Humanizar, a verdade de La Palice em Gestão de Pessoas

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

O guerreiro francês Jacques de Chabannes, senhor de La Palice, nada fez para granjear a fama secular e negativa que perdura até hoje. Na verdade, tudo não passou de um erro de interpretação do poema de homenagem, dos seus soldados, à sua morte na batalha de Pavia. A verdade é que se popularizou a verdade de La Palice, ou uma lapaliçada, como uma evidência tão grande, quanto até ridícula em muitos casos.
Não contrariemos a expressão tão popularizada, mas fiquemo-nos tão só pelo óbvio de uma enorme evidência: a adoção de uma liderança humanizada, empática, de proximidade às Pessoas, contribui fortemente para que as Pessoas conquistem melhores resultados nas Organizações. É, pois, possível aumentar-se a produtividade, formar equipas de melhor desempenho, captar e reter talento, se a Gestão de Pessoas se posicionar de uma forma humanizada. Não se pretende antagonizar todo e qualquer desenvolvimento tecnológico, pretende-se acima de tudo não descurar uma abordagem que para além de tudo tem, também, um grande reforço ao nível da própria Cultura Organizacional.
Esta é, e tem de continuar a ser, uma das fortes tendências da Gestão de Pessoas. Insatisfação com a Liderança, falta de alinhamento com os Valores  organizacionais, clima interno pouco saudável e falta de esforços para assegurar a qualidade de vida das Pessoas, conduz necessariamente a falta de comprometimento organizacional e de um rendimento muito baixo em termos de resultados. Mas existem outras evidências muito claras e que se perfilam como tendências emergentes, quiçá recorrentes, em Gestão de Pessoas: uma significativa cultura de aprendizagem contínua e de desenvolvimento individual constante.
Há sempre um conceito de ganha-ganha associado: conquistam-se objetivos de negócio, se se incentivar o cresimento profissional das Pessoas. Há que manter as equipas produtivas, competitivas e motivadas. Estamos a falar de qualificação e requalificação de profissionais. São cada vez mais necessárias bases sólidas de competências, técnicas, tecnológicas e multifuncionais. Assentes em experiências interativas e imersivas. Plataformas para eventos virtuais e formação, com simulações acopladas e muitos outros métodos estão na ordem do dia.
Do que se sabe, e mais uma paliçada, é que o mercado de trabalho está numa rápida transformação. Exigem-se novas estratégias e respostas para se gerir talento, para se melhorar a cultura organizacional. Não tão só porque está na moda, mas porque a diferenciação competitiva é de significativa dimensão. Mas também porque as relações de trabalho se têm vindo a alterar: se por um lado há os desafios do mais digital, não é menos impactante a necessidade de ambientes corporativos mais saudáveis.
Sabe-se que os conceitos de globalização do mercado de trabalho, os designados nómadas digitais, têm vindo a condicionar as estratégias e políticas de Gestão de Pessoas, colocando-se na respetiva agenda os conceitos e… ações de flexibilidade laboral. A verdade, contudo, é encontrar o verdadeiro ponto de equilíbrio e, esse sim, independentemente do modelo, é, sem dúvida, uma Gestão Humanizada!