Fui alvo de ciberataque. E agora?

Grupo Imprensa, Laboratório Germano de Sousa, Sonae MC, Hospital Garcia da Horta, Eletricidade dos Açores, TAP, Segurança Social – estes são apenas alguns dos nomes sonantes alvos de ciberataques em 2022. Do total de empresas que notificaram violações de dados pessoais no mesmo ano, 80% eram empresas privadas.

Por Victor Hugo, Business developer da Inovflow

 

Ainda que em 2023 os ciberataques estejam a abrandar, com uma diminuição de 38% no primeiro trimestre em termos homólogos, as empresas devem antecipar e estar preparadas para defenderem este tipo de ataques. No primeiro trimestre de 2023, em Portugal, foram registados 470 incidentes de cibersegurança.

Mas e se for atacado, o que fazer? Partilhamos consigo as medidas técnicas, jurídicas e de comunicação que devem ser tomadas:

Medidas técnicas:

  1. Isolamento e avaliação do ataque: em primeira instância deve-se isolar todos os sistemas afectados, evitando qualquer comunicação. Logo de seguida, avaliar se a extensão do ataque foi maior do que o visível para seguir com o mesmo isolamento.
  2. Notificar as autoridades: deve informar de imediato a Polícia Judiciária e o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS).
  3. Remover o malware e restaurar os sistemas: com recurso a profissionais dedicados deve remover qualquer malware que esteja nos sistemas. Se tiver backup dos seus dados, assim que o sistema estiver limpo, deve proceder à recuperação.
  4. Perceber a origem: realize uma análise para descobrir a origem do ataque, de forma a saber quais as vulnerabilidades que foram exploradas para abrir a porta ao ciberataque – assim, para futuro, tem informações cruciais para fortalecer a cibersegurança da sua empresa e prevenir ataques.
  5. Actualização de passwords: todas as passwords que foram comprometidas devem ser alteradas e garantir a existência da autenticação de dois factores.
  6. Analisar a política de cibersegurança: com uma análise mais profunda, reveja e melhore a política de cibersegurança bem como as ferramentas utilizadas: invista nas soluções que melhor se adequam à protecção dos seus dados e sistemas, garanta formação aos seus colaboradores, etc.

 

Medidas jurídicas:

  1. Registe os detalhes:cdesde a hora e data em que ocorreu, a forma como foi descoberto e as consequências. Deixe tudo registado para comunicar às autoridades e tomar as medidas legais.
  2. Recorra a um advogado especialista em direito digital: é crucial perceber qual o impacto jurídico do ciberataque, conhecer os seus direitos e quais as obrigações legais que tem de cumprir.
  3. Comunicar à Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD): se forem violados dados pessoais, deve comunicar à CNPD dentro do prazo estabelecido, e assim seguir as indicações da Comissão.
  4. Recolha de provas: para a investigação a decorrer e, se for o caso, para o processo legal, deve ter todos os registos de acesso, logs do servidor, ou qualquer outra informação relevante.
  5. Acompanhe as investigações: mantenha contacto com as autoridades responsáveis pela investigação, fornecendo informações adicionais sempre que necessário e colaborando activamente.

 

Comunicação:

  1. Informar os stakeholders: a primeira coisa a fazer nesta fase é informar todos os stakeholders afectados pelo ciberataque, de forma transparente e colaborando o máximo possível para que possam tomar medidas de protecção e defesa.
  2. Comunicado público: dependendo da amplitude do ciberataque e do impacto, poderá ter de comunicar publicamente o mesmo. Se for o caso, comunique de forma a tranquilizar todos os afectados, explique as medidas que serão tomadas para mitigar os impactos e proteger todos os envolvidos.
  3. Esteja disponível: é muito importante estar perto de todos os que foram afectados pelo ciberataque, disponibilizando-se para responder a qualquer questão e preocupação que possa surgir. A empatia é crucial para superar o incidente.

 

Nos dias de hoje, questionar “será que a minha empresa vai ser atacada?” – deixa de fazer sentido. As perguntas certas a fazer são: “Quando?”, “Como?” e “O que fazer?”.

O tecido empresarial português é maioritariamente pequenas e médias empresas, e muitas vezes ouvimos que apenas os grandes são atacados. Mas temos uma notícia para lhe dar: as pequenas empresas são os principais alvos dos cibercriminosos. Porquê? Não só porque tipicamente investem menos em cibersegurança tornando-se alvos mais fáceis, como também porque o impacto para as pequenas empresas pode ser tão grande que leva à falência e, cientes disso, muitas vezes recorrem ao pagamento de recuperação dos dados para evitar o encerramento da empresa – e assim os cibercriminosos conseguem ter sucesso.

O impacto negativo que um ciberataque tem na reputação de uma organização é inevitável. A quebra de confiança por parte dos parceiros de negócio e dos clientes pode trazer perdas enormes, com uma difícil e longa recuperação.

É fundamental preparar as organizações, com estratégias delineadas e ferramentas que permitam uma maior protecção dos dados.

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