De crise a oportunidade: o imperativo investimento na saúde mental dos colaboradores

A saúde mental é uma prioridade, mas nem todos estão prontos para falar sobre isso – e é preciso. Nos dias de hoje, a ansiedade faz cada vez mais parte do nosso quotidiano. A pressão, prazos curtos, exigências cada vez mais elevadas, comparações, concorrência… tudo acontece enquanto realizamos tarefas.

 

Por João Costa, country manager da Expense Reduction Analysts

 

Um inquérito da Jobsage, que entrevistou vários americanos o ano passado, revela que 67% está stressado com o trabalho, 54% sente-se ansioso com o trabalho, 49% sente que a empresa não dá apoio à saúde mental, 49% sente ansiedade com medo de ser despedido e 42% já teve um burnout devido ao trabalho.

São números que fazem soar os alarmes e há vários factores que contribuem para estes resultados. Em primeiro lugar, a pandemia levou a um aumento significativo do trabalho remoto, o que pode dificultar a separação entre a vida profissional e a vida pessoal. O isolamento social, que se assentou nessa altura, não desapareceu com a reabertura da sociedade, e ainda hoje muitas pessoas não conseguiram retomar todos os hábitos antigos.

Além disso, com a generalização dos dispositivos móveis, redes sociais e outras tecnologias digitais, há um sentimento de se estar constantemente ligado. Também a incerteza económica contribui para o stress uma vez que há uma maior preocupação com a segurança do emprego e a estabilidade financeira. A par disso, a polarização política pode criar uma sensação de incerteza e ansiedade.

De um modo geral, a ansiedade e outras doenças mentais vão continuar a contribuir, em grande escala, para o burnout de muitos. Por isso, é importante que as empresas se consigam adaptar às novas necessidades dos trabalhadores, que estão cada vez mais atentos ao bem-estar e a um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, ou seja, o dinheiro já não vale tudo e por isso procuram trabalhos que consigam responder às suas necessidades e com condições como o horário flexível, benefícios que promovam a saúde mental, mas acima de tudo, um ambiente onde se possa falar abertamente do tema, em vez do habitual julgamento e isolamento, ou pior, o despedimento.

Não há saúde sem saúde mental, e é preciso saber parar e assumir que não dá para fazer tudo, bem e ao mesmo tempo. É importante que todos saibamos reconhecer os sinais, estabelecer limites e procurar ajuda.

Em concreto, os colaboradores precisam de mais apoio e este deve começar pelas chefias e lideranças, que precisam de compreender o que cada membro da equipa precisa e de promover um ambiente de trabalho saudável. Ao adotar estratégias que contribuam para o bem-estar de todos, a equipa será muito mais produtiva e será mais fácil atingir metas.

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