
Domingo é dia descanso. Mas pode ser um descanso criativo (e produtivo)
O trabalhador moderno já incorporou o culto ao trabalho na sua vida: já não é necessária a figura do patrão para incentivar a produtividade, uma vez que o próprio colaborador motiva-se através do ambiente workaholic no qual a sociedade actual se envolveu. A esse fenómeno o teórico cultural Byung Chul Han chamou de “sociedade do cansaço”, no qual a acção constante leva os seus membros à exaustão e até a adoecer. Neste cenário, a diversão fica de lado, e qualquer forma de lazer é vista como perda de tempo útil.
O site mundorh.com refere que os colaboradores ao tentarem maximizar o seu desempenho, acabam diminuindo-o. Nos anos 1970, foi descoberta a “Síndrome de Burnout”, directamente ligada ao trabalho, no qual a pessoa carrega um sentimento de exaustão física e mental, que é considerado parte do quadro depressivo, por excesso de dedicação e investimento profissional. Como ajudar esses colaboradores?
O sociólogo Domenico De Masi criou o termo ócio criativo, designado para falar do equilíbrio entre trabalho e diversão que a mente precisa para poder aproveitar melhor os dois momentos. A ideia por trás é de que o cérebro consegue focar-se melhor quando passou por um período de descanso, aumentando a sua produtividade e criatividade. Um cérebro cansado e atarefado não consegue absorver informações com a mesma facilidade.
E como realizar o ócio produtivo na prática?
O ser humano passa boa parte do dia “fazendo nada”. E se, ao invés de sentir que desperdiçou esse tempo quando poderia estar a fazer algo de “útil”, não se usasse para realizar actividades proveitosas, que vão dar um descanso ao cérebro? Ou seja, em vez de tentar utilizar esse tempo para trabalhar mais, utilizá-lo para descansar a cabeça, fazendo actividades prazerosas, como fazer a sesta, ler, ver televisão, conversar com um amigo, cozinhar etc., para, posteriormente, ser mais produtivo nas obrigações diárias. Mas cuidado! Não se deve encarar o lazer como obrigação, pois dessa forma, ele será absorvido como trabalho e não causará o efeito desejado.
O bem estar do colaborador deve ser um esforço conjunto entre o indivíduo e a empresa. Dessa forma, na prática, o ócio colectivo pode ser um aliado das empresas, que estão interessadas numa maior produtividade e satisfação de seus colaboradores. É como unir o útil ao agradável: dê uma forma de descanso aos colaboradores, e a sua concentração e produtividade será maior. Isso pode ser feito de forma simples: pausas rápidas para água e ar puro, caminhadas curtas para levantar do computador e tomar um café etc. O importante é relaxar.
Muito se fala hoje sobre mudanças organizacionais nas empresas de acordo com as novidades do mercado. Para isso, contratam-se agentes de mudança responsáveis por renovar o que não se encaixa no ambiente empresarial. É importante que esse tipo de colaborador esteja atento à mentalidade do ócio produtivo nas empresas para que todos possam beneficiar desse descanso merecido e enriquecedor, e diminuir a quantidade de patologias relacionados com o trabalho.