Atrair (e Reter) Talento, um problema de escala mundial com intensidade em Portugal

Com o desenvolvimento tecnológico, o mercado de trabalho passa por constantes mudanças. Certeza óbvia! Desta forma, as organizações necessitam cada vez mais de pessoas qualificadas, capazes de responder aos novos desafios. E esta necessidade muda, logicamente, a forma como se lida com o designado capital humano da organização.

Por António Saraiva, Business Development manager na ISQ Academy

Há que inovar processos e mudar estratégias. Não basta, hoje em dia, tão só recrutar, há que encontrar talento. No fundo, mais que convocar alguém para um processo de recrutamento, há que atrair. Sem nos esquecermos de desenvolver e investir na permanência dos profissionais que existem.

Sem avançarmos numa lógica de jogo de palavras, apostemos mais em atração do que em recrutamento. Atrair é um processo de descoberta. De capacidades, de competências, não para colmatarmos tão só uma vaga em aberto, mas uma aposta que se revele duradoura. E não falamos tão só de valências técnicas e tecnológicas, falamos também do que podemos designar do eu social do candidato. Estamos a debater-nos com uma velocidade demasiado rápida de transformações e a mão de obra existente não a está a acompanhar. Estudo sobre qualquer transformação e capacitação de pessoas não se adquirem de um dia para o outro.

Por isso mesmo, os estudos recentes apresentam números verdadeiramente arrasadores. Um desses estudos aponta para uma escassez de talento na ordem dos 81% em Portugal, sendo que a média global se situa nos 75%. Estamos a falar, pois, de um problema de escala mundial, o que ainda é mais preocupante, mesmo em países considerados altamente desenvolvidos. E se existem setores de atividade mais afetados, como é o caso da Saúde, a verdade é que o diferencial para a generalidade dos setores a variação é muito curta.

Por tudo isto, a rotatividade faz-se sentir de uma forma muito acentuada, cometendo-se alguns erros que podem comprometer o futuro organizacional. Há que abrir novos horizontes, uma disposição clara para investir na capacitação das pessoas, mudar as estratégias de organização do trabalho e um outro fator fundamental: a Cultura Organizacional! Atrair pessoas, atrair talento é a necessidade de se identificarem pessoas alinhadas com um Propósito, com os Valores organizacionais. Tão simplesmente porque é isto que pode mudar o presente e influenciar positivamente o futuro de cada Organização. É mostrar ao Mercado a respetiva diferenciação e excelência de atuação por via das suas… Pessoas!

E depois de atrair… reter Talento: pessoas com potencial de aprendizagem e de evolução, comprometidas, satisfeitas, até orgulhosas da pertença e, logicamente, mais motivadas. No fim da linha, a organização está, pois, a agregar Valor e a projetar devidamente a sua Marca no Mercado. Por mais dramáticos que os números se apresentem, são altamente valiosos para termos um entendimento correto e objetivo da realidade. Dependendo dos estudos, as questões salariais apresentam-se em primeiro ou em segundo lugar, mas alternam com algo que talvez seja mais fácil de obviar: a promoção da autonomia e o equilíbrio e o bem-estar do talento, com um forte foco na designada flexibilidade laboral, seja nos modelos de trabalho, seja nos horários. Tudo é uma opção, que redunda em custo ou investimento e em ser casuístico ou em ganhar o futuro!

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