“Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina.’’ No Ano Europeu das Competências, é preciso renovar o desafio da Aprendizagem ao Longo da Vida

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

‘’Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina.’’ Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.)

A Presidência Portuguesa da União Europeia de 2000, no âmbito da qual se lançou a Estratégia de Lisboa, foi considerada um marco essencial na importância atribuída às competências, aptidões e conhecimentos. Em 2006 há uma Recomendação do Parlamento Europeu que tem em vista materializar um Quadro de Referência Europeu de Competências Essenciais para a Aprendizagem ao Longo da Vida. Em 2016 a Comissão Europeia adota uma Agenda de Competências para a Europa, até que, com mais algumas iniciativas, a Comissão designa 2023 o Ano Europeu das Competências, com foco nas Competências Verdes e Digitais.
23 longos anos! Mas sejamos positivos. Existiram neste percurso vários Planos de Ação e Recomendações que salientam pilares importantes, desde a educação inclusiva à promoção de uma educação de qualidade, a importância de uma dimensão europeia do ensino, o despertar para a diversidade e para o património comum da Europa. Já para não se falar da Educação Digital e da reflexão sobre as questões climáticas.
Curiosamente, a pandemia que nos assolou recentemente, ajudou a acelerar planos que se encontravam com alguma letargia. Se em termos digitais foi inquestionável, não foi menos importante a Agenda de Competências para a Europa em vista de uma competitividade sustentável, da justiça social e da resiliência, em 2020. Em que se salientam os pilares dos Direitos Sociais, o Pacto Ecológico Europeu e a nova Estratégia Digital. A que podemos juntar outras iniciativas, como a Agenda Europeia de Inovação, em 2022.
A Aprendizagem ao Longo da Vida é um edifício que exige solidez na dicotomia dos seus alicerces: Ensino e Formação, com apoio de muitos outros pilares complementares e que os podem e devem fortalecer. Mas o importante é existirem respostas aos desafios das sociedades atuais, de um mundo em rápida mutação, com um forte aumento da automatização, a presença de novas tecnologias, no trabalho e na vida do dia a dia. Mas igualmente com uma relevância em crescendo de competências de empreendedorismo, mas também cívicas e sociais. Tudo muito orientado para uma capacidade inusitada de adaptação à mudança que, no mínimo, mantenha os atuais níveis de vida, sustente elevadas taxas de emprego e fomente a coesão social.
Mas todos os dias, no confronto com a realidade, sentimos que temos de fazer novos cálculos para que os alicerces sejam mais resistentes. Por isso é que a experiência dos mais velhos não pode ser desprezada nas organizações e na sociedade, mas também se esperam novas ideias e arrojadas dos mais novos. Temos de trabalhar mais e melhor a cidadania, bem como as competências pessoais e sociais e uma atitude de aprender a aprender, sem esquecer competências de sensibilidade e expressão cultural.
Aprendizagem ao Longo da Vida é ter a humildade de reconhecer que, em todas as etapas da vida, há sempre algo a melhorar, sejam os conhecimentos, sejam aptidões, sejam atitudes. Não interessa organizacionalmente de quem é a responsabilidade, pois o propósito é sempre garantir acesso à Aprendizagem, seja por via do Ensino ou da Formação.