Capital humano e gestão da crise

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

A crise atual, mesmo com Planos de Vacinação e Desconfinamento em curso, revela-se de forte imprevisibilidade, exigindo às Organizações superarem-se e refletirem sobre os seus drivers estratégicos. Como é conciliável a Saúde e o Bem Estar das Pessoas com a viabilidade das Organizações? Que cenários se perfilam capazes de não só gerir a Crise, mas em particular construirem-se Planos de Continuidade (Desenvolvimento) do Negócio?

É uma pressão significativa sobre qualquer Liderança organizacional. Mais que nunca os conceitos de Transformação e Gestão da Mudança revelam-se determinantes. Fomentar/reconquistar a confiança das Pessoas, garantir-lhes Segurança e recuperar a Motivação, num contexto em que o receio, em particular do ponto de vista sanitário, ainda é muito significativo, afigura-se como um desafio gigantesco. Não tanto pela sua dimensão, mas como gerimos diversos comportamentos em face de uma Crise, em que mesmo com otimismo, não se sabe quando termina.

Todos conhecemos e fomos absorvendo as recomendações sanitárias, mas como vivemos sem beijos, abraços, apertos de mão? Como transformamos a nossa relação com o outro apenas pela linguagem visual, sem analisarmos a expressão facial no seu todo devido a uma máscara? Como nos relacionamos exclusivamente através de um écran, em particular quando sentimos que muitas vezes é por obrigação?

Sem dúvida que a capacidade de adaptação do Ser Humano é próxima do infinito. Sem dúvida que o trabalho remoto, mais cedo ou mais tarde, ganharia o seu lugar e com um conjunto de vantagens que se afiguram inegáveis.

O problema é a origem: uma adaptação forçada por via de uma pandemia que nos apanhou desprevenidos e sem garantias que seja facilmente debelada em definitivo. E com mais dois níveis de risco possíveis: interiorizar-se um receio constante e rapidamente podemos estar a exponenciar comportamentos com impacto na Saúde Mental das Pessoas, ou se enfrenta esse receio e, em que por via de fadiga comportamental, se pode ter a tendência a descurar as recomendações sanitárias.

Sem dúvida que muitas organizações se conseguiram reinventar. Que a criatividade, com o apoio do trabalho remoto, por exemplo, foi determinante. E os referenciais motivacionais das pessoas a que nível se encontram? E o engagement com a Organização terá sido abalado?

Não basta, pois, construirem-se Planos de Continuidade do Negócio técnica e financeiramente evoluídos se a componente Capital Humano não for acautelada. Exige-se, certamente, uma reflexão sobre a Saúde e o Bem Estar das Pessoas, um maior posicionamento gregário dos processos de tomada de decisão e igualmente uma Comunicação cada vez mais transparente.

Cremos que o desafio vai estar nas pontes que se estabelecerem, nos comportamentos organizacionais que forem adoptados, nos Valores organizacionais que devem ser reforçados e vivenciados e na Transparência e Coerência em toda a Comunicação que se levar a efeito. Talvez assim seja possível recuperar o sentimento de pertença à Organização e se estimule a Motivação para vencer o futuro!

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