso na corrida pela recuperação, uma vez que o seu plano de contingência foi aplicado numa fase ainda muito preliminar na disseminação do vírus. «Somos o destino de escolha para a implementação de várias empresas multinacionais e temos um destino turístico muito seguro, oferecendo uma das melhores relações qualidade-preço do mundo», lê-se em comunicado.
Para a empresa, a COVID-19 continua a ser um desafio de curto prazo, mas há que pensar no relançamento da economia no momento imediato ao alívio das restrições do funcionamento dos mercados.
Na opinião de Paulo Silva, head of Country da Savills Portugal, «Nas próximas semanas, meses, iremos assistir a uma revisão das projecções económicas em baixa e assistiremos ao anúncio de um significativo número de pedidos de insolvência, sobretudo nos EUA, onde os mercados reagem sempre mais rápida e violentamente. No entanto, o contexto que vivemos é muito distinto do da última crise, sendo previsível que irá ser mais limitado no tempo, como nos revelam os sinais recebidos da Ásia, região onde a pandemia teve a sua génese e a Savills se encontra fortemente representada e na qual verificamos que os nossos escritórios estão praticamente todos abertos e com níveis de actividade crescentes.»