Comunicar ou o sinónimo de ouvir as pessoas
Por Luís Roberto, Managing Partner da Comunicatorium e Professor convidado do ISCSP-ULisboa
Com a adoção do modelo de trabalho híbrido, as lideranças interrogam-se sobre as diferentes formas de interação com as suas pessoas, por forma a preservar a ligação entre elas, com a empresa e com a cultura organizativa.
A liderança é considerada por muitos como a habilidade para motivar, influenciar, inspirar e de gerir grupos de pessoas a fim de se atingirem objetivos, havendo o reconhecimento de que as capacidades de comunicação sempre foram fundamentais, quando se tem esta responsabilidade.
Sendo a comunicação uma das competências mais relevantes dos líderes, importa em primeiro lugar, compreender a importância da comunicação enquanto fator chave para o sucesso das equipas e organizações, perceber o estilo de comunicação individual, a sua importância na relação com o outro, e por último como usá-la de forma eficaz.
Usar a comunicação de forma eficaz, significa perceber quem está do outro lado, quais os seus medos e receios, e as suas expetativas, o que significa , dar-mos o espaço e tempo para que as pessoas falem e para que sejam ouvidas.
Para manter as boas relações no social e no trabalho, é fundamental saber ouvir. Será que temos também esta competência desenvolvida, tanto quanto necessitamos dela ?
Para o conseguirmos de forma efectiva, há que assumir que os esforços individuais pouco contribuem para resultados colectivos, e que o trabalho hibrido só é estimulante se formos capazes de ter a colaboração e a interação, como linha de gestão.
O modelo de trabalho híbrido, passou, com a pandemia, a ser parte integrante do nosso trabalho diário, com a tendência para se manter, e com ela, todo o tipo de reuniões sejam internas ou com entidades externa, passaram a ser maioritariamente virtuais.
O tempo em que “estamos” juntos, são consumidos pelas agendas, não existindo espaço para a partilha, para a conversa de café, para ouvirmos, tal como fazíamos antes da pandemia.
Muitas empresas e seus líderes, procuram com inistência formas de ultrapassar esta necessidade, recorrendo na maioria das vezes à inovação tecnológica e aos novos canais de comunicação digitais.
E porventura já pensámos em prolongar as nossas ligações virtuais, para além do necessário, por forma a podermos ouvir as pessoas ? Um espaço sem agenda, sem moderador, sem assuntos urgentes para tratar, apenas um momento mais ou menos prolongado, para ouvirmo-nos.
Poderá parecer utópico, ou até visto como uma solução sem nexo, eu diria antes, com um potencial para ser considerada “fora da caixa”.
Na nossa esfera pessoal, as conversas com amigos e familiares, foram substituídas por conversas virtuais, e no mundo das conferências, os convidados passaram a participar virtualmente, em vez de estarem ao lado do moderador , como acontecia no passado.
Comunicar ou o sinonimo de ouvir as pessoas. Todos falamos e achamos o quanto é importante saber ouvir. Mas será que no mundo hibrido, estamos a criar as condições para que isso de facto aconteça ? Usar a tcnologia para aproximar as pessoas, é também uma questão de inovação e, por vezes inovar é simples.