De volta aos escritórios (mas flexíveis)

Estamos de volta! Bem… nem por isso. Pelo menos, não da maneira como era antigamente. E se calhar nem faz sentido. Porque as pessoas não querem trabalhar (sempre) no escritório, mas também não querem trabalhar (sempre) em casa. Flexibilidade é chave.

 

Por João Magalhães, Engineering Team Lead na New Work Portugal

 

Lembram-se dos post-its na parede? Das reuniões presenciais? Lembram-se de quando não havia bebés ou animais a juntarem-se às reuniões de surpresa? Todos estes eram sinais de uma realidade bem longe da que vivemos actualmente e que poucas pessoas desafiavam. As memórias de tudo isso tendem a apagar-se, e será que um dia as vamos recuperar?

Longe vai o tempo em que trabalhar a partir de casa – ou a partir de qualquer outro local – era um privilégio a que só os conhecidos nómadas digitais tinham acesso e se podiam gabar. No entanto, a possibilidade de trabalhar remotamente foi-se padronizando na maior parte dos ambientes empresariais e a sua introdução deveu-se à pior justificação possível.

Há pouco mais de um ano e meio, trabalhar a partir de casa era completamente impensável para certas empresas. Para outras, era algo possível, mas que apenas deveria ser utilizado em raras ocasiões. Existia apenas um pequeno grupo que, prevendo o futuro ou não, já o tinha normalizado e isso tornou a “adaptação” muito mais fácil.

Voltando à actualidade, e com os números de vacinações rapidamente a subir, foram muitas as empresas que decidiram abrir os seus escritórios novamente, de acordo com as regras de segurança. E isto trouxe uma questão para a mesa: voltar para o escritório, obrigatório ou não?

É certo que a configuração remota trouxe bastantes alterações ao que são as diferentes culturas das empresas. Tivemos de nos adaptar, mudar de ferramentas, ser mais criativos na forma como nos juntamos, interagimos e integramos novos membros no nosso espaço de trabalho.

No entanto, esta mesma configuração também trouxe outro tipo de regalias, tanto para a empresa como para o trabalhador. Foi possível às empresas das grandes metrópoles contratarem aquele talento jovem que não abdica da vida no pacífico meio rural. Foi também possível para aquelas pessoas que moram longe dos escritórios passearem com a família ao final do dia em vez de o passarem presas no trânsito de volta a casa. A própria distribuição geográfica permitiu a expansão da multiculturalidade destas mesmas empresas e a potencialidade de gerar novas formas de pensar e agir.

Assim sendo, o que faz com que algumas pessoas queiram voltar para o escritório? E a resposta é: não querem. Segundo diversos estudos apresentados nos últimos meses, a maior parte das pessoas não prefere trabalhar apenas a partir de casa nem apenas no escritório, mas sim ter um sistema flexível. E esta flexibilidade é chave!

As conversas de café, os almoços em equipa, as actividades de empresa. Tudo isto serve como factor de integração social dentro de um ambiente laboral. São estes os momentos em que os pequenos grupos de pessoas que se juntam todos os dias com um objectivo em comum se tornam verdadeiras equipas. Por isso é que é tão importante voltarmo-nos a encontrar frente a frente. Em cima disso, existem casos de pessoas que não gostam ou podem trabalhar de casa, e ter um escritório onde se podem “refugiar” é extremamente importante. Ainda assim, con-seguimos ver elevados números de produtividade e felicidade no trabalho durante a configuração remota, e é por tudo isto que a flexibilidade é tão essencial.

 

Este artigo foi publicado na edição de Setembro (nº.129) da Human Resources, nas bancas.

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