Era capaz de usar uma cunha para ajudar um filho a conseguir emprego? Nestes países a esmagadora maioria afirma que sim (e que é justo)

Tal como em Portugal, também no Reino Unido o mercado de trabalho é inegavelmente competitivo, com muitos estudantes a viverem períodos prolongados de desemprego antes de conseguirem o seu primeiro trabalho, de acordo com o Moneyzine.com.

 

Muitas oportunidades surgem não devido ao mérito mas a ligações pessoais que proporcionam progressão na carreira, o que muitos entendem e colaboram, principalmente quando os beneficiados são os filhos.

No Reino Unido, menos de 3 em cada 10 licenciados sentem-se preparados para entrar no mercado de trabalho, o que pode condicionar não só as vagas a que se candidatam como o seu desempenho profissional, segundo um estudo realizado pelo Moneyzine.com.

A pesquisa elaborada permitiu concluir que cerca de 75% dos pais britânicos inquiridos utilizariam os seus contactos pessoais para ajudar os filhos a conseguir um emprego, valor que em 2013 era de 84%, o que demonstra uma tendência decrescente em relação às pessoas que são a favor do uso de cunhas na área profissional.

Ao serem questionados se já tinham ajudado os filhos a conseguir uma oportunidade de trabalho, quase 33% confessou já o ter feito, com 50% a acreditar que é “o seu dever” fazê-lo, no entanto, este número tem vindo a diminuir ao longo dos últimos 10 anos.

Relativamente ao facto de ser benéfico para a sociedade, apenas cerca de 25% da amostra defende esta ideia, com uma em cada cinco pessoas a pensar que é realmente prejudicial para a sociedade.

«Nenhum pai gostaria de ver o filho estagnado, mas também não podemos ignorar as implicações de os jovens à procura de emprego receberem assistência parental enquanto outros não podem», salientou o CEO do Moneyzine.com, Jonathan Merry, ao ressalvar que «o mercado de trabalho britânico já se encontra entre os ambientes mais competitivos a nível mundial, o que cria um campo de jogo ainda mais injusto para muitos».

Que factores influenciam a crença de que é justo usar contactos pessoais para criar oportunidades de trabalho para os filhos?

  • A função para a qual os candidatos concorrem tem impacto na percepção de justiça quanto à ajuda dada, com apenas 38% a considerar razoável ajudar a conseguir uma posição laboral permanente;
  • Comparativamente, 68% interviriam para ajudar os filhos a obter experiência de trabalho;
  • Mais de 33% dos trabalhadores considerou injusto que os progenitores ajudem os filhos a conseguir um emprego permanente, enquanto 18% dos inquiridos partilharam a mesma opinião.

As implicações dos resultados da investigação podem ser colocadas em perspectiva ao considerar que, metade dos jovens de famílias com antecedentes profissionais elevados receberam ajuda parental para conseguir um emprego, enquanto apenas 33% oriundos de meios socioeconómicos mais baixos conseguiram fazê-lo.