C- SUITE: A rotatividade e o desafio que aí vem

A rotatividade é uma tendência global e que se tem vindo a acentuar nas organizações, nomeadamente no seu c suite. Para gerir esta realidade, os líderes devem ter em conta cinco tendências.

 

Por Pedro Roberto, principal na Odgers Berndtson Portugal

 

A pandemia refundou o mindset de grande parte dos executivos face ao contexto convencional de trabalho. A ambição global da organização, enquanto indicador- chave para a sua permanência, é progressivamente equilibrada com racionais flexíveis e até mais imprevisíveis, trazendo novas predominâncias às suas ambições. As organizações que melhor souberem gerir esta mudança, mais preparadas estarão no momento de reajustar a sua estratégia de retenção executiva.

A rotatividade é uma tendência global nas organizações e em constante mutação. Os fenómenos como “The Great Resignation”, iniciado nos EUA em 2021, aceleram uma nova tendência económica de rotatividade em massa nas empresas, que chega paulatinamente ao nível de C-Suite.

Embora as organizações possam não estar preparadas para uma onda de demissões do seu C-suite num cenário actual e futuro, os dados indicavam já um aumento da rotatividade antes da pandemia.

Um estudo internacional da Odgers Berndtson predispôs-se a analisar a rotatividade dos executivos no período dos últimos seis anos, relativo aos mandatos do C-Suite, no âmbito das quinhentas maiores corporações dos EUA por receita total (Fortune 500).

Enquanto 2016 e 2017 viram a rotatividade dos seus executivos em valores abaixo dos 10%, esse número mais que duplicou para 20% no ano de 2019. A rotatividade em 2020 e 2021 representou um platô, também potenciada pela instabilidade pandémica, atingindo uma taxa de 22% e 23%, respectivamente. Analisando a tendência pré-pandemia, mas também as motivações de futuro dos executivos, estas percentagens podem acentuar ainda mais esta curva, representando ciclos de mandato mais curtos e exigentes, com o “selo” do gestor menos evidente nas organizações por onde passou.

Quando se trata de estratégia de talento C-suite, enquanto líder, pode atender a cinco tendências, preparando a sua equipa de liderança executiva para o sucesso em 2022:

1. Identifique os principais riscos para a sua organização e contribua com um diálogo contínuo para garantir que as necessidades e aspirações de carreira são atendidas
Como parte desse esforço, certifique-se de revisitar a remuneração dos executivos regularmente – o que era “competitivo” no primeiro trimestre provavelmente ficará abaixo da média do seu mercado no terceiro. Pode ainda aproveitar o desenvolvimento de executivos como uma ferramenta para aumentar a retenção e garantir que os seus líderes recebam o apoio de que precisam.

 

2. Certifique-se de que tem um plano de sucessão forte em vigor – e que ele tenha sido posto à prova em ambiente de “stressed test” em vez de cenários de rotatividade de executivos
Tem alguma indicação de quem na sua equipa de liderança pode estar a planear uma mudança? E nos seus sucessores? O seu plano considera partidas inesperadas ou situações de emergência? Uma revisão do desenho da organização pode ajudá-lo(a) a identificar e planear esses cenários. Tenha também em mente que a rotatividade é alta em todos os níveis de liderança executiva, não apenas no C-suite.

 

3. Fortaleça pró-activamente a sua pipeline de talentos executivos
Nem todo o líder pode ser retido, portanto, certifique-se de que preenche o seu pipeline. Internamente, avalie a prontidão do seu sucessor regularmente e fortaleça- a por meio de formação, desenvolvimento de liderança e atribuições. A introdução de programas de desenvolvimento de talento, a revisão de práticas de recrutamento e retenção de talento para construir equipas diversificadas e de pensamento alargado, são também estratégias que permitem a identificação de candidatos ao C-Suite.

 

4. Atraia e adquira novos talentos executivos do C-suite
Procurar in house potenciais executivos pode também ajudar a sua empresa a orientar os colaboradores talentosos para esses papéis, mas depender apenas destes, num mundo actual e em constante evolução e mudança, acarreta riscos. Uma vez que nem sempre o talento interno pode ser a opção mais viável – para encontrar os candidatos com as competências necessárias para preencher o seu top management – certifique-se em atrair e adquirir novos talentos executivos do C-suite. Deve revisitar e reorganizar a “oferta de carreira” da sua organização para 2022.

 

5. Por fim, se estiver a substituir membros do seu C-suite, faça um plano para integrá-los com sucesso
A integração de um novo líder é uma oportunidade de apoiar as metas e as pessoas mais importantes do seu negócio. Um processo abrangente de integração, incluindo novos programas de aceleração de líderes, suporta os seus novos executivos a serem tão bem-sucedidos quanto possível, o mais rápido possível.

O talento tornou-se o maior activo das organizações e a grande vantagem competitiva que as empresas têm para oferecer. Sendo esse o factor que as distingue, a procura por executivos capazes de antecipar continuamente a mudança estará no topo da agenda dos seus business leaders. Os negócios são globais, mas as suas pessoas passarão também a sê-lo. Lidar com esta realidade acarreta desafios de retenção, mas traz a oportunidade de injectar novas lideranças na organização, mais alinhadas com a capacidade de gerirem a mudança e de trazerem diversidade de cultura e de género.

Um processo de Executive Search bem-sucedido requer uma análise rigorosa, conhecimento de mercado global e critério acertado. A metodologia de “Search Intelligence” da Odgers Berndtson proporciona às organizações as ferramentas para identificarem, atraírem e desenvolverem executivos excepcionais. A análise da indústria, o assessment cultural e a avaliação das dinâmicas da gestão e administração fornecem-nos o pano de fundo com base no qual temos vindo a apoiar os nossos clientes na atracção de executivos inovadores e com experiência para liderarem os seus negócios.

 

O artigo foi publicado na edição de Março (nº.135) da Human Resources, nas bancas.

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