Angústia na adopção da IA: Como os líderes sofrem com a implementação inadequada

O dilema da Inteligência Artificial: porque é que os líderes se debatem com uma adopção deficiente no local de trabalho e com a perda de oportunidades de upskilling dos colaboradores?

 

Por Joe Hart, presidente e CEO da Dale Carnegie

 

No mundo actual, acelerado e impulsionado pela tecnologia, a inteligência artificial (IA) surgiu como uma força transformadora com potencial para revolucionar a maneira como trabalhamos, tomamos decisões e interagimos com a tecnologia. A IA promete mais eficiência, conhecimentos baseados em dados e maior produtividade, o que a torna uma ferramenta valiosa para empresas de vários sectores. Contudo, apesar das promessas desta tecnologia de ponta, muitos líderes dão por si a debater-se com os desafios de a implementar eficazmente no local de trabalho.

Embora a IA ofereça uma infinidade de vantagens, da automatização de tarefas de rotina à descoberta de tendências ocultas nos dados, o caminho para uma integração bem-sucedida está longe de ser simples. Nos últimos anos, a dificuldade em aproveitar todo o potencial da IA levou a uma pergunta crítica: porque é que tantos líderes falham na implementação da IA e que factores evitáveis contribuem para estes contratempos?

Segundo um relatório da Harvard Business Review relacionado com os fracassos da IA por parte dos líderes de topo, demasiadas empresas «estão destinadas a falhar devido a mau alinhamento, falta de confiança, foco insuficiente nas oportunidades de negócio e na forma como o seu trabalho é entendido internamente». Talvez essas sejam algumas das razões pelas quais a pesquisa State of AI, da McKinsey, descobriu que menos de um quarto das empresas que usam IA viram um impacto significativo nos resultados – lacunas que evitam o impacto em escala, sugerindo que podem ser causadas «não só pelos desafios técnicos, mas também pelas mudanças organizacionais necessárias ». Mudanças que muitos líderes simplesmente não fazem – intencional ou inconscientemente.

As empresas compreendem cada vez mais a utilidade da IA para muitas das suas tarefas mais mundanas, ou mesmo complexas, mas debatem-se com uma implementação eficaz e escalável – principalmente de uma forma que envolva os colaboradores no processo proveitosamente.

Num mundo ideal, a IA faz a maioria das tarefas rotineiras, deixando para os humanos as tarefas criativas e de pensamento crítico. Um programa de IA pode recolher e analisar dados, fornecendo-os de forma compreensível para que um trabalhador os interprete, apresente e tome decisões.

Isto requer a adesão dos trabalhadores, algo que exige esforço, e é muito mais fácil na teoria do que na prática. De facto, a incapacidade de alcançar ou optimizar esta sensibilidade dos colaboradores prejudica ainda mais a utilização bem-sucedida da IA, em todos os sectores. Um inquérito mostrou que a melhor forma de entusiasmar os colaboradores relativamente à IA – três vezes mais entusiasmados, para sermos exactos – é inspirar confiança nos líderes, ajudar os colaboradores a compreenderem como funciona a tecnologia, e aumentar as competências transversais dos trabalhadores para os ajudar a sentirem-se relevantes na empresa e no seu cargo.

 

Nove verdades fundamentais sobre a IA
Eis nove verdades fundamentais sobre a IA que todos os líderes devem conhecer e ter em conta agora, para garantir o sucesso da adopção da IA e da aprendizagem automática no local de trabalho.

1. A gestão da mudança é fundamental para uma implementação bem-sucedida da IA. A IA é transformadora para as empresas. Mas uma implementação bem-sucedida exige um plano sólido de gestão da mudança, para garantir que os líderes comunicam, constroem relações de confiança e incentivam os funcionários na sua formação e na utilização da IA.

 

2. A IA tem impacto significativo no envolvimento dos colaboradores. Não se pode pôr pessoas de parte quando se trata de IA, o que significa que é fundamental manter as interacções pessoais. No que diz respeito à relação colaborador-gestor, os líderes têm de inspirar confiança na IA e ensinar os colaboradores a utilizá-la da melhor forma possível.

 

3. As atitudes dos colaboradores serão determinantes para a sua estratégia de IA. São eles que “carregam nos botões” para fazer a IA funcionar, por isso, é bom que tenham uma atitude saudável em relação a ela. Confiar na liderança, criar transparência nos programas e ganhar confiança nas suas capacidades são formas de os colaboradores adoptarem uma atitude mais positiva relativamente às mudanças que envolvem a IA.

 

4. Os funcionários precisam de ter confiança na utilização da IA. Um inquérito da Dale Carnegie revelou que 65% dos colaboradores estão preocupados com a possibilidade de a IA lhes tirar o emprego. A melhor forma de inspirar confiança na IA é dar formação aos colaboradores, não só para a utilizarem, mas também em competências transversais que só um ser humano domina.

 

5. Os líderes de topo devem inspirar confiança aos trabalhadores. Os directores têm uma forte confiança nos líderes seniores, mas esta diminui quando descemos na cadeia de comando. Os gestores têm cerca de metade da confiança dos directores. E os colaboradores têm cerca de metade da confiança que os directores têm. Os líderes de topo têm de inspirar confiança e segurança para implementar a IA com sucesso.

 

6. A preparação para parcerias entre humanos e máquinas é fundamental. Como diz o lema dos escuteiros: esteja preparado. Trabalhadores e empresas adoptam melhor a IA quando existe uma preparação adequada. Isto inclui preparar a mentalidade dos colaboradores para trabalharem com a IA, modificar as descrições de funções ou listas de tarefas, e muito mais.

 

7. Não negligencie os pormenores quando utilizar a IA. A IA irá afectar tudo, da carga de trabalho dos colaboradores à experiência do utilizador final. Por isso, à medida que os líderes embarcam na “revolução da IA”, precisam de pensar em todos os ângulos e todos os pormenores. No final, a IA só é útil e bem-sucedida quando integrada correctamente na sua força de trabalho.

 

8. A IA generativa está a causar grandes mudanças. Com a IA generativa e preditiva (como o ChatGPT), é mais crucial do que nunca que os líderes ajudem os colaboradores a permanecerem ágeis, a serem resilientes e a trabalharem positivamente com a IA para aumentarem o seu sucesso.

 

9. A IA melhora a formação dos colaboradores. A IA pode ser particularmente benéfica para a aprendizagem e desenvolvimento (L&D), ou o que hoje chamamos “upskilling”. Os trabalhadores precisam de continuar a aprender e a desenvolver-se para se manterem competentes nas suas funções e terem um desempenho cada vez mais elevado. E podem precisar de receber formação em técnicas de liderança para terem a possibilidade de progredir no futuro.

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