De mundos opostos a complementares
Sobre os resultados do XXIX Barómetro Human Resources, Pedro Jorge Silva, director de Recursos Humanos na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) defende que «que as novas tecnologias (em termos gerais) catalisam as novas formas de trabalho, propiciando, por exemplo, a flexibilização ou redução da efectiva prestação ou presença no local de trabalho».
«Analisando os resultados do presente barómetro, como desafios de gestão para o ano 2020, assumo, como um foco de gestão e desafio, a perspectiva da gestão das novas tecnologias na melhoria do binómio work-life balance. Como é evidente, todo este processo envolve mudanças de mentalidade e perspectivas de actuação, tanto dos trabalhadores como dos empregadores, num ambiente cada vez mais “VICA” (volátil, incerto, complexo e ambíguo). Considero, assim, que as novas tecnologias (em termos gerais) catalisam as novas formas de trabalho, propiciando, por exemplo, a flexibilização ou redução da efectiva prestação ou presença no local de trabalho. Contudo, apesar das inovações em Inteligência Artificial (IA), ainda existem muitas tarefas em que a tecnologia e a IA têm, e continuarão a ter, dificuldade em competir, sendo que os próximos anos serão anos da Humanização em muitos sectores, também por “exigência” das novas gerações. Como reforço desta perspectiva, nas últimas três décadas, o conceito de conciliação trabalho-família foi sendo desenvolvido. Porém, neste processo de evolução, a visão de que o trabalho tem um efeito negativo na família/vida pessoal tem vindo a dar lugar a novos modelos de sinergias entre os “dois mundos”, passando de “mundos opostos” para “mundos complementares”. Em suma, o gestor de Recursos Humanos, além da aposta em novas metodologias e tecnologias, terá de ser dinamizador e difusor duma gestão mais humana e emocional, com o foco na gestão do trabalho em equipa e em rede, promovendo metodologias, políticas e ferramentas que coloquem a comunicação e a transparência no centro das organizações, por forma a influenciar e catalisar os desígnios estratégicos do negócio e a reter mais e melhores profissionais.»
Este testemunho foi publicado na edição de Fevereiro da Human Resources, no âmbito do XXIX edição do seu Barómetro.