Gere pessoas? Tenha em atenção estas três tendências (incontornáveis) de Recursos Humanos

Ao longo dos últimos anos, temos tido a oportunidade de observar uma evolução e transformação constante da gestão de Recursos Humanos no actual ecossistema organizacional. As empresas, que querem atingir o sucesso, estão cada vez mais focadas nesta área, na medida em que olham para os Recursos Humanos como o primeiro passo para atingir uma cultura organizacional estável e saudável. Quanto mais fortes somos a nível interno, mais probabilidade temos de o ser fora da nossa “casa”.

 

Por: Maria João Oliveira, Human Capital director

 

No entanto, se olharmos para os últimos dois anos, percebemos que os líderes de RH têm sido testados e colocados à prova mais do que nunca. Com a mudança abrupta para o remote work, o aumento da instabilidade económica e das convulsões geopolíticas, os líderes de Recursos Humanos foram desafiados em inúmeras frentes.

O bem-estar dos trabalhadores, os modelos de trabalho flexíveis, a diversidade, a equidade e a inclusão tornaram-se, assim, nas principais prioridades das equipas de RH. Se antes o teletrabalho era uma realidade ainda não massificada nas rotinas das organizações, agora é uma realidade transversal a todos os colaboradores, de presente e futuro. Neste novo ano, a importância das iniciativas de integração dos colaboradores passou a ganhar ainda maior destaque, assim como a preocupação em apoiar o seu bem-estar, tanto a nível físico como mental.

Neste sentido, identifico três tendências de Recursos Humanos que vão impactar os negócios em 2023:

1. Employee Experience
As expectativas dos colaboradores foram abruptamente alteradas desde a pandemia COVID-19 e as equipas de RH estão a perceber o seu impacto na qualidade e quantidade de atração e retenção de talentos nos diversos setores da sociedade. Cada passo, desde a primeira impressão de um candidato, passando pela contratação e integração, o seu percurso profissional e desenvolvimento, até à decisão de deixar a empresa, são experiências críticas.

Um inquérito do Gartner aos líderes de Recursos Humanos concluiu que 47% afirmam a experiência dos colaboradores como uma prioridade máxima para 2023.

Hoje em dia, mais do que nunca, os talentos procuram organizações focadas em:

· Colocar os colaboradores em primeiro lugar – A experiência dos colaboradores deve ser personalizada de acordo com as suas circunstâncias pessoais e profissionais;

· Flexibilidade – Horários e benefícios flexíveis que se ajustem aos estilos de vida dos colaboradores;

· Objectivo partilhado – Os talentos estão cada vez mais à procura de organizações que se alinhem com a sua ética, valores e políticas;

· Bem-estar geral – Os talentos procuram empresas que adoptem uma abordagem holística da saúde mental, física e emocional.

 

2. O metaverso nos RH
Segundo um estudo do Gartner, até 2026, 25% das pessoas vão passar pelo menos uma hora por dia no metaverso. Isto significa que as organizações líderes neste espaço irão utilizar 2023 como ponto de partida para algumas atividades focadas em talentos, nomeadamente eventos/formações virtuais, feiras de emprego e reuniões.

Existe também a possibilidade de se utilizar o metaverso na aprendizagem e formação no local de trabalho. O meta está a investir 150 milhões de euros na criação de um ecossistema de aprendizagem imersivo que tornará a aprendizagem mais acessível através do digital. As poucas organizações que começaram a aproveitar o potencial do metaverso terão uma marca mais moderna, interações mais envolventes com talentos, e podem mesmo impulsionar a produtividade da organização.

O RH desempenha um papel crucial em ajudar a organização a descobrir a melhor forma de utilizar a tecnologia. Desta forma, será necessário desenvolver novas políticas de trabalho híbridas para assegurar práticas de trabalho metaverso saudáveis e ensinar os líderes a liderar neste novo ambiente. Por outro lado, também proporciona aos RH uma oportunidade única de redefinir o espaço de trabalho (virtual) para além do tradicional ambiente de escritório. A disposição de um espaço influencia a forma como as pessoas o utilizam.

 

3. A ascensão do algoritmo nos RH
De acordo com a IDC, 80% de 2000 empresas de todo o mundo irão utilizar gestores de algoritmos para contratar, despedir e formar trabalhadores até 2024. Além disso, 40% das funções de RH nas empresas internacionais incorporaram aplicações de Inteligência Artificial, que ajudam a aumentar o número de candidatos, permitem contratações mais rápidas, e melhoram o envolvimento e retenção.

Isto traz desafios adicionais relacionados com equidade, comunicação e inclusão. Assim, é fundamental que os Recursos Humanos tenham sempre a posse da gestão algorítmica, assegurando um processo justo, transparente e eficiente.

Os gestores de algoritmos serão capazes de processar grandes quantidades de dados, comunicar claramente, e ajudar tanto os RH como os gestores a tomar decisões devidamente informadas. Além disso, poderão acrescentar um nível de transparência e justiça processual que é mais difícil de proporcionar aos humanos. Estes algoritmos serão capazes de complementar o gestor e agir como uma caixa de ressonância. Terão acesso a muito mais informação do que os gestores têm neste momento, fornecendo contributos para decisões complexas.

Os profissionais de RH serão fundamentais para assegurar que a tecnologia de RH complementa a diversidade e a inclusão no futuro.

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