Do futebol para a sala de reuniões: lições de dentro para fora do campo

Ser um futebolista profissional é o sonho de milhões de crianças em todo o mundo. Para mim, esse sonho tornou-se realidade e proporcionou-me momentos inesquecíveis. Mas isso não duraria para sempre…

Por Sean Evers, vice-presidente de Vendas da Pipedrive

 

Aos 26 anos, terminei a minha carreira e troquei o relvado por uma secretária. Hoje sou vice-presidente de Vendas na Pipedrive, um fornecedor de CRM estónio e unicórnio tecnológico. Mesmo que, à primeira vista, o futebol e as vendas não tenham muito em comum, hoje reconheço que cada discurso do meu treinador, cada erro e cada sessão de treino me prepararam para ser um profissional melhor.

A humildade vence a arrogância

A minha carreira começou como jogador profissional aos 17 anos, quando jogava na equipa de juniores do Luton Town. O meu sonho era jogar na equipa principal, o que aconteceu durante um dérbi contra o Watford FC, quando fui convocado para entrar nos últimos 15 minutos. No entanto, o momento mais marcante aconteceu na semana seguinte, quando o meu treinador me pediu para dar socos num saco de boxe. Ele aproveitou o momento para me questionar: «Achas que agora és melhor? Achas que não tens de te esforçar tanto, agora que jogaste com os profissionais? Achas que és melhor do que a tua equipa?». Ouvir essas palavras foi um choque de realidade.

No início, não percebi exactamente o que ele queria dizer. Não se tratava de uma crítica, mas sim de uma lição: por muito talentoso e inteligente que fosse, nunca deveria esquecer-me de que o trabalho árduo e a humildade é que fazem de mim quem sou. Estes dois traços de carácter definiriam o meu futuro.

Resiliência para o sucesso a longo prazo

O conselho mais importante que levei comigo ao longo da minha carreira foi: o sucesso é efémero e só o esforço contínuo permite evoluir. Mesmo quando tive alguma sorte, mantive o compromisso de dar o meu melhor. No desporto e na vida profissional, os êxitos passados não garantem o sucesso futuro pois as mudanças são constantes. Portanto, a procura pela nossa melhor versão é essencial, tanto no futebol como no mercado de trabalho. A curva de aprendizagem é infinita e os sucessos passados são uma óptima base para o sucesso futuro, mas não são uma garantia.

Os erros tornam-se oportunidades

Não é apenas a nossa vontade e a nossa motivação de querer sempre melhorar e dar um passo em frente que determinam o nosso futuro profissional. Mas também a fonte de inspiração desta aprendizagem. Porque se há uma coisa que aprendi na minha carreira desportiva, é que os erros são as melhores oportunidades para aprender.

Lidar com o fracasso é uma das qualidades mais importantes de qualquer carreira. Isto aplica-se tanto à minha profissão de vendedor. Por cada chamada de vendas bem sucedida há cinco rejeições e é importante aprender com elas, como a qualquer outra profissão. Todos nós precisamos de compreender: o fracasso não é um fracasso pessoal. É uma oportunidade para nos desenvolvermos.

O trabalho de equipa faz o sonho tornar-se realidade

O fracasso não é uma excepção, mas a regra. Não importa se um negócio não foi fechado com sucesso, se um prazo não foi cumprido ou se um e-mail importante foi esquecido. Nestes casos, cabe à equipa apoiar a pessoa que cometeu o erro e ajudá-la a corrigi-lo.

Um bom treinador enfatiza a importância do trabalho em equipa e acredita que todos passamos por momentos difíceis. Isso faz-me compreender a importância da coesão de equipa em qualquer contexto. Como qualquer atleta, eu estava inicialmente concentrado na minha carreira, no meu sucesso. Somos muitas vezes confrontados com situações que, à primeira vista, nos incentivam a agir sozinhos. Nas vendas, por exemplo, é a comissão; no futebol, é a esperança do próximo grande contrato. Só à segunda vista é que se torna claro que o sucesso individual tem pouco valor se a equipa não atingir regularmente os seus objectivos.

Tal como eu tive de aprender que uma assistência pode ser mais relevante do que um remate, muitas pessoas têm de aprender que, no seu dia-a-dia profissional, só os objectivos de equipa permitem aos gestores olhar para as realizações pessoais.

Todas as áreas da vida são uma fonte de inspiração

A partir destas experiências, cada um pode retirar as suas próprias lições sobre ética de trabalho, como lidar com o sucesso e o fracasso ou como jogar em equipa. Quero apenas fazer um apelo: procurem estes momentos, agarrem-se a eles e manifestem-nos como aprendizagem para tudo o que está para vir.

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