
Domingo é dia de votar. Conheça as propostas de cada partido para o emprego (dos salários aos impostos, passando pelos modelos de trabalho)? Resumimos aqui
Depois do chumbo do Orçamento de Estado e da dissolução do Parlamento por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, no próximo dia 30 de Janeiro Portugal volta a ir às urnas para eleger o próximo Governo. Todos os programas dos diferentes partidos fazem referência a propostas de alteração no universo laboral, as quais resumimos aqui.
Partido Socialista – PS
- debate nacional sobre os modelos híbridos de trabalho (teletrabalho versus presencial) e sobre a semana de quatro dias de trabalho aplicada a determinados sectores de actividade
- aumento do rendimento médio de cada trabalhador em 20% ao longo dos próximos cinco anos
- intenção de fixar o salário mínimo em 900 euros em 2026
- acompanhamento das medidas anteriores com a aplicação de um novo quadro fiscal às empresas
- compensação das empresas que subam os ordenados em sede de IRS ou IRC, através da criação de um crédito fiscal semelhante ao do IVAucher
- promete «melhorar a regulação do trabalho temporário, nomeadamente com o reforço das exigências para as empresas, incluindo o requisito de patamares obrigatórios de contratos estáveis»
- redução do limite máximo de renovações dos contratos temporários, passando de seis para quatro
- proibição do recurso ao outsourcing nos 12 meses seguintes a um despedimento colectivo ou por extinção dos postos de trabalho
- incentivar as contratações colectivas através de um alargamento a novos grupos
- reforço dos poderes da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT)
- alargamento da autorização expressa de bancos de horas e regimes de adaptabilidade para pais de crianças até aos seis anos
- promessa de reavaliar a utilização do fundo de compensação do trabalho
- a intenção de acompanhar mais os jovens NEET (que nem trabalham nem estudam)
- Agenda do Trabalho Digno e de Qualidade: «aumento sustentado da remuneração do trabalho e dos salários médios”, «formação inicial, de qualificação ao longo da vida e de requalificação da população activa», «combate à utilização injustificada de formas precárias e segmentadas de trabalho», compromisso para o «estabelecimento de um enquadramento legal que preveja o regresso ao posto de trabalho, após o gozo da licença parental, de ambos os progenitores a tempo parcial, a tempo parcial completado com teletrabalho ou exclusivamente em teletrabalho, até ao final do primeiro ano de vida da criança»
- concluir a revisão dos escalões de IRS
- redução progressiva das taxas de IRS para todos os que venham a ter aumentos salariais no âmbito de um acordo de salários na concertação social
- alargar o IRS Jovem a mais jovens, durante mais anos
Partido Social Democrata – PSD
- a promessa de aumentar os salários médios de uma forma sustentada
- a intenção de fazer com que Portugal cresça acima dos 3% ao ano
- conseguir uma economia mais competitiva através de duas vias: aumentar as exportações e atrair mais investimento estrangeiro
- querem que o salário minimo «esteja em linha com a inflação mais os ganhos de produtividade», pelo que consta do programa eleitoral do partido que o seu «valor possa ser decidido após a elaboração de um relatório anual técnico independente sobre o tema».
- redução dos prazos de garantia para o acesso ao subsídio de desemprego e subsídio por cessação de actividade, em ambos os casos para metade
- incentivar o emprego jovem e para desempregados de longa duração com a implementação de um novo programa chamado “Iniciativas Locais de Emprego”
- «desenvolver programas de formação específicos para incentivar mais mulheres a seguir as áreas de tecnologia, com a criação do TF — Tecnologias no Feminino»
- implementar o programa JTI — Jovens Técnicos para a Indústria — para apoiar a integração dos jovens licenciados nas áreas científicas, tecnológicas e de gestão no mercado de trabalho
- mais programas de estágios ao longo das licenciaturas
- dedução em IRS das despesas com cuidadores informais
- redução das taxas de IRS para rendimentos até 100 mil euros anuais (mas com maior alívio fiscal até aos 60 mil euros)
Coligação Democrática Unitária – CDU
- promessa de aumentar de forma geral os salários médios de maneira a equipará-los aos valores praticados na Zona Euro
- a curto prazo, aumento do salário minimo para os 850 euros (aplicação em 2022 de 800 euros)
- implementação das 35 horas de trabalho semanais e dos 25 dias úteis de férias
- criação de melhores condições para as pequenas e médias empresas
- combate aos despedimentos e a revogação das leis que os liberalizaram
- avançar com a reindustrialização do país, com a finalidade de substituir os níveis actuais de importações de produtos por outros de produção nacional
- implementação de programas para aumentar a qualificação dos desempregados e criar outros «dirigidos a pessoas com necessidades específicas, de modo a inserir, no trabalho, pessoas com deficiência e outros grupos com dificuldades de inserção»
- terminar com a caducidade dos contratos colectivos
- recuperação do tempo de serviço nas carreiras da Administração Pública
- acompanhamento público de empresas insolventes
- aumentar o subsídio de desemprego e melhorar as condições para aceder a ele
- no trabalho temporário os empregadores têm de «assumir o vínculo laboral e todos os deveres inerentes» e que estes modelos sejam limitados a necessidades temporárias «devidamente comprovadas»
- repor o pagamento de horas extraordinárias e do trabalho em dias de descanso e feriados
