Galileu. Inteligência relacional: Fomentar a cooperação e o crescimento das organizações

Num mundo cada vez mais conectado, a Inteligência Relacional tem se destacado como uma competência fundamental e necessária para o sucesso das organizações.

Reflecte a capacidade de estabelecer e manter relacionamentos saudáveis e produtivos, tanto internamente, entre membros de equipa, quanto externamente, com clientes, parceiros e restantes partes interessadas. Nesse contexto, também a empatia e a cultura de permissão ao erro desempenham papéis cruciais.

A empatia é parte integrante da Inteligência Relacional, consiste na capacidade de compreender e se colocar no lugar do outro, reconhecendo e valorizando as suas emoções, perspectivas e necessidades. No contexto organizacional, a empatia permite que líderes e colaboradores compreendam melhor as experiências e expectativas uns dos outros, facilitando a construção de relacionamentos sólidos e de confiança. Ao desenvolver essa habilidade, as organizações são capazes de promover um ambiente mais colaborativo, onde a comunicação é mais efectiva e as soluções são construídas de forma colectiva.

Além disso, a empatia pode também gerar um impacto positivo nos resultados financeiros das organizações. Culturas empáticas tendem a superar a concorrência em termos de crescimento de receita, pois conseguem entender de melhor forma as necessidades dos clientes e, consequentemente, obter a capacidade de endereçar soluções mais personalizadas e ajustadas, além de construirem relacionamentos mais duradouros, o que se traduz em elevados níveis de fidelidade e num maior retorno do investimento.

A cultura de permissão ao erro é outro aspecto essencial para o desenvolvimento da Inteligência Relacional. Num ambiente onde o medo do erro prevalece, os colaboradores tendem a evitar assumir riscos, e a expor-se, limitando a sua criatividade e inovação. Por outro lado, uma cultura de permissão ao erro encoraja os indivíduos a experimentar, aprender com as suas falhas e procurar soluções melhores. Isso cria um clima de confiança e apoio mútuo, onde os erros são vistos como oportunidades de crescimento e aprendizagem, impulsionando a melhoria contínua e a inovação das organizações.

Empresas líderes reconhecem a importância da existência deste tipo de cultura e incentivam a experimentação, encorajam os colaboradores a tentar coisas novas, mesmo que isso signifique algo que vai resultar em erros. Este tipo de organizações, entendem que o “falhar” faz parte da jornada e que é através dessas experiências que a inovação acontece. É reconhecido o exemplo da Google, com a abordagem “fail fast, fail forward” (“errar rápido, errar em frente”), que reflecte exactamente o posicionamento da organização em relação a esta matéria.

Deste modo, é seguro afirmar que para conseguir implementar a Inteligência Relacional de forma eficaz, é importante estabelecer práticas e políticas que promovam a empatia e uma cultura que permita o erro. Os líderes têm um papel fundamental nesse processo, pois devem servir como modelos e promotores desses valores. Ao demonstrar empatia nas suas interacções, praticando a escuta activa, considerando diferentes perspectivas e oferecendo suporte aos restantes membros da equipa, é possível criar um ambiente de respeito e valorização mútua.

Da mesma forma, os líderes devem encorajar a experimentação e a auto-aprendizagem, reconhecendo que os erros são oportunidades de crescimento. Isto pode ser alcançado, por exemplo, através da promoção de discussões abertas acerca de desafios enfrentados, partilha de experiências e a comemoração de sucessos, que por vezes são resultantes de lições aprendidas com os erros.

Embora seja desejável e importante promover a Inteligência Relacional nas organizações, a sua implementação enfrenta alguns desafios, que incluem resistência à mudança, falta de conscientização sobre todo o processo que envolve, e dificuldades na avaliação e medição do progresso. É crucial que as organizações estejam cientes desses desafios e desenvolvam estratégias para superá-los.

A implementação da Inteligência Relacional requer tempo, esforço e um compromisso contínuo das organizações. A empatia e a cultura de permissão ao erro não podem ser apenas conceitos teóricos, mas sim valores e comportamentos incorporados na própria cultura organizacional. Dessa forma, é essencial investir em formação, programas de desenvolvimento e práticas de feedback que promovam a conscientização e a evolução dessas competências.

Resumindo, ao estabelecer relacionamentos saudáveis e promover um ambiente de confiança e aprendizagem, as organizações vão potencialmente obter colaboradores mais satisfeitos que se traduzem em equipas mais colaborativas, produtivas, envolvidas, criativas e resilientes. Investir na Inteligência Relacional e em tudo o que ela aporta é fundamental para enfrentar os desafios do mundo organizacional actual e alcançar resultados e objectivos.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Formação” na edição de Maio (n.º 149) da Human Resources, nas bancas.

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