Como a GenAI está a mudar o ADN das profissões? Conheça as conclusões do AI at Work Report 2025

De que forma a GenAI vai transformar as competências? O estudo “AI at Work Report 2025: How GenAI is Rewiring the DNA of Jobs”, do Indeed Hiring Lab, divulgado no passado mês de Setembro, analisa e classifica 2900 competências laborais, classificando-as segundo quatro níveis de transformação: mínima, assistida, híbrida e total.

 

Já não se trata de saber se a Inteligência Artificial Generativa (GenAI) vai mudar os empregos no futuro, mas sim que tipos de empregos serão mais e menos alterados, porquê e como. O “AI at Work Report 2025: How GenAI is Rewiring the DNA of Jobs”, da autoria de Annina Hering, senior economist, e Arcenis Rojas, Data scientist do Indeed Hiring Lab, avalia até que ponto a Inteligência Artificial Generativa (GenAI) pode mudar a forma como as diferentes competências ou trabalhos são realizados, através do Índice de Transformação de Competências da GenAI.

Em vez de medir se a GenAI consegue substituir totalmente um trabalhador humano, o estudo examina como as competências podem ser aplicadas no futuro e como o envolvimento humano com estas competências e tarefas pode mudar. Os modelos de GenAI avaliaram as exigências cognitivas e físicas em quase 2900 competências laborais e a capacidade da GenAI para as executar. A partir desta avaliação, as competências foram agrupadas em quatro categorias distintas, com base no seu potencial de transformação pela GenAI: transformação mínima, transformação assistida, transformação híbrida e transformação total.

Transformação, não eliminação

Segundo os autores, quando se fala do futuro do trabalho e do papel da GenAI, não se trata apenas de perda de emprego ou de automatização, trata-se de transformação. Em vez de se pensar em termos de empregos eliminados versus empregos salvos, é preciso compreender o impacto da GenAI numa linha contínua de transformação. A verdadeira questão não é se a GenAI irá mudar os empregos – está certamente a mudar e irá mudar –, mas sim que tipos de empregos serão mais e menos alterados, porquê e como, defendem.

Para quantificar esta mudança, o Indeed Hiring Lab desenvolveu o Índice de Transformação de Competências da GenAI (GenAI Skill Transformation Index, GSTI), uma métrica concebida para estimar o quão  substancialmente a GenAI poderia transformar uma determinada competência ou emprego, não avaliando a probabilidade de substituição, mas o grau de possível transformação.

Com esta estrutura recentemente desenvolvida, os autores descobriram que 41% das quase 2900 competências profissionais comuns avaliadas estão expostas aos mais elevados potenciais níveis de transformação impulsionada pela GenAI, e cerca de um quarto (26%) de todos os empregos no Indeed parecem estarprestes a sofrer uma transformação radical.

Fundamentalmente, estas são apenas medidas de possível transformação. Quaisquer impactos percepcionados dependerão inteiramente de se e como as empresas adoptam e integram ferramentas de GenAI, um processo que depende frequentemente de um nível de digitalização que muitas empresas ainda não alcançaram. É também importante notar que o mercado de trabalho dos EUA tem abrandado nos últimos anos, dificultando a identificação de alterações atribuíveis à GenAI daquelas impulsionadas por tendências económicas mais amplas.

Compreender a profundidade da mudança: o Índice de Transformação de Competências da GenAI (GSTI)

Pesquisas anteriores do Hiring Lab desenvolveram uma metodologia para avaliar o potencial da GenAI em quatro dimensões: a capacidade dos modelos para fornecerem conhecimentos teóricos relacionados com uma determinada competência de trabalho; a sua capacidade para resolverem problemas utilizando uma competência; a importância da presença física na execução de uma competência; e a probabilidade geral de que um modelo da GenAI substitua totalmente um ser humano na execução de uma competência.

Este ano, os dois especialistas mantiveram a base metodológica  do seu trabalho anterior, mas introduziram duas melhorias importantes. Em primeiro lugar, estreitaram o foco para as duas dimensões que determinam mais directamente a transformação das tarefas:
– Capacidade de resolução de problemas: O grau em que uma competência exige raciocínio cognitivo, conhecimento aplicado e julgamento prático, e como a GenAI consegue replicá-la.
– Necessidade física: Se uma competência requer execução física e, portanto, está fora do âmbito actual da GenAI. Até que a robótica de uso geral avance significativamente, estas tarefas permanecerão exclusivas dos humanos.

Em segundo lugar, Annina Hering e Arcenis Rojas passaram de uma avaliação de modelo único para uma abordagem multimodelo. Anteriormente, dependiam de avaliações geradas por um grande modelo de linguagem – o modelo GPT da OpenAI. Esta análise testou múltiplos modelos para compreender a sua consistência e relevância para o caso de uso de investigação.

Os resultados foram claros: nem todos os modelos têm o mesmo desempenho. Alguns produziram resultados de qualidade inferior ou respostas altamente voláteis em múltiplas execuções, e as capacidades dos modelos podem variar significativamente, e variam. Para as empresas que procuram implementar a GenAI de forma mais ampla nos seus fluxos de trabalho e produtos, a escolha do modelo certo para os seus processos e casos de negócio específicos será fundamental para garantir perspectivas fiáveis.

Em última análise, este estudo baseou-se nos resultados combinados, consistentes e de alta qualidade do GPT-4.1 da OpenAI e do Claude Sonnet 4 da Anthropic.

Foi introduzida também uma análise sistemática aos processos de “pensamento” na avaliação de cada modelo, com foco nos grupos de competências e funções seleccionadas. A revisão não só dos resultados, mas também das explicações dos próprios modelos sobre as suas capacidades e limitações ajudou a obter uma noção mais profunda de como a GenAI remodela o ADN dos empregos, mostrando não só as competências com maior/ menor probabilidade de serem substituídas pelos resultados a GenAI, mas também como o desempenho humano dessas competências pode mudar.

Tal como nos anos anteriores, começaram com uma base identificada pelo Indeed de quase 2900 competências de trabalho individuais normalmente encontradas em anúncios de emprego nos EUA. Cada uma destas 2900 competências relacionadas com o trabalho foi classificada numa escala de cinco pontos, tanto na dimensão de resolução de problemas como na de necessidade física. Estas avaliações foram representadas numa matriz 5×5, capturando a relação entre as exigências cognitivas e físicas de uma competência e a capacidade da GenAI para a executar.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Outubro (nº. 178) da Human Resources.

Disponível nas bancas e online, na versão em papel e na versão digital.

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