- atribuição de apoios públicos deve depender do respeito demonstrado pelas empresas aos trabalhadores
- desagravar a tributação sobre os rendimentos mais baixos e intermédios no IRS, aumentando o número de escalões, o valor do mínimo de existência e da dedução específica
Bloco de Esquerda – BE
- aumento do salário minimo anualmente em pelo menos 10% (1032 euros mensais em 2026)
- aumento do pagamento das horas extraordinárias (trabalho extra pago em 50% na primeira hora, 75% nas seguintes e 100% quando é prestado num feriado ou no descanso semanal)
- criação de «metas concretas» para a regularização dos recibos verdes que obriguem à assinatura de um contrato de trabalho e excluir «empresas com falsos recibos verdes» de contratos com o Estado
- reforço dos poderes da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT)
- diversas alterações à lei laboral
- acabar com a dupla penalização das reformas, eliminando o factor de sustentabilidade
- recalcular as pensões de quem tem mais de 40 anos de descontos
- repor o princípio do tratamento mais favorável do trabalhador
- proibição do recurso ao outsourcing para empresas que despediram
- tornar obrigatório o subsídio de alimentação para todos os trabalhadores do privado
- fim do alargamento do período experimental para jovens à procura do primeiro emprego ou desempregados de longa duração
- restrição dos contratos temporários apenas para casos excepcionais
- concessão de um subsídio para quem trabalha por turnos
- introdução de dois novos escalões da tabela de IRS
- englobamento obrigatório de todos os rendimentos em IRS
Partido Popular – CDS
- propõem benefícios fiscais à contratação no sector primário
- querem «acabar com aquilo que classificam como escravatura fiscal»
- privatização da TAP e outras empresas de transporte
- criação de um apoio dado às empresas para as compensar do aumento dos custos energéticos
- promover o emprego na agricultura
- rever as condições das esquadras policiais
- redução dos escalões e taxas de IRS
PAN (Pessoas–Animais–Natureza)
- aumento “gradual” do salário mínimo nacional para os 905 euros
- reforço dos apoios para as empresas converterem os estágios em contratos sem termo através de um co-financiamento nos primeiros seis meses a 40% e de 60% nos seis meses seguintes
- 35 horas de trabalho semanais para todos
- 25 dias úteis de férias e pessoas com incapacidade superior a 60% devem ter direito a 30 dias
- a partir dos 50 anos, deve ser acrescido um dia de férias por cada cinco anos de trabalho
- alargamento da duração da licença parental inicial partilhada para seis meses sem perda de remuneração
- apoio à economia circular através de incentivos ao investimento
- reposição do pagamento das horas extraordinárias para os valores pré-troika,
- regresso ao anterior regime antigo de cálculo das indemnizações por despedimento
- alargamento da licença parental para seis meses
Chega
- defende «a atribuição de benefícios fiscais nos primeiros anos de inserção dos jovens no mercado laboral, bem como benefícios a empresas que contratem sem termo certos jovens ou jovens que tenham emigrado há pelo menos dois anos»
- implementação de uma reforma mínima garantida, equivalente ao salário mínimo nacional
Iniciativa Liberal
- regime de banco de horas individual, através de um acordo entre empregado e empregador podendo, desta forma, o horário normal de trabalho ser aumentado até 2 horas por dia, ou seja 50 por semana
- promoção do trabalho remoto e a revogação do pagamento das despesas por parte da empresa, o alargamento deste regime a pais com crianças até aos oito anos e a proibição de contacto no período de descanso
- substituição do salário mínimo nacional por um salário mínimo municipal, dando autonomia aos municípios para definir o seu valor
- eliminação «faseada durante um período de tempo adequado» da taxa social única (TSU) sobre as empresas, com o montante «obrigatoriamente integrado no salário bruto do trabalhador»
- redução da segmentação entre contratos sem termo e a termo e entre contratos sem termo e de prestação de serviços
- «agilizar a contratação de trabalhadores estrangeiros por parte das empresas, reduzindo burocracias»
- a intenção de aproximar o enquadramento legal português ao de outros países a nível de despedimentos, facilitando-os e flexibilizando-os para terminar com «a complexidade administrativa»
- limitar a 18 meses a atribuição do subsídio de desemprego
- eliminação de todas as deduções e benefícios fiscais em sede de IRS
- implementação de uma taxa única de IRS de 15%
Livre
- aumentar o salário mínimo nacional para mil euros até ao final da legislatura
- aplicar imediatamente as 35 horas semanais de trabalho e os 25 dias de férias
- «testar a aplicação de um Rendimento Básico Incondicional que garanta um rendimento a qualquer cidadão, independentemente da sua condição»
- subsídio de desemprego não apenas para quem é despedido, mas também para quem se despede, em situações excepcionais e limitado no tempo
- permitir o teletrabalho a trabalhadores com filhos até aos 12 anos, trabalhadores-estudantes, grávidas, trabalhadores com o estatuto de cuidador não principal e com doenças crónicas ou graus de incapacidade igual ou superior a 60% e rever a lei sobre o pagamento das despesas por parte das empresas para um «valor mínimo para despesas correntes, indexado ao valor do salário mínimo nacional e o pagamento do subsídio de almoço»
- criação de uma Retribuição Horária Mínima Garantida de 10 euros
- criação de um novo estatuto para os trabalhadores independentes
- simplificação das deduções fiscais em sede de IRS
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