Bem-estar financeiro: Um desafio urgente para os RH

Investir no bem-estar financeiro não é um luxo. É uma estratégia inteligente, humana e sustentável. Porque quando as pessoas estão bem, as empresas funcionam melhor.

 

Por Vanda de Jesus, co-CEO do Doutor Finanças

 

Os profissionais de Recursos Humanos (RH) sabem que os dias são cada vez mais exigentes. Recrutar, motivar, desenvolver talento, gerir equipas diversas, garantir condições de trabalho justas – tudo isto ao mesmo tempo. A missão é clara: cuidar das pessoas. E cuidar implica, cada vez mais, ir além do ambiente físico ou emocional. Hoje, o bem-estar financeiro é uma peça central do puzzle.

Sabemos, com dados na mão, que a saúde financeira influencia directamente o bem-estar geral dos colaboradores. O estudo “Estado do Bem-Estar Financeiro 2024” (Doutor Finanças & Laicos) confirma: dificuldades financeiras geram stress, afectam a saúde mental e reduzem a capacidade de foco no trabalho. Não estamos a falar apenas de números no extrato bancário. Estamos a falar de tranquilidade, estabilidade e capacidade de decisão.

Mais do que isso: os trabalhadores esperam que as suas empresas tenham um papel activo neste campo. O “Employee Financial Wellness Report 2024” reforça que os colaboradores valorizam organizações que oferecem ferramentas de apoio financeiro, formação em literacia e benefícios que aliviem o peso do dia-a-dia. Ignorar esta expectativa é desalinhar-se das necessidades reais das pessoas.

Sabemos também que há limites. As empresas não podem (nem devem) substituir-se à responsabilidade individual de cada colaborador. E, claro, os recursos são finitos. Mas o custo de nada fazer é alto: segundo a PWC, os colaboradores perdem em média três horas por semana a lidar com problemas financeiros. Se multiplicarmos isto por equipas inteiras, percebemos o impacto brutal em termos de produtividade, absentismo e até rotatividade. E para os que têm maior sensibilidade para a gestão financeira das empresas, esta realidade implica que as empresas estejam a investir milhares de euros em salários que não contribuem para o negócio.

Este é um tema que me é muito próximo, e assumindo que não sou isenta nesta matéria, não podia evitar esta temática num mês marcado pelo Dia Mundial da Poupança. E não fico pela teoria. O que podemos fazer enquanto gestores?

Podemos começar por promover acções de literacia financeira, com especialistas internos ou parceiros externos, que ajudem os colaboradores a compreenderem melhor as suas finanças. Podemos disponibilizar ferramentas digitais de gestão financeira pessoal, integradas com os benefícios da empresa, facilitando o planeamento e a tomada de decisões. Podemos ainda apoiar, através de parcerias com instituições especializadas, a negociação de créditos ou dívidas, oferecendo soluções reais para quem enfrenta dificuldades. E, claro, podemos ajustar os benefícios ao momento de vida de cada colaborador, com apoios à parentalidade, à educação ou à habitação, tornando-os mais relevantes e eficazes.

É hora de agir. Pelo bem das nossas equipas e pelo futuro das nossas organizações.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Outubro (nº. 178) da Human Resources, nas bancas.

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