COP26, COP27 … A liderança e a consciência das ações

Por Luís Roberto, Managing Partner da Comunicatorium, Vice-Presidente da APECOM e Professor convidado do ISCSP-ULisboa

Há precisamente um ano, terminada a COP26, escrevi sobre as lideranças e a vontade de fazer acontecer.
Há precisamente um ano, reuniram em Glasgow mais de 100 líderes mundiais para discutirem o futuro do planeta.
Ao longo de duas semanas, foram debatidos como garantir a eliminação das emissões de carbono até meados do século, e como não ultrapassar o aumento da temperatura global em 1,5°C.
Esta era a cimeira onde se apostava tudo, mas na hora da declaração final, o Presidente da COP26, foi contundente, depois dos retrocessos de alguns dos países presentes.
Atrevi-me na altura, a escrever que a cimeira onde se apelava ao consenso, falhou.
Um verdadeiro fracasso.
Entre a COP26 e a COP27 a decorrer na cidade de Sharm el-Sheikh no Egito, que as prioridades climáticas são outras, em resultado da crise energética causada pela guerra na Ucrânia.
E é no meio deste turbilhão, que a União Europeia anuncia  elevar as suas ambições climáticas e atingir a redução de emissões de gases com efeito de estufa em 57% até 2030, depois de ter anteriormente declarado que pretendia chegar aos 55%.
Mas, metas e regulamentos não chegam. É preciso passar à ação.
Quando normalmente falamos sobre liderança e nos skills que um líder deve possuir, ocorre-nos enumerar a confiança, a clareza, a criatividade, o foco, a empatia, comunicar bem e inspirar o grupo.
Falha-nos por vezes, o compromisso, e a consciência sobre o impacto das suas ações em três dimensões: no eu, na equipa e na sociedade.
De forma prática o que impede a liderança, de ter essa consciência? O desconhecimento? A incerteza, ou o medo de falhar?
É precisamente nesta realidade  que um verdadeiro líder pode-se destacar.
Sabemos que as incertezas podem criar situações difíceis de gerir, mas é justamente esse cenário, que pode ajudar um líder a desenvolver a sua capacidade para prever o impacto das suas ações.
A COP27 tem como principal objetivo, contribuir para acelerar as reduções das emissões de carbono, e definir as ações imediatas, face à emergência em que o planeta se encontra.
Este seria portanto, o momento em que os Países apresentariam os seus planos de ação capazes de responder ao desafio global – a redução das emissões.
A desilusão entre alguns estados já se faz sentir, por falta de compromisso quanto ao financiamento e apoio aos países mais vulneráveis.
Tal como nas empresas, os líderes mundiais têm que se adaptar e ter a capacidade para responder ao que é prioritário, ao que é novo, e assumir em si mesmo, esse compromisso.
Há precisamente um ano, escrevia, “dos líderes mundiais espera-se que despertem a vontade de fazer acontecer”.
Hoje, a dois dias do encerramento da cimeira, sublinho, se os líderes não conseguirem ter a consciência do impacto das suas ações ou ausência delas  ”com o tempo, os seus seguidores deixarão de segui-los”. Tal como nas empresas.