Como estar próximo em tempos de teletrabalho?

Enquanto gestora de Recursos Humanos (RH) do Wall Street English, uma das minhas responsabilidades é estar atenta a todos que me rodeiam na organização. Desenvolver competências, motivar, gerir equipas e muitas vezes decifrar os colaboradores e os seus estados de espírito pela saúde cultural da empresa.

Por Marisa Braz, responsável de Recursos Humanos do Wall Street English

 

Entenda-se que ser RH não é ser psicólogo, nem tão pouco ser pai ou mãezinha. No entanto, a cadeira onde o colaborador se senta à minha frente transforma-se muitas vezes numa chaise longue e há lugar para conversa e desabafos. É o dever de saber ouvir e muitas vezes mostrar aos colaboradores aquilo que está para além do que eles acham ser as certezas das certezas.

Nesta altura senti que tinha de estar ainda mais atenta. O teletrabalho criou distancia física, por isso foi necessário criar estratégias para estar próxima de todos. Quem está nesta área sabe que não é fácil chegar a todos nem mesmo quando a normalidade é estar no escritório. A verdade é que quem abraça esta função tem de fazer o dobro do esforço para estar atento e também para sem julgamentos, com total imparcialidade conseguir comunicar, desenvolver, e implementar processos que acredita e defende que é para o bem de todos.

Hoje existe uma nova normalidade. Uma nova forma de trabalhar. Se já havia empresas habituadas com o teletrabalho, existem muitas outras que não imaginavam que se pudesse trabalhar assim. Exige planeamento, organização e obviamente infraestrutura. Garantir que todos têm acesso às ferramentas necessárias e se adaptam à nova forma de trabalhar.

Uma das minhas dúvidas era com 35 centros de inglês por todo o país como é que chegaria a todos os colaboradores? Chegar a todos sem desvirtuar um lema fundamental deste departamento: A porta está aberta para todos!

O foco nunca estará no problema mas sim na solução.

Tivemos de nos reinventar, mas continuámos com a porta aberta, desta vez através do telefone, do email, do teams, do skype, do whatsapp. Forçar o contacto seria desastroso. Alguém receber telefonema da directora de Recursos Humanos neste momento podia traduzir-se em alarme. Um simples “está tudo bem?” podia ser visto como um filme de terror: “está a ligar-me! Vai despedir-me? O que estou a fazer de mal?”.

Daí a importância da comunicação com todos, não dar espaço a filmes… ser transparente porque todos sabemos que a rádio alcatifa é perigosa. Nesse sentido, foi necessário criar pontes para saber e chegar a todos. Deixar mais uma vez a “porta” aberta… se precisares estamos aqui. O que te preocupa: a continuidade do teu posto? Se irás receber ao final do mês? A dificuldade da nova forma de vender por telefone? A dinâmica de trabalhar com um filho pequeno ao lado? A frustração de não poder sair e ir beber um simples café? De tudo se falou, porque tudo é importante.

Comunicar, sem sermos invasivos. Devemos adaptar a nossa comunicação de acordo com o interlocutor. Não existem formulas mágicas com as pessoas, como também não existe uma única forma de comunicar que serve para todos.

Nesta altura de teletrabalho estar perto de todos não é tarefa fácil mas não é impossível.

Uma preocupação genuína em transmitir algumas ferramentas para que do outro lado saibam gerir da melhor maneira possível esta nova forma de trabalhar mas também saberem gerir o desgaste emocional e físico.

Passámos por um confinamento que abalou de forma dramática as nossas rotinas e o ritmo a que, este ano, teremos que continuar a mudar e a adaptar-nos. Isto exigiu e continuará a exigir uma liderança forte, presente e transparente em que, agora, o desafio passará pela gestão das operações que nesta nova realidade não podem parar.

Não podemos parar, e isso deve-se à luta e adaptação das pessoas, não só a nível profissional como pessoal aos desafios que esta pandemia nos trouxe. É também por isso que, venham os tempos que vierem, o mais importante das empresas é e continuarão a ser as pessoas.

E para as minhas pessoas a porta estará sempre aberta.

 

 

 

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